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Romaria da Terra ecumênica em Rondônia. |
Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho
Matéria 422 - Edição de Domingo – 01/06/2014
Cultura do encontro e unidade dos cristãos!
Iniciamos o mês de junho com a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (1-8/06), cujo tema é “Acaso Cristo está dividido?” (1Cor 1,1-17). Esta semana prepara a festa de Pentecostes que encerra o tempo pascal e celebra o Espírito de Deus que se caracteriza pela abertura universal. A unidade é dom de Deus e nós cremos que a oração é sempre de alguma forma ouvida. Orar juntos é sempre bom e fecundo.
Oportuno lembrar as palavras do papa Francisco por ocasião da celebração ecumênica do 50º aniversário do encontro em Jerusalém entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras (25/05/2014): À distância de 50 anos do abraço daqueles dois veneráveis Padres, reconhecemos com gratidão e renovada admiração como foi possível, por impulso do Espírito Santo, realizar passos verdadeiramente importantes rumo à unidade. Estamos cientes de que ainda falta percorrer mais estrada para alcançar aquela plenitude da comunhão que se possa exprimir também na partilha da mesma Mesa eucarística, que ardentemente desejamos; mas as divergências não devem assustar-nos e paralisar o nosso caminho. Cada vez que pedimos perdão uns aos outros pelos pecados cometidos contra outros cristãos e cada vez que temos a coragem de dar e receber este perdão, fazemos experiência da ressurreição!
Celebramos hoje a Solenidade da Ascenção do Senhor que antecede o Domingo de Pentecostes. Celebramos também o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Em sua Mensagem para este dia: “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro” o papa reafirma que os meios de comunicação podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna.
Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito.
A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os meios de comunicação social podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes.
No entanto, o desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais perto de nós. Sem esquecer que a pessoa que, pelas mais diversas razões, não tem acesso aos meios de comunicação social corre o risco de ser excluído. Temos necessidade também de ser pacientes, se quisermos compreender aqueles que são diferentes de nós: uma pessoa se expressa plenamente a si mesma quando sabe que é verdadeiramente acolhida.
Não basta circular pelas estradas digitais, isto é, simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos viver sozinhos, fechados em nós mesmos. O próprio mundo dos meios de comunicação não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas. É por isso mesmo que o testemunho cristão pode, graças à rede, alcançar as periferias existenciais.
Abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos.
O papa conclui sua mensagem interpelando os comunicadores cristãos: somos chamados a testemunhar uma Igreja que seja casa de todos. Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja assim? A comunicação concorre para dar forma à vocação missionária de toda a Igreja, e as redes sociais são, hoje, um dos lugares onde viver esta vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo. Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital. É importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao encontro com Cristo: uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos. (continua)