Camponeses de Rondônia alertam contra ensino a distância
Movimentos e organizações do campo entraram novamente em alerta após conhecer comunicado da Coordenadoria Regional da SEDUC de Ouro Preto para as escolas estaduais encaminhando "a implantação de um projeto piloto de EAD para o Ensino Médio
nas escolas da Seduc". O projeto de ensino a distância (por TV) seria realizado com ajuda de um convênio de assistência técnica o Ifro, Instituto Federal de Rondônia.
Proposta de Ensino a Distância, conhecido como EAD, que pretende ser implantado pela Secretaria de Educação do Governo de Rondônia (SEDUC), tem deixado em alerta ao movimentos sociais e organizações do campo de Rondônia, que recolheram centenas de assinaturas de pais se opondo ao projeto.
O comunicado solicita informações de cada Escola sobre: Quantas turmas de primeiro ano do ensino médio esta
Escola terá em 2015, quantos estudantes estarão cursando o primeiro ano
do ensino médio em 2015; quantas salas desta escolas são
climatizadas; quantas salas desta escolas possuem TV e/ou
projetor com som; se a escola tem carência de professores do primeiro
ano do Ensino Médio, de quantos e de quais disciplinas, e também sobre o desempenho dos estudantes do primeiro ano do
ensino médio desta escolas no Saero e no
Ideb.
Mobilização de mulheres da Via Campesina em Março de 2014 na SEDUC de Vilhena. Foto V. Campesina |
Para a agente da CPT RO, Liliane Liliana W. A, mesmo que o nome seja Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica, essa tecnologia, para as organizações sociais do campo, representam na verdade um retrocesso no processo de aprendizagem. A população camponesa já criou, gestou e manteve durante anos experiências exitosas de escolas camponesas, provando que um modelo de ensino voltado para o campo é possível e viável. Um desses o modelo conhecido como EFAs que continua abandonado, ao descaso dos governos, que escolhem retroagir e oferecer o que de pior teria para a educação. Mediação Tecnológica em lugares onde a tecnologia terá sérios problemas de acesso e manutenção.
A aplicação do EAD (Ensino a Distânica) em Rondônia mereceu uma nota de repúdio em reunião no dia 24 de julho de 2013, de representantes de diversas entidades ligadas movimentos sociais (entre elas a CPT RO), professores, sindicatos e órgãos do poder público, que estiveram reunidos em Ji-Paraná, para discutir a situação da educação do campo no estado de Rondônia.
Reunião repudiou projeto de EAD em Rondônia. foto Renata Silva |
Segundo Renata Silva, a educação do campo em Rondônia passa por diversos desafios tendo em vista que as escolas multi-seriadas e escolas pólos, criadas nos anos 90, estão sendo fechadas e os alunos precisam ser deslocados para as cidades mais próximas, percorrendo longos trechos em ônibus que muitas vezes não oferecem as mínimas condições de segurança e fazem com que crianças e jovens fiquem expostos na beira das estradas. “Precisamos de uma escola que resgate a auto-estima camponesa seus valores e saberes. Só assim conseguiremos manter as famílias produzindo no campo e garantindo a soberania alimentar do país”, ressaltou Matilde Oliveira Araújo, da equipe regional de coordenação do MST.
Manifestantes do MP no Vale do Anari. foto cpt ro |
Os problemas da Educação no Campo já tem provocado mobilizações na SEDUC, como a acontecida em março de 2104 em Vilhena, protagonizada pelas mulheres da Via Campesina. Outra mobilização organizada pelo MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) no Vale do Anari, reivindicando o dia 02/11/2013 melhoras nas áreas da saúde, educação e agricultura, como o plano de desativar todas as escolas polo da área rural, com intervenção da justiça impedindo o fechamento de duas escolas.
Em 14 de outubro a mobilização do MPA aconteceu na Prefeitura de Jaru, onde os agricultores reivindicaram uma extensa pauta, dentre elas maiores investimentos na educação rural. Os lideres do MPA relacionaram oito municípios que segundo eles estão ineficientes neste setor, Ouro Preto do Oeste, Teixeiropolis, Vale do Paraiso, Machadinho do Oeste, Vale do Anari, Mirante da Serra, Nova União e Jaru. Os protestantes reivindicam melhorias no transporte escolar e nas escolas, pois segundo eles as condições destes serviços desestimulam seus filhos a estudar.
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