MAIS ATAQUES AS ESCOLAS NO CAMPO EM CACOAL.
Poderia aqui estar falando
de diversas coisas, como o ataque de bandidos que furtam e depredam alguma
escola. Mas não! Falo de governos que roubam descaradamente e negam o direito a
uma educação do campo e no campo para jovens e crianças.
Falo aqui do uso de
argumentos meramente economissistas e que atentam contra a permanência das
escolas rurais, desrespeitam o direito garantido na Constituição Federal que
coloca a Educação como dever do Estado e direito de todos, desrespeita
resoluções e pareceres do Conselho Nacional de Educação, e a própria LDB.
O fechamento de escolas no
campo deveria ser crime quando a LDB define que para o atendimento da população
do campo, adaptações as peculiaridades da vida rural de cada região, com
orientações referentes a conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
reais necessecidades e interesses dos estudantes da zona rural; organização
escolar própria, incluindo adequações do calendário escolar às fases do ciclo
agrícola e às condições climáticas; e adquações à natureza de trabalho na Zona
Rural. Mesmo frente a essas definições que para nós representam as diversas
possibilidades de adequação do ensino no campo para atendimento das reais
necessidades das comunidades camponesas, vem a interpretação de que em nome de
ter alunos nas escolas e diploma em mãos, vale retroceder.
Mesmo que o nome seja Ensino
Médio Presencial com Mediação Tecnológica, essa tecnologia, para as
organizações sociais do campo, representam na verdade um retrocesso no processo
de aprendizagem. A população camponesa já criou, gestou e manteve durante anos
experiências exitosas de escolas camponesas, provando que um modelo de ensino
voltado para o campo é possível e viável. Um desses o modelo conhecido como EFAs
que continua abandonado, ao descaso dos governos, que escolhem retroagir e
oferecer o que de pior teria para a educação. Mediação Tecnológica em lugares
onde a tecnologia terá sérios problemas de acesso e manutenção.
Professores também são pegos
de surpresa, pais e alunos desconhecem o projeto. Que adequação a realidade é
essa, que as pessoas que fazem parte dessa realidade não propusseram, não
discutiram, não participaram? Mais um projeto que dizem ser bom e querem
empurrar de guela abaixo!
Os jovens estudantes,
principais interessados no projeto de educação para o campo, também não
participaram de sua formulação, e agora ficam sujeitos as ilusões tecnológicas
plantadas por quem muito lucrará com elas. Já para o povo resta a precarização
da precária educação oferecida no campo.
Cabe ao povo dizer não!
Movimentos sociais do campo, com ampla base e representatividade já se
manifestaram dizendo que não, esse projeto não atende ao projeto de educação do
campo que queremos e precisamos. Os índigenas foram os primeiros a se recusar a
participar de tal projeto.
Resta-nos o direito de
resistência! Resta-nos gritar a esse governo que aqui se faz o que o povo quer
e não o que o governo determina. Resta-nos unir forças: jovens, pais,
professores, e todos que sabem a importância da educação do e no campo, dizer
não! Dizer basta há um projeto intransigente e que desrespeita o modo de vida
camponês.
É hora também de apresentar
as contra-propostas, dizendo o que realmente queremos para a educação do campo,
e certamente não é Ensino Presencial com Mediação Tecnológica. Para dizer não a
esse projeto em todos os municípios corre um abaixo-assinado.
Em Cacoal mais uma onda de
ataques as escolas do campo se iniciam, novamente virão tentar fechar as
escolas que são referência e parte da identidade das populações camponesas.
Agora tentam culpar diretores e o pequeno número de alunos em algumas escolas.
Para não assustar o tubarão quer pegar peixinho por peixinho, começa
intimidando um a um, de diretores a pais, iludem-se aqueles que pensarem que o
fechamento de uma escola não é problema seu!
Existem sim culpados, e
estiveram ocupando cargos políticos no presente e no passado e negligenciando o
ensino, realidade e necessidade camponesa. Não culpem o povo ou funcionários
públicos, se os governos optaram por sermos o país do futebol e do carnaval,
porém não o país da educação.
Uma vez os pais já disseram
não as propostas de fechamento de escolas, mais uma vez é necessário dizer não!
A escola no campo representa um referencial para toda a comunidade local,
significa o ponto de encontro de convergência de interesses e ações.
Não é de se admirar que
queiram fechar as escolas, existem interesses muito mais escusos e diabólicos,
se pretendem transformar o país em um grande curral para o gado, ou em grandes
campos de plantações de soja, milho e algodão, é natural que queiram esvaziar o
campo, espulsar por falta de alternativa quem produz os alimentos que vão a
mesa. Quando restar o que eles querem, não sei se valerá a pena viver neste que
por enquanto é o único mundo que temos para viver... Nesse caso sigamos
resistindo, lutando... porque a nossa luta é por justiça!
Liliana W. A.
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