Família mariana e a alegria de ser povo

O testemunho dos apóstolos contagiava de tal forma os que aderiam à fé que, na alegria do seguimento a Jesus Cristo, partilhavam com os irmãos os seus bens, de tal modo que não havia necessitados entre eles (At 4,34) e as viúvas eram socorridas (At 6,1). 

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho
Matéria 421 - Edição de Domingo – 25/05/2014

Família mariana e a alegria de ser povo
As famílias estão em romaria. O Santuário Nacional de Aparecida acolhe milhares de famílias em sua 6ª Peregrinação; são mais de 150 mil peregrinos celebrando a vida e a família. A realização do 4º Simpósio Nacional da Família que antecede a peregrinação tem como tema “Família: caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho”.
As famílias de Porto Velho também participam da 6ª Peregrinação ao Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora Aparecida, na Zona Leste de nossa cidade, a partir das 7:30h deste domingo. Este é um momento de nos colocarmos aos pés da Virgem Maria e pedir a ela que continue caminhando com nossas famílias e abrindo os caminhos, diante dos desafios que se apresentam.
É caminhando com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho que nossas famílias se reuniram para o tríduo em preparação à Festa dapadroeira do município de Porto Velho, pedindo seu auxílio e proteção sobre a Igreja e todo povo de Deus. 
O tema “Com Maria, livres para servir” contribuiu para motivar nossos jovens nesta manifestação de fé e em diversas iniciativas em louvor à “Mãe do Senhor, ícone perfeito da fé” (LF 58). O Santo Apóstolo da juventude, São João Bosco, escolheu Nossa Senhora Auxiliadora como padroeira de sua comunidade, por causa das grandes lutas que teve de travar nos anos difíceis da formação da Congregação Salesiana, por ele fundada.
De seus escritos lemos: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos, um dia, no paraíso”. “Sê devoto de Maria Santíssima e serás, certamente, feliz”. “Jamais se ouviu dizer, no mundo, que alguém tenha recorrido, com confiança, a essa mãe Celeste, sem que tenha sido prontamente atendido”. E recomendava a invocação: “Maria, Auxiliadora dos Cristãos, rogai por nós”.
No final do ano passado, o papa Francisco entregou-nos sua 1ªExortação: Evangelii Gaudium, convidando-nos para uma nova etapa evangelizadora (EG 1). Ao reafirmar que a Palavra de Deus convida-nos a reconhecer que somos povo de Deus (1Pd 2,10), pede que alonguemos nosso olhar, a exemplo de Jesus, para que percebamos todo seu povo e o quanto Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado. Toma-nos do meio do povo e envia-nos ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença (EG 268).
E no meio do povo, juntamente com o Espírito Santo, sempre está Maria. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender o espírito da nova evangelização (EG 284).
Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que Se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno. Como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus (EG 286).
À Mãe do Evangelho vivente, pedimos a sua intercessão a fim de que este convite para uma nova etapa da evangelização seja acolhido por toda a comunidade eclesial. Ela é a mulher de fé, que vive e caminha na fé, e a sua excepcional peregrinação da fé representa um ponto de referência constante para a Igreja. Ela deixou-Se conduzir pelo Espírito, através dum itinerário de fé, rumo a uma destinação feita de serviço e fecundidade. Hoje fixamos nela o olhar, para que nos ajude a anunciar a todos a mensagem de salvação e para que os novos discípulos se tornem operosos evangelizadores (EG 287).
Com o tema “Guiados pelo Espírito, livres para servir” estamos nos preparando para a grande festa da Igreja: Pentecostes (8 de junho, Campo da 17ª Brigada). A vigília vai acontecer na quadra da paroquia São Cristóvão no dia 07 de junho, das 17 às 22h. Assim como Maria reunia os discípulos para invocarem o Espírito Santo (At 1,14), queremos com Ela nos prepare para que aconteça mais uma vez a explosão missionária que se deu no Pentecostes (EG 284).
A Palavra de Deus dirigiu-se a Maria, e Ela acolheu-a com todo o seu ser, no seu coração, para que n’Ela tomasse carne e nascesse como luz para os homens. Na sua vida, realizou a peregrinação da fé seguindo o seu Filho. Assim, em Maria, o caminho de fé do Antigo Testamento foi assumido no seguimento de Jesus e deixa-se transformar por Ele, entrando no olhar próprio do Filho de Deus encarnado. Pelo seu vínculo com Jesus, Maria está intimamente associada com aquilo que acreditamos.
Ela se faz presente também no Cenáculo, depois da ressurreição e ascensão de Jesus, para implorar com os Apóstolos o dom do Espírito (At1,14). O movimento de amor entre o Pai e o Filho no Espírito percorreu a nossa história; Cristo atrai-nos a Si para nos poder salvar (Jo 12,32). No centro da fé, encontra-se a confissão de Jesus, Filho de Deus, nascido de mulher, que nos introduz, pelo dom do Espírito Santo, na fi­liação adotiva (Gl 4,4-6, LF 58-59).
Meditando os Atos dos Apóstolos, vemos como o Espírito Santo toca o coração das pessoas, suscita lideranças, prepara as pessoas para acolherem a Palavra de Deus, forma comunidades, guia e fortalece os apóstolos para que possam cumprir a missão que receberam de Jesus Cristo: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).
Recebendo a força do Espírito Santo, os apóstolos dão testemunho da vida de Jesus, da sua morte e ressurreição. Para eles, é uma questão fundamental, pois foi a experiência que marcou a vida deles. É por isso que, em várias ocasiões, escutamos palavras como estas: “De fato, Deus ressuscitou este mesmo Jesus, e disso todos nós somos testemunhas” (At 2,32). Diante das autoridades judaicas, Pedro e João afirmam: “Julgai vós mesmos se é justo, diante de Deus, que obedeçamos antes a vós do que a Deus! Quanto a nós, não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 3,19-20). E, assim, os apóstolos continuam mostrando com sua vida e com sua palavra que a experiência do encontro com Jesus Cristo os anima a viver a missão e, como é fundamental deixar-se guiar pelo Espírito Santo.
Guiados pelo Espírito de Deus, os apóstolos proclamavam a Palavra de Deus anunciando a vida, a morte e a ressurreição de Jesus. Aqueles que acreditavam em Jesus Cristo eram batizados e recebiam a graça do Espírito Santo. Assim, as comunidades foram sendo formadas (At 2,38-41). Quem fazia parte da comunidade era perseverante em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações (cf. At 2,42).
O testemunho dos apóstolos contagiava de tal forma os que aderiam à fé que, na alegria do seguimento a Jesus Cristo, partilhavam com os irmãos os seus bens, de tal modo que não havia necessitados entre eles (At 4,34) e as viúvas eram socorridas (At 6,1). O testemunho era também marcado pela firmeza na fé.
O Espírito Santo nos impulsiona para a Missão como testemunhas de Jesus Cristo Ressuscitado. Antes de sua ascensão, Jesus diz aos apóstolos: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (At 1,8).
Isto de fato aconteceu, pois ao receber a força do Espírito Santo, os apóstolos deram testemunho da vida e missão de Jesus e prepararam as pessoas para receberem os dons do Espírito Santo. Eles não puderam guardar só para si a forte experiência que traziam consigo. É dessa forma que colocam em prática o ser discípulo missionário.
A força do Espírito Santo nos faz ser testemunhas de Jesus Cristo e fecunda de tal forma o testemunho que ele contagia outras pessoas. Então, a pessoa chamada a ser testemunha de Cristo necessita viver em grande humildade, pois é o Espírito quem a ilumina e quem ilumina a vida de quem acolhe o testemunho com a palavra e seu significado. Desse modo, me torno disponível para o serviço na comunidade.
O Espírito Santo é o protagonista da evangelização porque nos antecede em todas as ações que dizem respeito à evangelização abrindo o coração das pessoas e iluminando a vida dos missionários (as) para que estejam conscientes de que não são os donos, nem os mestres da missão, mas servidores.

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