LIDERANÇA DE ACAMPAMENTO SEM TERRA É ASSASSINADA EM RONDÔNIA

LIDERANÇA DE ACAMPAMENTO SEM TERRA É ASSASSINADA EM RONDÔNIA



José Carlos dos Santos, agricultor do Assentamento Antônio Conselheiro, localizado no município de Theobroma - Rondônia, foi assassinado sábado à noite, em uma embosca na sua residência. A morte dele é atribuída  a sua liderança no Acampamento Ipê, de cento e cinquenta (150) famílias, que demandam terra do latifúndio da Fazenda Maruins, situada na região do Distrito de Tabajara, em Machadinho do Oeste. Este é o quinto assassinato de camponeses em conflitos do campo em Rondônia no presente ano de 2023.

Segundo informações divulgadas, ele já havia sofrido ameaças e recentemente tentativa de homicídio. Na noite do sábado, a liderança chegou da igreja e no momento em que foi guardar uma moto foi alvejado, sendo atingido por diversos disparos, conforme relatos. Sua esposa também foi ferida e atingida por um tiro na perna e precisou de atendimento no hospital da cidade, e não corre perigo de vida.

Em março de 2023, foi ordenada pelo juiz de Machadinho - sem atender o acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 828, de 2/11/2022 - o despejo de um primeiro grupo de sem terras que tinham ocupado a fazenda Maruins,  liderados pela Associação dos Chacareiros do Vale do Anari. A reintegração de posse tinha sido solicitada (7000355-39.2023.8.22.0019) em nome dos herdeiros de João Carlos Di Gênio, médico e empresário paulista que fundou e dirigiu o Grupo Objetivo, um dos maiores grupos de educação privada do Brasil.

Segundo fontes dos acampados, a Fazenda Maruins foi subdividida em várias fazendas, ocupando uma área de mais de 10.000 alqueires, das quais o grupo reivindica para Reforma Agrária, com arredor de 3.000 de terra pública, referente a um antigo título sem cumprimento as cláusulas resolutivas, na qual já têm sido solicitado para ser retomado pelo INCRA.

Atualmente o grupo está acampado nas proximidades da fazenda, e já há uma denúncia a uma ação truculenta de supostos agentes policiais no acampamento, conhecido como Acampamento Ipê, que se encontra situado em uma área particular de um alqueire, comprado por estas famílias. Em agosto, algumas pessoas do referido acampamento já relataram estarem sofrendo ameaças de morte de supostos policiais civis e militares, dirigidas também, em geral, a todos os acampados(a).

As famílias relataram na denúncia, que no dia 29 de julho de 2023 "aconteceu quando estávamos indo trabalhar passando pelas picadas laterais dos lotes fomos surpreendidos por tiros, foram vários disparos de armas de fogo em nossa direção". Também relataram que policiais militares e civis no dia quatro de agosto de 2023, as nove horas, adentrataram fardados no acampamento e das moradias sem pedir autorização, portando armamento oficial, sem identificação e mandado judicial ou alguma outra justificativa para tal ação. Numa ação truculenta reviraram tudo, inclusive panelas e comidas, mantendo todos sentados em locais diferentes e em grupos separados.

Atualmente o grupo que não está mais liderado pela Associação dos Chacareiros do Vale do Anari, recebeu outra ordem de reintegração (Processo N.  7003986-88.2023.8.22.0019) e estão procurando ajuda da Defensoria Pública do Estado para recorrer a mesma, assim como a intervenção da Comissão Permanente de Conflitos Fundiários do Tribunal de Justiça de Rondônia.


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