Replantando Esperança, na Comunidade Quilombola do Forte Príncipe da Beira



Nos dias 14 e 15 de novembro de 2024, a Comunidade Quilombola do Forte Príncipe da Beira, localizada em Costa Marques, Rondônia, recebeu um gesto de solidariedade e esperança por meio de uma ação promovida pela Comissão Pastoral da Terra/CPT – Rondônia em parceria com artoculação Agro É Fogo e CESE. O encontro teve como foco a distribuição de mudas para as famílias atingidas pelos incêndios florestais que devastaram parte dos seus quintais produtivos, áreas de floresta com castanhais de onde as famílias retiravam seu sustento.

O momento contou também com diálogo entre os agentes da CPT-RO; Rosiane Inácio Chicuta e Roberto Ossak, sobre as mudanças climáticas e a destruições causadas pelo fogo e os momentos de desespero vivenciados pelas famílias remanescentes com o grande fluxo de fumaça que causou preocupação sobre a saúde dos moradores. Sendo reflexo da ação inconsciente do homem sobre a natureza.

Um Ano de Desafios


O ano de 2024 trouxe grandes desafios para a comunidade quilombola do Forte Príncipe da Beira. Os incêndios florestais, que atingiram diversas áreas da região, afetaram profundamente as famílias locais, destruindo importantes espaços de cultivo e subsistência. Muitos desses espaços eram responsáveis pela produção de alimentos que sustentam as famílias, como frutas, área de extrativismo, roças, essenciais tanto para a alimentação quanto para a economia local. A intensidade das queimadas destruiu até mesmo moradias. Diante dessa situação, a ação da pastoral da CPT – RO em parceria com articulação AGRO é Fogo/Coordenadoria Ecumenica de serviço - CESE, foi um alicerce de apoio, visando não apenas a recuperação ambiental, mas também o fortalecimento da segurança alimentar e o reestabelecimento da vida no campo.


O Trabalho de Reposição dos Quintais Produtivos consistiu na entrega de mudas diversas, voltadas para a reposição das áreas produtivas das famílias. Foram distribuídas mudas de plantas frutíferas, Banana, acerola, citrus, café, sementes de arroz e urucum para a recuperação dos ecossistemas locais e garantir a alimentação das famílias no futuro.


A escolha das mudas seguiu a partir do levantamento feito pela presidente da associação local juntamente com as famílias, respeitando os critérios ambiental e cultural, respeitando as tradições e necessidades da comunidade, além de considerar a importância dessas plantas para a produção sustentável e a preservação do meio ambiente.


O Impacto na Comunidade

A Comissão Pastoral da Terra tem um histórico de apoio às comunidades tradicionais e quilombolas, sendo presença solidária, profética e ecumênica visando promover o empoderamento, a justiça social, o respeito aos direitos territoriais e a recuperação ambiental. Esta ação foi um exemplo de compromisso da CPT com o bem-estar das comunidades que mais sofrem com a degradação ambiental e a perda de recursos naturais.

"Ao entregar essas mudas, nós não estamos apenas ajudando a recuperar os quintais das famílias, mas também fortalecendo o espírito de comunidade e de resistência dos povos remanescentes", afirma Rosiane agente de pastoral da CPT – RO. "O trabalho não é apenas físico, é simbólico. Estamos replantando a esperança em cada semente que será cuidada pelas mãos dessas famílias;”

 Olhando para o Futuro

O impacto desta atividade será sentido a médio e longo prazo. A recuperação dos quintais produtivos é um passo importante para garantir a autonomia das famílias, proporcionando alimentos de qualidade, além de contribuir para a preservação da biodiversidade local. As mudas distribuídas ajudarão não só a fortalecer a segurança alimentar, mas também a regenerar o ambiente, que foi severamente afetado pelos incêndios.

Os moradores da comunidade, por sua vez, demonstraram grande gratidão e compromisso com a continuidade do trabalho iniciado. Com a ajuda das mudas e a orientação dos agentes de pastoral, as famílias estão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro e manter vivas as tradições de cultivo sustentável que são essenciais para a vida quilombola.

A ação foi um exemplo o trabalho em conjunto que podem transformar dificuldades em oportunidades para o renascimento da vida no campo e para o fortalecimento das comunidades tradicionais em sua luta pela terra e pela preservação do meio ambiente.

A CPT-RO, já desenvolve ações de trocas e distribuição de sementes crioulas no inicio das chuvas amazônicas para garantir a produção sustentável de alimentos nas comunidades e aldeias da Região. “Afirma Roberto Ossak agente de pastoral e responsável pelo setor de produção da CPT-RO, que esse ano de 2024, foi mais de 300 famílias atendidas com semente, mudas e ramas crioulas”.

Gesto concreto

O momento também foi marcado por um gesto simbólico de renovação e esperança, com o plantio de algumas mudas de frutíferas, representando o desejo de um novo começo. Cada muda plantada simboliza a promessa de um futuro mais próspero e sustentável, refletindo o compromisso com a recuperação e preservação ambiental. Esse ato, além de ser uma contribuição direta para o meio ambiente, carrega o significado profundo de que, assim como as plantas, a natureza e a vida se renovam, trazendo consigo a esperança de dia melhores.


A atividade realizada comunidade quilombola do Forte Príncipe da Beira não foi apenas uma ação de distribuição de mudas, mas um ato de resistência, união e solidariedade. Mostrou que, apesar das adversidades, a comunidade quilombola está mais forte e resiliente do que nunca. O replantio de árvores e o cuidado com a terra são, acima de tudo, um símbolo de esperança para o futuro e de um compromisso contínuo com a preservação da cultura, da identidade e do meio ambiente.

A luta do povo quilombola do Forte Príncipe da Beira é, sem dúvida, uma demonstração de como a união e o cuidado com a natureza podem gerar frutos duradouros, sustentáveis e repletos de vida.

 



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