12ª Romaria da Terra, das águas e das florestas em Rondônia, no olhar dos povos e comunidades tradicionais
O Ecoar da Esperança nas Comunidades - Reflexões Pós-12ª Romaria da Terra das Águas e das Florestas
A 12ª Romaria da Terra das Águas e das Florestas, que recentemente percorreu os caminhos das comunidades do interior do estado de Rondônia, no município de Costa Marques – berço dos povos e comunidades tradicionais, povos da terra das águas e das florestas, ecoa profundamente nas terras que foram palco deste grande evento de fé e resistência. Mais do que um encontro de fé, a Romaria, trouxe à tona a urgência de questões ambientais, sociais e culturais que atravessam as realidades dessas comunidades, especialmente as mais vulneráveis e marginalizadas.
A 12ª Romaria trouxe a
sensação de que o futuro dessas comunidades está intrinsecamente ligado à
preservação do meio ambiente e à valorização dos saberes e das tradições
ancestrais. As comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas, extrativistas,
seringueiros e camponesas não são apenas guardiãs da natureza, mas também
detentoras de um conhecimento ancestral que precisa ser respeitado e
incorporado nas políticas públicas.
Nos dias que se seguiram à romaria, os ecos dessa jornada reverberaram fortemente nas comunidades. Nas rodas de conversa, o que se ouve é a reafirmação do compromisso com a preservação da natureza e da cultura local. Mais do que um encontro, a romaria é um momento de conscientização sobre a importância da terra, das águas e das florestas, não apenas como espaços de sobrevivência, mas como centros de resistência política e cultural dos povos originários, e comunidades tradicionais.
Para as comunidades
tradicionais que participaram da 12ª Romaria da terra das águas e das
florestas, essa Romaria foi um momento de fortalecimento das lutas locais por
direitos. É cada vez mais claro que as comunidades não estão apenas pedindo por
uma existência digna, mas também pela construção de um futuro sustentável, onde
os direitos humanos e ambientais se cruzem e se entrelacem. Esse é o eco mais
forte que a romaria deixou: um grito que, mesmo após os passos dados, continua
reverberando nas práticas cotidianas e nas mobilizações das comunidades.
Há também a crescente
compreensão de que as dificuldades enfrentadas – seja pelo desmatamento, pela
poluição dos rios, pela exploração desenfreada das terras ou pela violência
contra as populações tradicionais – não são desafios isolados. Elas estão
conectadas a um sistema maior de opressão, que marginaliza os mais pobres e
destrói as riquezas naturais em nome de um desenvolvimento insustentável. A
Romaria, mais uma vez, destacou a necessidade urgente de uma mudança de
paradigma, em que a vida, a natureza e a cultura sejam priorizadas acima dos
interesses econômicos que, muitas vezes, veem essas terras como simples mercadoria.
Porém, não podemos olhar apenas para os problemas. A Romaria também trouxe consigo um espírito de esperança e renovação. Ela demonstrou que, mesmo diante das adversidades, as comunidades seguem unidas e fortes, resistindo à opressão e preservando seus valores. Esse é o verdadeiro legado da Romaria: a conscientização de que cada pessoa, cada comunidade, é parte fundamental na luta pela terra, pelas águas e pelas florestas. E que, como guardiões do mundo natural, é através da união e da valorização da cultura local que será possível transformar a realidade de maneira efetiva. Em um tempo, onde os desafios ambientais e sociais parecem se multiplicar, o que a Romaria nos ensina é que a luta por justiça e sustentabilidade nunca foi e nunca será isolada. Ela é coletiva, comunitária, e se fortalece no compromisso com as futuras gerações. O eco da 12ª Romaria da Terra das Águas e das Florestas nos lembra que, enquanto houver vida nas florestas e nos rios, há sempre uma razão para lutar, para resistir e para celebrar.
Fernanda Com. Quilombola de Santa Fé: “eu senti muita emoção por ter, sou muito grata a Deus por ter participado desse momento, que foi um momento tão lindo, que vai ficar para a história, que o mundo inteiro viu o que aconteceu e eu acredito que foi o momento da gente renovar, renovar a nossa fé, a nossa esperança e nunca desistir de lutar por dias melhores, lutar pela nossa comunidade, lutar pelo nosso próximo, lutar pela nossa família. Foi um momento onde todas as pessoas, as pessoas puderam estar ali junto, as pessoas de todas as cores, de todas as nossas raças e a gente vê que é um momento que todos nós somos iguais. Para Deus, nós somos iguais e não há diferença, mas infelizmente muitas pessoas não pensam dessa forma. Mas eu sou muito grata a Deus por ter participado em nome da minha comunidade aqui, podendo sempre estar representando minha comunidade em cada lugar que eu tenho oportunidade, e eu procuro estar indo participar e saí de lá dessa romaria muito, muito, muito fortalecida de querer o bem para minha comunidade, não só pela minha comunidade, mas por todas aquelas outras pessoas que precisam também, igual nós”.
Aldeia Aperoi -
Hozana Purubá: “foi um encontro muito maravilhoso. Nós
povos tradicionais, tivemos a nossa oportunidade de se expressar e de dizer o
que nós queremos, salvar o planeta, é muito importante isso, onde muitas
pessoas não pensam assim como nós, e eu achei assim, muito importante esse
encontro, que foi incluído todos. A gente tem de agradecer pela oportunidade
que tivemos, né? Eu só tenho que agradecer a todos por esse encontro na cidade
de Costa Marques, né? O grito pela terra, o grito pela água, né? Assim, muito
bonito. E é eu que nós, povos indígenas, nós tem essa visão, tem esse pensar,
porque se dependesse de nós, ninguém sofria, não é? Nesse mundo. Porque todos
tinham o que comer e o que beber, porque enquanto a Mãe Natureza tá na mão dos
povos indígenas, ela é bem cuidada, né? Ninguém destrói, ninguém joga veneno. E
sim, a gente cuida da mãe, porque é dali que nós tiramos o nosso sustento. É
dali que nós tiramos os nossos remédios, a nossa medicina tradicional, toda
dentro da nossa mãe natureza. E por isso eu achei esse encontro muito
importante, muito importante mesmo. Porque ali se juntou todo mundo em uma voz
só, pedindo o nosso socorro pela nossa mãe natureza, né? Que tá se acabando em
fogo, em fumaça e todo mundo pedindo, né? Clamando pela uma voz só, vamos
salvar o nosso planeta, vamos salvar a nossa mãe natureza, vamos salvar a nossa
mãe água, né? nós povos indígenas
gritamos demarcação já! demarcação já! território livre” povo sem fome”
território livre! povo sem fome!”
Marilza – Com. De
Santa Fé: “ Para mim a Romaria ecoou de uma forma
esplêndida, ecoou como uma forma de avanço, não só cultural, mas de uma forma espiritual.
Foi um evento que aconteceu aqui conosco, que trouxe para nós aqui mais
esperança, fé e um resgate também de cultura. A chegada pelo rio Guaporé, no
porto de Costa Marques, para nós foi de uma importância suprema, enquanto
comunidade, para nós, povos ribeirinhos,
povos quilombolas, extrativistas, foi um
chamamento muito grande, de uma forma que eu acredito propriamente falando que
foi para mais humanizar, foi uma forma religiosa e também um evento para
unificar as pessoas, para trazer mais para perto de si, a religiosidade. A
Romaria trouxe para nós aqui um avanço de união, de esperança, de fé, porque
nós sabemos que: Aqui nós passamos um período muito difícil de seca e esse
evento religioso que veio através das águas, que foi aqui no Porto, nós
entendemos de uma forma religiosa para pedir também a Deus. A chuva, né? Que o Divino Espírito Santo, continue nos
abençoando, nos trazendo esse resgate de cultura, essa força, essa alegria que
foi esse evento tão grande e tão significativo aqui para nós, enquanto
comunidade, enquanto povos das águas, das florestas. E nós só temos a
agradecer, né? Que a CPT continue sendo nossos parceiros aqui na comunidade,
nós temos muito que agradecer. E vocês fazem uma diferença muito grande
conosco, têm nos dando muita força em vários eventos, vários pequenos projetos,
têm nos orientado sobre a terra, o amor pela terra, o amor pela agroecologia, o
amor de forma em geral pela natureza. E nós só temos a agradecer a CPT, né? A
Rosiane, o Roberto e tantos outros componentes que têm nos ajudado. Então, nós
só temos a agradecer também. Muito obrigada.
Mafalda
Olá, Rosiane, muito bom dia. Aqui é a Mafalda. Então, Rosiane, para mim, o que mais me chamou atenção, primeiro lugar foi a celebração da missa, quando o Bispo falou sobre o mandamento de Deus, da palavra de Deus, falando da casa comum. Para mim, isso foi uma das coisas muito importantes. Mas também, para mim, muito importante também a união do povo, das pessoas que vieram de outros estados, todos falando uma língua só. Então, para mim, isso foi muito importante. Muito importante.
Mas também ao mesmo tempo
das apresentações, né, das comunidades, né, das pessoas que fizeram a
apresentação. Também pra mim me chamou muita atenção.
Vera Resex Rio
Ouro Preto: “ para mim foi incrível, porque eu nunca
tinha participado da Romaria da Terra, essa é a primeira vez, mas eu gostei bastante
e uma das coisas que me chamou muita atenção foi a apresentação da juventude, o
clamor deles, cada um tinha um clamor para fazer, aquilo me chamou muita
atenção e eu fiquei assim, eu me emocionei com o clamor daqueles jovens, a
oração que eles fizeram lá no pé da cruz, intercedendo pela humanidade,
pedindo. Moradia, pedindo segurança, justiça, né? Tudo isso, ô Rose, me chamou
a atenção. Eu gostei bastante.
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos suas opiniões e informações.