CARTA DA 18ª ASSEMBLEIA REGIONAL DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA REGIONAL RONDÔNIA – CPT RO
Irmanados
pela força da terra conquistada em luta, neste chão de reforma agrária, nos
reunimos para celebrar nossos 40 anos de presença missionária e profética neste
chão de Rondônia no Assentamento Padre Ezequiel Ramin, no município de Mirante
da Serra, entre os dias 12 e 14 de abril de 2024.
Animados
pelas trajetórias de lutas, conquistas, dores e alegrias, rememorando nossos
companheiros e companheiras que fizeram sua Páscoa, deixando o exemplo de luta,
reafirmamos o nosso comprometimento com a causa dos camponeses, camponesas, comunidades
tradicionais e Povos Indígenas em defesa da terra e do território neste chão
amazônico.
Denunciamos
a perversidade da ganância do capital, sob a embalagem do agronegócio, que por
meio da violência física, psicológica, inclusive amparado pelas forças da
repressão militar e segurança pública, de forma sistemática, expropria
territórios e privatiza a terra, a água e nossas florestas, expulsando famílias
de extrativistas, indígenas, quilombolas e posseiros que aqui estão há muitos
anos.
Denunciamos
com veemência a atuação do Estado, sobretudo em âmbito federal e estadual,
omisso no papel de executor de políticas públicas, violento e repressor na sua
função de justiça, irresponsável em concretizar direitos assegurados, cúmplice
na função de remover ou alterar direitos dos povos, das águas e das florestas
e, por isso legitimador da violência, da grilagem, do desmatamento, do
envenenamento das águas, das florestas e dos seus povos. Neste sentido,
denunciamos também a impunidade com as mortes no campo, as ameaças e ataques
aos povos como formas de perpetuação da violência contra os corpos tombados na
luta.
Denunciamos
a AMACRO, a forma de avanço do agronegócio, em pleno curso, como uma economia
de morte e destruição da terra, das águas e do ar, e que, envenena nossa terra,
nossas águas e nosso ar com o uso de agrotóxicos, com a grilagem de terras
públicas, invasão de Terras Indígenas e de Áreas protegidas, tudo isso com a
tutela perversa do Estado brasileiro, através de suas instituições.
Repudiamos
toda e qualquer tentativa de mercantilização e privatização das nossas
florestas e nossos rios.
Repudiamos
as ações de grupos milicianos intitulados “Invasão Zero”, com amplo apoio de
parlamentares, que visam levar o terror e a morte nas ocupações rurais.
Repudiamos
a aprovação de leis que visam criminalizar a luta pela terra e retiram direitos
das populações do campo, da floresta e das águas.
Da
mesma forma, reivindicamos a urgente necessidade de garantir a demarcação,
justa e correta, dos territórios tradicionais quilombolas, indígenas e
camponeses que lutam por um pedaço de chão.
Renovamos nossa fé e esperança ao Deus dos
pobres, a terra de Deus e aos pobres da terra, e por isso, desde o chão da
Amazônia, atendemos à convocação feita a partir da memória subversiva do
evangelho, da luta dos povos e do grito da floresta e das águas.
Mirante
da Serra/RO. 14 de abril de 2024.
COMISSÃO
PASTORAL DA TERRA RONDÔNIA.
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