Escuta Sinodal
Entre
os dias 18 e 20 de julho de 2022 ocorreu o encontro da Escuta Sinodal,
Reflexões e Perspectivas de Ações em Defesa da Amazônia na cidade de
Porto Velho. Estiveram presentes lideranças indígenas e camponesas, assim como
os parceiros, como CIMI, CPT-RO e MPA.
O
encontro contou com a presença do Prof. Dr. Afonso Maria das Chagas (Docente da
Universidade Federal de Rondônia) e de Cleber César Buzatto (secretário
executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que realizaram uma análise
de conjuntura da sociedade e política brasileira, assim como destacaram as
consequências dessa conjuntura para os povos e comunidades da Amazônia.
CARTA
AOS POVOS DA FLORESTA, DO CAMPO, DA CIDADE, DAS ÁGUAS E MOVIMENTOS SOCIAIS
Nós,
povos defensores da vida, da terra, das águas e das florestas, reunidos no encontro da Escuta Sinodal, Reflexões e Perspectivas
de Ações em Defesa da Amazônia, realizada entre os dias 18, 19 e 20
de julho de 2022, no Centro Arquidiocesano de Formação – CAP, no Km 13 da BR
364, cidade de Porto Velho-RO. Compartilhamos nossa reflexão sobre a atual conjuntura
de política pública de cunho genocida, ecocida, etnocida e de perseguição e
criminalização dos movimentos e organizações sociais, assim como de lideranças
indígenas, do campo e defensores de direitos humanos, sociais e ambientais.
Tais
políticas promovem o retrocesso e a violação dos Direitos Humanos, Sociais,
Culturais e Territoriais dos povos indígenas, das comunidades tradicionais, dos
camponeses e camponesas e povos quilombolas. Ressaltamos que as promessas do
atual governo proferidas em campanha, no ano de 2018, foram cumpridas, como por
exemplo a de “não demarca mais nenhum centímetro de terras indígenas”,
permitindo e incentivando as invasões de garimpeiros, grileiros, latifundiários
e madeireiros em todos os Territórios Indígenas e Unidades de Conservação. A
partir da sua agenda o governo vem intensificando o enfraquecimento, sucateamento
e esvaziamento dos órgãos de proteção e fiscalização como: Funai, Ibama, ICMBio
e Polícia Federal.
O
atual governo desmontou Políticas Sociais e Leis de Proteção socioambiental.
Seguindo a sua agenda nefasta e negacionista pautada na política neoliberal de
projetos capitalistas abastada de medidas de austeridades vinculadas a economia
da destruição, exploração, desigualdade social, pobreza, expulsão dos
territórios e desapropriação de assentamentos rurais dos pequenos
trabalhadores.
Esta
estrutura de governança tem reflexo na violência do campo e da cidade. Fica
evidente que as estruturas das instituições públicas cumprem com a legalização
da ilegalidade, como por exemplo: legalização de garimpos, arrendamentos, e
roubo de madeiras em Terras Indígenas.
Faz-se
necessário destacar algumas das ações que este atual governo tem se empenhado
em realizar contra a população brasileira.
- A legalização e a intensificação do uso de
Agrotóxicos Cancerígenos, que são proibidos na Europa, no Brasil tem levado
cada vez mais veneno à mesa do povo brasileiro;
- A legalização das grilagens em Unidades de Conservação;
- Ameaças
aos territórios e a integridade física dos povos indígenas e dos indígenas não
contatados com o avanço da fronteira agrícola vinculada a expansão do
agronegócio;
- A proposta e corrida do governo para a construção
de Usinas Hidrelétricas, como no caso UHE de Tabajara, no Rio Machado, e a de UHE
de Cachoeira Ribeirão no trecho binacional (Bolívia e Brasil) do Rio Madeira,
além das PCHs;
- E por fim a cooptação de lideranças.
Precisamos
Unificar, Confiar e ter Esperanças em nossas lutas para derrotar a atual
política de governo neoliberal que por quatro anos se propôs a retroceder e
violar nossos direitos sem promover as consultas Livre e Prévia da população.
Precisamos
formar uma base forte para recuperar nossos direitos, nossos programas sociais
e construir um novo projeto e um novo governo, sendo este coletivo e que venha
atender a todos, todas e todes que formam os Povos desta Pátria Amada - Brasil.
Para
isso, é urgente a organização e a mobilização das comunidades, de lideranças, movimentos
e organizações sociais na articulação para esta Eleição-2022, para que possamos
eleger um Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais
que defendam os interesses coletivos dos povos e comunidades de todo território
brasileiro.
Movidos
pela esperança e bem viver para todos e todas, defendemos a Democracia, a vida
dos povos e da terra, na resistência milenar dos pobres, que se une na grande
ciranda para combater os projetos de morte, anunciando a vida plena para todos
os povos da terra.
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