CPT-RO EM AÇÃO: OFICINA DE MULTIPLICADORES DE PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS

Foto: CPT-RO - Comunidade quilombola de Santa Fé

Nos dias 15 e 16 de julho de 2022, a Comissão Pastoral da Terra Rondônia realizou na Comunidade Quilombola de Santa Fé, no município de Costa Marques, uma Oficina de Multiplicadores de Práticas Agroecológicas, com ênfase nos conhecimentos tradicionais utilizados na comunidade.

A partir da valorização das técnicas utilizadas pela comunidade na produção de alimentos saudáveis, que faz parte do resgate de Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs) de produção dinâmicos, nos quais elementos culturais, ecológicos, históricos e socioeconômicos interagem, no tempo e no espaço, utilizando-se dos movimentos e fases da lua para realização dos trabalhos agrícolas.
       Esse funcionamento sistêmico, em geral, objetiva a garantia dos meios de subsistência econômica, a segurança alimentar e nutricional, assim como a permanência das famílias camponesas, em especial de povos e comunidades tradicionais em seus territórios.
Com o avanço do agronegócio na região do Vale do Guaporé, vinculado a monocultura de soja, milho e arroz, que vem sendo produzidos por latifundiários que estão retirando os pequenos agricultores/camponeses do campo, a partir do arrendamento de suas terras, ou compra forçada por conta da utilização de agrotóxicos. Isso afeta essas famílias por não conseguirem produzir com a alta dos insumos agrícolas e fatores ambientais ocasionados pelo desmatamento e falta de uma assistência técnica voltada à agroecologia. Esses fatores e vetores expostos resultam no contínuo processo de êxodo rural, em que os camponeses abandonam o campo e migram para outros Estados, principalmente da região norte, em busca de novas áreas rurais ou para as periferias urbanas.
      Mediante a esses fatores a Comissão Pastoral da Terra, vem desenvolvendo um trabalho voltado a produção de alimentos livres de agrotóxicos que valoriza os conhecimentos tradicionais e permite que os camponeses e camponesas permaneçam no campo, em seus territórios.
      Na comunidade Quilombola de Santa Fé, os trabalhos teóricos e práticos desenvolvidos a partir da oficina resultaram na construção de um modelo de horta denominado de mandala, oficinas de compostagem, composto laminar, técnicas de construção de canteiros e adubação correta do solo, a partir de compostos de nutrientes encontrados na própria comunidade.
     A horta mandala é um método de produção que se expande em círculos concêntricos com cultivos de diversas plantas, sendo hortaliças ou medicinais e até mesmo pequenos animais. Proporciona alimentos para familia do camponês/agricultor além de gerar excedentes para comercialização. A horta mandala por ser circular e ao centro pode ser construído um reservatório de água ou galinheiro. A experiência desenvolvida com a comunidade quilombola de Santa Fé, foi realizado um reservatório de água, e em volta dela construído canteiros circulares segundo esse formato: 

Foto: CPT-RO / construção da horta na comunidade

O modelo foi criado baseando-se no sistema solar, em que o centro tem-se a fonte de água, representando o sol e os canteiros em volta representam os planetas. Em alguns reservatórios de água pode-se criar peixes para enriquecer organicamente as hortícolas durante a irrigação e também na alimentação familiar. Na horta estilo mandala os primeiros canteiros são para cultivo de plantas medicinais e alimentos chamados Círculos de melhoria da qualidade de vida ambiental. Os próximos canteiros são geralmente para produção de alimentos destinados consumo e a comercialização, podendo ser cultivados, quiabo, milho, abóbora, beringela, feijão verde e até mesmo frutíferas, conhecido como Círculo da Produtividade Econômica O último canteiro é chamado de Círculo do Equilíbrio Ambiental, em que nele é feito o cultivo de cercas vivas e quebra - ventos para proteção da horta, a cerca viva pode ser feita com plantas que servem para alimentação dos animais da propriedade e pessoas, tais como feijão guandu, capim açu e frutíferas, melhorando a produtividade e disponibilizando nutrientes para recuperação do solo.
    Essas formações tem como principal objetivo fortalecer as comunidades camponesas, assim como comunidades tradicionais e quilombolas, a partir do principio da Segurança alimentar e nutricional tendo como base o Bem-Viver aliado a proteção dos direitos dos povos e comunidades amazônidas. Assim como evitar a alienação desses sujeitos pelo capital agropecuário, que visa a destruição de seus Territórios a partir da falácia de que tudo é Agro e Agro é Pop. A produção camponesa e das comunidades tradicionais e quilombolas não é AGRO, ela faz parte da agricultura que gera Vida e luta pela Vida. 




Fonte: CPT-RO

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