NOVA AÇÃO DE PISTOLAGEM NO CONE SUL DE RONDÔNIA
No último dia 4 de junho de 2021, famílias de posseiros dos lotes 75 e 85 da Fazenda Vilhena do Pensamento, localizada no município de Vilhena na região do Sul do estado de Rondônia, denunciaram ação de pistolagem praticadas por capangas armados da fazenda mencionada anteriormente. Lamentavelmente, essas famílias, já foram despejadas em setembro de 2020.
Foto: camponeses foram alvos de ação de pistolagem na Fazenda Vilhena do Pensamento |
Das 77 famílias que foram despejadas, 35 deleas conseguiram por meio de comodato uma área de 1 hectare de terra em frente a Fazenda Vilhena do Pensamento, na esperança de que o Estado, por meio do Incra, promova uma ação em benefício desses camponeses e camponesas que foram expropriados de suas terras.
Foto: reunião
dos/das posseiros/as dos lotes 75 e 85 da Fazenda Vilhena do Pensamento dias antes
de serem despejados, em setembro de 2020 |
Ao
se organizarem para iniciar o acampamento na área cedida por meio do comodato,
dirigiram-se à área e no percurso foram recebidos “a bala”. Isso por que a
estrada que dá acesso ao local do futuro acampamento passa, segundo o
“proprietário”, dentro de sua fazenda. Diante de tal circunstância, Nego Zen
deu ordens aos seus capangas para que atirassem em quem transitar pela estrada.
Em
função disso, não só as famílias despejadas dos lotes 75 e 85, mas também as
que foram despejadas, dos lotes 62, 63 e 64, em plena pandemia, no início deste
ano, assim como os posseiros que ainda permanecem na área, são ameaçados
constantemente.
A
perversa ação do último dia 4 de junho revela a ânsia por conflitos que os
fazendeiros latifundiários, e muitos deles, grileiros de terras públicas, estão
promovendo e contribuindo com um cenário de terror em Rondônia, palco de
grandes conflitos agrários por conta da in(ação) do Estado.
No
último dia 1 de junho, o secretário de justiça mencionou em entrevista da rede
local que a vinda da Força Nacional seria necessária para conter as “centenas”
de conflitos na área rural do Estado havia sido adiada, visto que a organização
precisou ser acionada em função dos conflitos entre garimpeiros e indígenas no
estado do Pará. A Comissão Pastoral da
Terra - CPT-RO, questionou por meio de nota enviada a emissora que veiculou a
notícia replicando a fala do governo, assim como os dados apresentados, além de
ser contrária ao discurso que criminaliza os movimentos sociais e a luta pela
terra. A CPT-RO apresentou informações coerentes que demonstram onde realmente
estão acontecendo as invasões, sendo elas em terras indígenas, território
quilombolas e unidades de conservação.
A
CPT-RO compreende que este discurso de cunho extremista, dissemina um ambiente
propício a novos conflitos sangrentos em solo rondoniense. Contesta o posicionamento
do governo em relação a luta pela terra, que coloca os sujeitos do campo -
principalmente camponeses e camponesas que esperam pelo direito de terem suas
terras, suas casas, suas moradas – como figuras marginalizadas, criminalizadas.
Em função disso, a Comissão Pastoral da Terra alia-se as demais organizações
sociais e instituições públicas como MPE, MPF, DPE e DPU na tentativa de
mostrar a realidade do povo que se organiza coletivamente para a sua luta de
forma justa e espera que o Estado lhe conceda seu direito como cidadão.
Este
parecer governamental colabora também com as ações de pistolagem praticadas por
jagunços e, infelizmente, senhores de fardas, que em suas “folgas” vendem suas
forças de trabalho a fazendeiros e grileiros de terras que se beneficiam com a
morosidade da justiça e demais instituições do Estado que deveriam sanar os
diversos problemas fundiários instaurados em Rondônia. Cabe ressaltar, que a
Amazônia é palco de mais de 60% dos conflitos agrários segundo o Caderno de
Conflitos no Campo Brasil 2020, e Rondônia ocupa o terceiro lugar no ranking de
conflitos agrários.
Fonte: CPT-RO
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