NOVO ATAQUE ÀS UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: redução das áreas da RESEX Jacy-Paraná e do PAES Guajará-Mirim
No próximo dia 02 de dezembro de 2020
estará em votação na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE-RO) o
Projeto de Lei Complementar n.º 80/2020. Este foi enviado por meio da mensagem
n.º 204 de 08 de setembro de 2020, assinada pelo atual governador de Rondônia coronel
Marcos José Rocha dos Santos, para apreciação dos membros
da assembleia.
O interessante é que o documento não menciona que as cinco áreas protegidas foram extintas por meio da Lei
Complementar n.º 999 de 15 de outubro de 2018.
Essas mesma áreas integram as 11 unidades de conservação “criadas” pelo Estado em março
de 2018 e extintas meses depois pela assembleia legislativa que, nesta ocasião, extinguiu mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas do estado de
Rondônia. Salienta-se que essas áreas foram criadas por meio dos recursos do Projeto ARPA com investimento
de mais de R$ 600 mil reais.
A proposta de redução das áreas da RESEX
Jacy-Paraná em mais de 70% de sua área, o equivalente a 152 mil hectares, e da reversão de limites do PAES
Guajará-Mirim, expõe novamente a forma como o Estado negligencia seus
instrumentos de gestão territorial, neste caso o Zoneamento Socioeconômico-Ecológico, favorecendo ocupações irregulares por meio
de incentivos governamentais que direcionam a produção dos pequenos
agricultores às práticas em desacordo com o bioma amazônico.
Fonte: Imagem do satélite Landsat 8, sensor OLI, ano 2020 |
Dessa maneira, fica expressamente clara a
intenção do Estado em legalizar as invasões em reservas por parte de grandes
grileiros como, por exemplo, pecuaristas que mantém mais de 120 mil cabeças de gado
irregulares, além de expulsarem os seringueiros por meio de ameaças contra suas vidas. O
poder legislativo usa mais uma vez um pequeno grupo de pequenos agricultores
para justificar a necessidade, imposta pelo próprio Estado, de remodelamentos
espaciais que favorecem a expansão da fronteira agrícola.
O Estado incentiva a expansão do
agronegócio e pressiona a migração de camponeses e camponesas. Por conta disso, ocorre a expansão da fronteira agrícola e a pressão nas áreas protegidas. A fronteira de
acumulação do capital expropria comunidades tradicionais, como no caso dos
seringueiros, que são sujeitos invisibilizados e marginalizados por quem tem o dever de
fortalecer os mecanismos voltados aos seus direitos territoriais e culturais.
O PAES de Guajará-Mirim tem sua área ameaçada desde a criação da “estrada parque”. Esta, que foi construida devido a cheia de 2014, tem o intuito, de acordo com o governo, de atender aos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim que estavam isolados.
Fonte: ponto sobre o rio Araras / G1 foto de Dayanne Saldanha/G1 |
O MPRO instaurou inquérito civil devido às necessidades de acompanhar os procedimentos relativos à abertura da estrada parque, solicitando ao Estado que adotasse mecanismos adequados à liberação da estrada.
Fonte:
News Rondônia |
O histórico de gestão ambiental por parte
do governo de Rondônia, não apresenta significativas ações que realmente possam
ser enxergadas como um real empenho voltado a preservação e conservação do meio
ambiente. Unidades de Conservação são criadas, atendendo a pressões externas.
Assim como, são extintas na intenção de satisfazer os anseios do capital
agropecuário.
Territórios culturais são pressionados e, por vezes, extintos. Territórios esses pertecentes às comunidades tradicionais da floresta e do campo, coagidas a moldar-se ao bel-prazer de seus algozes (madeireiros,
grileiros, pecuaristas e sojeiros). Mesmo diante de tal situação, ainda mantém esperança e continuam resistindo em sua morada, seu lugar, seu território.
Fica claro que a sociedade como um todo precisa
estar ciente sobre essas propostas de remodelamentos espaciais e territoriais,
que afetam drasticamente a vida de comunidades e povos do campo e da floresta. Pensando
a acerca desse prisma, acontecerá no próximo dia 01 de dezembro de 2020 às 09
horas da manhã um debate intitulado “A (DES)AMAZONIZAÇÃO DE RONDÔNIA E A
DESTRUIÇÃO DE TERRITÓRIOS: A situação da Resex Jaci-Paraná”. Aos
interessados em participar, acessem o link: Live Resex Jacy-Paraná
Fonte: CPT-RO
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