"Celebremos juntos a Semana Laudato si’".
*O tema da semana é:* _“Tudo está Conectado”._
_"Nós somos os guardiões da criação."_
Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que vêm depois de nós, para as crianças que estão crescendo?” A partir dessa pergunta, o Papa renova seu “apelo urgente a fim de responder à crise ecológica, ao grito da terra e ao grito dos pobres que não podem mais esperar.
Cuidemos da criação, presente do nosso bom Deus criador. Celebremos juntos a Semana Laudato si’".
_Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra” (Francisco de Assis)._
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PAPA
FRANCISCO
Você sabe o que
é ecologia integral?
“Louvado sejas, meu Senhor, pela
nossa irmã, a mãe Terra” (Francisco de Assis). Nas últimas décadas, o
aprofundamento do que se entende por ecologia vem se tornando um objetivo
primordial para a humanidade. Hoje, não se aceita mais a ideia de que o
desenvolvimento econômico e social acontece independentemente de uma
preocupação com a manutenção do meio ambiente integrado com o ser humano. Em
nossos dias, torna-se cada vez mais urgente a busca por um desenvolvimento
sustentável, com o equilíbrio entre a atividade econômica, o bem-estar social,
condições de vida digna e a preservação da natureza. O ser humano pertence a um
todo maior, que é complexo, articulado e interdependente.
Ecologia integral: entenda o conceito que o Papa
usa
Na Encíclica Laudato sì (LS), o Papa Francisco usa o termo “ecologia” não
no significado genérico, romântico e superficial, ele foge do conceito comum
que trata do “verde”, “meio ambiente” e desenvolve o termo “ecologia integral”,
dando um sentido mais amplo, dinâmico e profundo de entendimento. O Papa supera
a fragmentação das ciências e assume o novo paradigma contemporâneo segundo o
qual tudo forma um grande todo com todas as realidades interconectadas,
influenciando-se umas às outras. Nesse sentido, o processo de construção
do oikos (do grego, casa, morada, ambiente comum) tem como sua força
motriz a relação, que permite que “tudo esteja interligado”, ou seja, “tudo
está em relação”, “tudo é coligado”, “tudo está conectado”.
Foto
Ilustrativa: PeopleImages by Getty Images
A partir do paradigma da ecologia
integral, entende-se as dinâmicas sociais e institucionais em todos os
níveis como afirma o Papa: “Se tudo está em relação, também o estado de saúde das instituições de uma
sociedade comporta consequências para o ambiente e para a qualidade da vida
humana […] Em tal sentido, a ecologia social é necessariamente institucional e
atinge progressivamente diversas dimensões que vão do grupo social primário, a
família, até a vida internacional, passando pela comunidade local e a Nação”
(LS, 142).
O paradigma da “ecologia integral” é capaz de
manter unidos fenômenos e problemas ambientais (aquecimento global, poluição,
exaustão dos recursos, desflorestamento etc.) com questões que, normalmente,
não são associadas à agenda ecológica em sentido estrito, como a pobreza, a
qualidade de vida nos espaços urbanos ou a problemática dos transportes
públicos.
O Papa mostra que a ecologia
integral toca profundamente as nossas vidas, a nossa civilização, os nossos
modos de agir, nossos pensamentos, e está diretamente envolvida com a
globalidade, totalidade e qualidade da vida. Envolve também questões como o
aborto, defende a vida desde a concepção, refugiados e mais recentes à
identidade sexual.
O Pontífice reconhece que a humanidade, hoje,
enfrenta uma crise existencial em múltiplas faces, ou seja, a extrema pobreza,
o aumento da competição por recursos naturais, um ambiente natural ameaçado e
severamente degradado, nações falidas ou à beira de um colapso e um clima
próximo de sair do controle.
Papa Francisco manifesta sua preocupação com “o que
está acontecendo com a nossa casa” (LS, 17-61) e afirma que “basta olhar a
realidade com sinceridade, para ver que há uma grande deterioração da nossa
casa comum” (LS, 61). Ele apresenta dados consistentes referentes às mudanças
climáticas (LS, 20-22), à questão da água (LS, 27-31), à erosão da
biodiversidade (LS, 32-42), à deterioração da qualidade da vida humana e à
degradação da vida social (LS, 43-47), denuncia a alta taxa de desigualdade
planetária, que afeta todos os âmbitos da vida (LS, 48-52), sendo os pobres as
principais vítimas (LS, 48).
Condena a proposta de internacionalização
da Amazônia que “somente serviria para os interesses econômicos das
multinacionais” (LS, 38). Faz uma denúncia profética: “é gravíssima
desigualdade querer obter benefícios significativos, fazendo pagar o resto da
humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental” (LS,
36). Ainda: “Nunca maltratamos e ferimos a nossa casa comum como nos últimos
dois séculos” (LS, 53). Lamenta os interesses dos poderes que “pensam que tudo
pode continuar como está” como desculpa para “manter seus vícios
autodestrutivos” (LS, 59) com “um compromisso que parece suicida” (LS, 55).
Na encíclica, o Papa Francisco
concorda com um grande número de cientistas sobre as mudanças climáticas e
proclama a necessidade de uma aliança entre sociedade, ciências e religiões para o cuidado da criação.
Leia mais:
.: Meio ambiente: Deus confia ao homem a sua criação
.: O tema meio ambiente pede reflexão
.: Biomas brasileiros e defesa da vida; cultivar e guardar a criação
.: O meio ambiente esta se tornando um grande depósito de lixo
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.: O tema meio ambiente pede reflexão
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Ética ecológica e responsabilidade do homem
O homem tem seu lugar de destaque neste universo
ecológico em meio à multidão de organismos vivos. Ele não só vive, mas
“con-vive” numa relação de dependência do meio ambiente. A própria teologia
sustenta que o ser humano não vive na situação de independência absoluta. O
antropocentrismo-narcisista é indefensável, não podemos mais defender que só a
dignidade e os interesses humanos fundamentam a nossa obrigação de proteger o
meio ambiente. Todas as criaturas apresentam uma dignidade própria, uma ética
em si mesma. O ser humano não domina a natureza, mas tem de buscar caminhar
para uma convivência pacífica, entre ela e sua produção, sob pena de extermínio
da espécie humana.
“Um antropocentrismo desordenado gera um estilo de
vida desordenado” (LS, 122). O Papa considera o valor intrínseco de cada ser:
“Cada criatura possui a sua bondade e perfeição próprias. (…) As diferentes
criaturas, queridas pelo seu próprio ser, refletem, cada qual a seu modo, uma
centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus. É por isso que o homem
deve respeitar a bondade própria de cada criatura, para evitar o uso
desordenado das coisas” (LS, 69).
É a superação de um conceito reducionista para uma
visão global da vida. O próprio desenvolvimento científico, o bem-estar social,
a troca de conhecimento, a nova visão do conceito de vida apresentado pelo
pensamento filosófico e mesmo teológico, trouxeram muitas contribuições para o
entendimento de ecologia como interações existentes entre os diversos
organismos vivos, mostrando que o ambiente é um “sistema de relações”, “sistema
integrado”. Todos os organismos estão carregados de potencialidades que buscam
a sua realização. Como organismos interligados por uma teia de relações, fora
desta teia não existe vida.
Na ecologia integral, tudo está em relação, “por
exemplo: a relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a
convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do
novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a
procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso, o valor próprio
de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates
sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e
local, a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida” (LS, 16);
por isso, o Papa reconhece que “não há duas crises separadas: uma ambiental e
outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental” (LS, 139).
No entanto, “todos nós, seres humanos, caminhamos
juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo
amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna
afeição, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe Terra” (LS, 92).
Na Encíclica, citando o Patriarca
Ecumênico da Igreja ortodoxa, Bartolomeu, “reconhece que os
pecados contra a criação são pecados contra Deus” (LS, 7). Por isso, a urgência
de uma conversão ecológica coletiva que refaça a beleza da harmonia perdida. O
desafio urgente, então, consiste em “proteger a nossa casa comum” (LS, 13);
para isso necessitamos, citando o Papa João Paulo II, de “uma conversão
ecológica global” (LS, 5); “uma cultura do cuidado que impregne toda a
sociedade” (LS, 231).
Ao citar
sua principal fonte de inspiração, São Francisco de Assis, o Papa afirma que “é
o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia
integral, vivida com alegria e autenticidade. Manifestou uma atenção particular
pela criação de Deus e pelos mais pobres e abandonados” (LS, 10)
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