Em encontro com o Papa Francisco, agente da CPT pede que ele reze pelas comunidades tradicionais da Amazônia
A Comissão Pastoral da Terra RO saúda os representantes desse território de tantas violências e de tanta luta, que presentes no Sínodo da Amazônia, sejam luz para essa igreja que é, por vezes, o último e o único socorro dos povos.
A riqueza desse território e povos é também sua perdição. Propositalmente abandonados pelo Estado em territórios de fronteira de expansão do capital, que vem expropriar e pilhar os bens naturais e a sócio-biodiversidade dessas terras, águas e florestas. A violência é a marca dos processos de expansão de fronteira na Amazônia!
Ter Maria Petronila Neto, Laura, Frei Volmir, Osana Purubora, José Kassupa e tantos outros presentes nesse espaço, é a expressão máxima de representatividade, a que tanto buscamos em nossas democracias e que tão distante caminha. São rostos de mulheres, negros, indígenas, ribeirinhos, comprometidos e comprometidas, testemunhos das dores, das lutas e das esperanças. Que a força do Divino Espírito Santo, dos povos do Guaporé, a força dos espíritos e dos encantados, dos orixás negros da resistência, e as entidades estejam com cada uma e cada um.
A força dos Mártires da Amazônia, de Padre Ezequiel Ramin, Nicinha e tantos, dê a coragem necessária para encontrar e assumir caminhos concretos para a evangelização na Amazônia, fiéis a prática de Jesus e portanto aos povos na sua essência cultural, religiosa e de modos de vida.
Vocês fazem parte da esperança e estamos juntos e juntas em oração.
Acompanhe a Matéria publicada no CPTNacional:https://www.cptnacional.org.br/publicacoes-2/destaque/4943-em-encontro-com-o-papa-francisco-agente-da-cpt-pede-que-ele-reze-pelas-comunidades-tradicionais-da-amazonia
No Vaticano, Francisco recebe, entre os dias 6 e 27 de outubro, o povo amazônico para a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, cujo o tema é “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), após participarem no Brasil de um longo processo de escuta das comunidades para o Sínodo, agora se somam a inúmeras pessoas no país europeu para o evento. Participam do Sínodo e das atividades paralelas, como a Casa Comum, o vice-presidente da pastoral e bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM), Dom José Ionilton Lisboa, Darlene Braga, coordenadora da Articulação das CPT’s da Amazônia e agente da CPT no Acre, e Maria Petronila Neto, agente da CPT em Rondônia.
Fonte: Assessoria de Comunicação da CPT Nacional com informações do Vatican News
Imagem principal: Maria Irene Lopes
Ao saudar o Papa Francisco nesta terça-feira, 8, Maria Petronila (foto ao lado) ouviu do pontífice o pedido: “reze por mim”. E ela pediu para que ele “rezasse e olhasse com carinho para as comunidades tradicionais da Amazônia”. Petrô, como é conhecida por amigos/as e familiares, foi uma das responsáveis por, na missa de abertura da Assembleia Especial, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no último domingo, 6, fazer a leitura da segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Naquela oportunidade, o Papa, ao se dirigir aos padres sinodais (são 185, sendo 58 do Brasil) e aos bispos provenientes não só da região Pan-Amazônica, fez referência à leitura, e pediu que o apóstolo Paulo ajudasse a “fazer o Sínodo”, a “caminhar juntos”, e que o texto “parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo”, afirmou. Francisco manifestou ainda que a Igreja não “pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de ‘manutenção’ para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial. Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo. O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, doador dos dons”.
“Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos” - Papa Francisco
Ainda na abertura da Assembleia Especial, Francisco relembrou os recentes incêndios, muitos deles criminosos, que assolaram a floresta amazônica, no Brasil e em outros países como na Bolívia. “O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros”.
Para Darlene Braga, que acompanhou os momentos de escuta e preparação para o Sínodo da Amazônia, a expectativa é que, ao longo desses dias, “possamos discutir uma vida plena para as pessoas, e o bioma amazônico como esta fonte de vida, em abundância e para todos e todas, em especial os que mais necessitam. São muitas vida ameaçadas pelos malefícios dos projetos do agronegócio. Discutir o que acontece nos territórios das populações tradicionais e povos originários, nossa belezas e nossas ameaças. Discutir também a violência no campo e na cidade. Violência que está destruindo a vida”. A acreana participa de eventos paralelos ao Sínodo, em Roma, a convite da entidade de cooperação francesa CCFD-Terre Solidaire.
Criminalização
Na manhã desta terça-feira, foram realizados os trabalhos da 3ª Congregação Geral para o Sínodo, com a presença do Papa. A defesa dos direitos humanos e a criminalização de lideranças das comunidades e dos movimentos sociais foram alguns dos elementos tratados, assim como a contaminação dos rios e o desmatamento e a venda ilegal de madeira. Ao abordar a defesa das populações amazônicas, foi lembrado, pelos/as participantes, os inúmeros mártires da Pan-amazônia.
“Desde ontem [segunda-feira, 7] à tarde, estamos realizando a escuta dos membros do Sínodo. Até agora já falaram cerca de 34, tratando de diversos assuntos, partindo do Instrumento de Trabalho para o Sínodo. Os temas que mais se repetiram foram: a defesa da vida ameaçada na Amazônia, a vida dos indígenas, dos ribeirinhos, dos negros, das periferias urbanas, da juventude e das mulheres”, explicou Dom José Ionilton, que em sua fala durante a Assembleia Sinodal abordou, especialmente, a criminalização dos povos e comunidades e a não realização da reforma agrária no Brasil, uma problemática histórica.
Outros temas abordados, conforme o presidente da Pastoral da Terra, foi a questão dos ministérios ordenados e a realidade das comunidades fora das cidades, que ficam meses ou anos sem a presença de um padre e, consequentemente, sem a Eucaristia e demais sacramentos; A vocação dos leigos, sua formação e atuação na sociedade; E a formação dos Seminaristas e a realidade dos Seminários”.
“Quero ressaltar a presença silenciosa e atenciosa do Papa Francisco” - Dom José Ionilton
“Têm sido falas muito fortes vindas dos nossos bispos da Pan-amazônia, em defesa do território, da vida, e que a Igreja se abra para esses novos caminhos, por exemplo numa maior inclusão dos leigos e das mulheres dentro da Igreja, com novos ministérios”, aponta Maria Petronila.
Casa Comum
Na rua que dá acesso ao Vaticano, na Igreja de Santa Maria em Traspontina, na Via della Conciliazione, ocorre, desde sábado, 5, o projeto “Amazônia: Casa Comum”, em consonância com o Sínodo, e que conta com atividades diárias, como a exposição fotográfica “Mal Comum na Amazônia”, sobre os impactos da mineração e a resistência dos povos e comunidades. Na localidade, na segunda-feira, também foram apresentados dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre a violência contra os povos indígenas no Brasil.
Na tarde desta terça também aconteceu a Celebração dos Mártires, que homenageou a Irmã Dorothy Stang, agente da CPT em Anapu (PA), que em 2020 completam-se 15 anos de seu martírio, e o casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo, também mortos no estado do Pará. As celebrações em memória aos mártires ocorrem até sábado, 12.
Neste contexto, na noite desta terça, o Centro Giovanile, em Roma, recebeu a mesa de diálogos com o tema “Igreja que dá a vida pela Amazônia”, que abordou a vida e o martírio do padre comboniano Ezequiel Ramin. Ele foi morto há quase 35 anos em Rondônia. Participaram do evento Antonio Ramin, irmão de Ezequiel, Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Cimi, padre Giovanni Munari e Antonietta Papa.
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