COMUNIDADES REALIZAM VIGÍLIA POR JUSTIÇA E PAZ NO CAMPO

                             


                       Tribunal do  Júri   é suspenso em Ariquemes, Rondônia.


            Uma vigília de oração ecumênica foi realizada na noite do dia 14 de Agosto de 2017 na  Comunidade São Jose, cidade de Ariquemes, no Vale do Jamari, em Rondônia. 

O ato reuniu pessoas de várias comunidades e de diferentes   denominações religiosas  que, numa vigília de oração, clamaram  por justiça e  paz no campo. Foram nominalmente lembradas as 56 pessoas que, em Rondônia, a violência no campo ceifou no período de 2015 a julho de 2017, conforme registro da Comissão Pastoral da Terra - CPT. A maioria das mortes aconteceu na região do Vale do Jamari.

A vigília contou com a participação de agentes de diversas Pastorais, membros de Comunidades Eclesiais de Base - CEBs, professores, advogados, estudantes, agricultores assentados pelo INCRA  no 14 de Agosto, bem como algumas famílias que sofrem ameaça de despejo na Área do Canaã, representantes de movimentos sociais tais como: Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST, Movimentos dos Pequenos Agricultores – MPA e Liga dos Camponeses Pobres -  LCP. 


                                     
          Figura 1 - Vigília pela justiça e pela paz no campo em Ariquemes 15.8.17 - foto Francisco Kelvim - Mab



                                                 JULGAMENTO ADIADO
              A vigília de oração foi programada e realizada na noite anterior ao dia em que estava agendado o julgamento dos supostos mandantes e executores das mortes ocorridas na fazenda Tucumã no inicio de 2016. Vale lembrar que foram assassinados dois jovens, Alysson Henrique Lopes, de 23 anos, e Ruan Hildebrandt Aguiar, de 18 anos. Correlacionado ao mesmo acontecimento, no dia 31 de janeiro de 2016 houve também a tentativa de assassinato de mais três testemunhas em Cujubim.  

          Quando voltavam do antigo acampamento Terra Nossa, onde tinham ido para recolher alguns de seus pertences depois de terem sido despejados, cinco jovens sofreram uma perseguição implacável, uma verdadeira caçada humana. Três deles conseguiram escapar enquanto Alysson e Ruan não tiveram a mesma sorte. O corpo do primeiro apareceu carbonizado no carro do seu pai. 


                                          
                                               

                                               PERMANECE A IMPUNIDADE

              Apesar da insistência dos pais a fim de que fossem realizadas buscas minuciosas quanto ao paradeiro de Ruan, este nunca foi encontrado.

            Diligências apontaram para o suposto envolvimento de Policiais Militares. Ao que tudo indica, estes realizavam um trabalho de vigilância privada da Fazenda Tucumã.  Mais tarde foram apreendidas armas pesadas e realizadas diversas prisões.

              Após isso, uma força tarefa da polícia civil investigou o caso e o Ministério Público apresentou acusações contra o pecuarista de Ji Paraná Sérgio Sussuma Suganuma. A acusação que versa sobre ele é de ter gerenciado a contratação da equipe de pistolagem de Rivaldo de Souza e Moisés Ferreira de Souza, sargento da reserva da PM. 

        Também foram acusados Jonas Augusto dos Santos Silva, cabo da PM e Paulo Iwakami, contador de Ji Paraná e proprietário da Fazenda Tucumá. O MP também acusou Altacício Domingues dos Santos, soldado da PM de Cujubim; Marcos José Terêncio, também soldado da PM; Donizete Silva do Nascimento, soldado da PM; Paulo Diego de Castro Francisco, soldado da PM de Cujubim,. Contudo, apenas os cinco primeiros foram pronunciados para o tribunal do júri que os deve julgar por emboscada, perseguição, promessa de pagamento para o cometimento dos crimes, ocultação de um cadáver e carbonização de outro, por dois homicídios consumados (Alysson e Ruan) e três tentativas de homicídio contra Renato de Souza Benevides, Raimundo Nonato dos Santos e Alessandro Esteves de Oliveira. 



                                            


                  Além do mais, não demorou muito para que fosse desencadeada também uma caçada de testemunhas. Um dos sobreviventes, Raimundo Nonato dos Santos, sofreu um atentado o dia 14/04/2016. Um colaborador da fazenda, o mototaxista Zé Bigode, foi assassinado em Cujubim, por suposta queima de arquivo. Dois jornalistas da cidade que cobriam os fatos sofreram atentados e tiveram que fugir. Em 2017 foram assassinadas duas lideranças do Acampamento Terra Nossa: Roberto Santos Araújo (02/02/17) e Ademir de Souza Pereira (07/07/2017). Outra testemunha, Elivelton Castelo do Nascimento, o Tom, foi morto em Ariquemes (15/02/2017). Outro dos sobreviventes, o Baixinho, Renato Souza Benevides, foi assassinado em Machadinho o dia 04/03/17. 



                                    
                            Figura 3 Raimundo dos Santos recuperando do atentado. CPT RO

            No dia 15 de agosto, o juiz responsável suspendeu o julgamento em decorrência da ausência, por motivo de saúde, de um dos advogados da defesa e desistência, de última hora, de outro advogado. O júri foi remarcado para o mês de outubro. 

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