plano para novo governo
Movimentos sociais lançam plano para novo governo com eleições diretas
29 Maio
2017
Movimentos sociais, entre os quais a Frente Brasil Popular e o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), lançam na segunda-feira (29), em São Paulo,
um plano popular para um governo de emergência, caso ocorram eleições diretas
ainda este ano no país. A iniciativa surge com o agravamento da crise política,
depois que o governo de Michel Temer foi denunciado por gravações do empresário Joesley Batista,
da JBS, em conversa na qual endossa o pagamento de mesada ao
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) para que mantenha silêncio em
relação aos desmandos de Brasília.
A reportagem é de Sarah Fernandes e
publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 28-05-2017.
O documento, que se propõe como uma garantia para
que o governo de emergência responda aos interesses dos trabalhadores, possui
10 áreas temáticas. Um dos pontos principais diz que esse novo governo deve
enviar ao Congresso Nacional a convocação de uma assembleia constituinte que
regulamente um novo regime político para a eleição de 2018, sem influência do poder econômico, o que garantiria que os
parlamentares fossem eleitos de acordo com a representação da sociedade
brasileira.
“Se a metade do povo é negro, metade dos
parlamentares tem que ser negros. Se metade do povo são mulheres, metade dos
representantes devem ser mulheres. É necessário ter regras que garantam que o
povo de fato escolha seus representantes, não como agora, em que 80% dos
parlamentares são empresários e quem não é foi bancado por eles”, disse um dos
coordenadores do MST, João Pedro Stédile, em vídeo ao vivo divulgado na página do movimento no Facebook.
A partir do lançamento do plano, os movimentos
farão cartilhas, vídeos, memes e panfletos para que o plano popular de
emergência chegue ao maior número possível de pessoas, que poderão acompanhar
as propostas e cobrar os governantes. “As eleições diretas são a bandeira política necessária. Elas se completam com vontade
política da classe trabalhadora de apresentar um plano real e sair da crise
política, econômica, social e ambiental que estamos vivendo”, disse Stédile.
“Outro exemplo é na economia. É preciso ter quase
20 milhões de pessoas desempregadas? O governo tinha que colocar dinheiro na
indústria e na agricultura que é o que gera emprego. Se tivesse início um plano
de construção de casas populares, movimentaria a indústria de construção civil,
de produção de vidros e de outras áreas, gerando empregos”, disse. O lançamento
ocorrerá às 19h de segunda-feira, no Tucarena, na Pontifícia Universidade
Católica (PUC), zona oeste de São Paulo.
Conjuntura
O coordenador do MST afirmou que
acredita que o governo de Michel Temer, classificado por ele como
um governo golpista, esta chegando ao fim após as delações de Joesley Batista. “A Globo já abandonou Temer. Ele
só continua no poder porque a burguesia ainda não fechou o nome para sucedê-lo,
porque tem que ser também um nome palatável para a sociedade. Estão procurando
e testando”, disse Stédile. “A burguesia está procurando um nome
para ter uma saída pelas eleições indiretas, para colocar outro nome que
continuaria com as reformas.”
“Há uma segunda via: há uma PEC (proposta
de emenda à Constituição) no Congresso que estabelece eleições diretas neste
ano para presidente”, afirmou. “A eleição indireta não resolve nada: a crise
vai se aprofundar e a classe trabalhadora vai continuar pagando o pato. Esse
Congresso foi eleito por R$ 6 bilhões pagos de forma legal por empresas para
eleger parlamentares. Esse congresso é fruto de uma corrupção endêmica e não é representativo do povo brasileiro”, disse.
Stédile afirmou que os atos da última quarta-feira
(24), que reuniram pelo menos 150 mil pessoas em Brasília, “assustaram os
golpistas” que responderam com uma “operação de guerra”, como o coordenador
do MST classificou a convocação das Forças Armadas por meio de decreto presidencial. “Temer se
assustou e assinou um decreto chamando as Forças Armadas, quando elas próprias
estão indignadas com o que está ocorrendo no Brasil. Todos acompanharam pela
mídia como os militares foram a contragosto. Tanto que o decreto seria para uma
semana e foi anulado dia seguinte.”
O coordenador do MST lamentou
profundamente os dois atentados contra trabalhadores rurais ocorridos neste
mês, um deles na própria quarta-feira (24), quando nove homens e uma mulher
foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, localizada no município
de Pau D'Arco, a cerca
de 60 quilômetros da cidade de Redenção, sudeste do Pará, em função de uma ação
das polícias Civil e Militar no local.
“Por que ocorreram esses ataques? Por que o golpe
dado contra a democracia alterou a correlação de forças e a bancada ruralista
agora se acha toda poderosa? Porque Temer dá carta branca para eles”, disse.
“Três setores da sociedade se tornaram alvo do latifúndio: quilombolas,
indígenas e os posseiros na fronteira agrícola. Esses setores da população
ficam mais à mercê do Estado e da proteção da lei. Por isso, o latifúndio chega
com toda a sua sanha.”
Stédile acredita que as manifestações vão aumentar e
o governo Temer só terá uma saída: a renúncia. “Vejo com muito
otimismo. Os ventos estão mudando e o povo voltou a ter esperança e a se
mobilizar. Só essa força do povo mobilizado que arrancará as mudanças neste
país. Nos próximos quatro anos, veremos anos de mudanças, com melhorias pra o
povo, para essa geração de agora e para as próximas que virão.”
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