Goiânia, 20 de março de 2017
A
carne é fraca, o latifúndio é “forte”!
(Mas um gigante com pés de barro que vai
ser varrido pela Revolução Agrária!)
A
carne é fraca mesmo! Forte é a semi-feudalidade deste nosso capitalismo
burocrático podre, que montou uma verdadeira operação de guerra para abafar o
impacto desta operação da Policia Federal contra Frigoríficos e fiscais do
Ministério da Agricultura, flagrados nos crimes de incluir carnes impróprias em
embutidos além da quantidade permitida e divulgada, adulterar carnes em
processo de degradação com ácido ascórbico para que a aparência das mesmas
fosse de carne fresca, corromper fiscais e financiar políticos (PT, PMDB e PP).
O Ministro da Agricultura, latifundiário,
atacou a Polícia Federal. Michel Temer correu para acalmar os compradores
estrangeiros. E as televisões passaram a produzir dezenas de matérias para
tentar qualificar o episódio como um fato isolado dentro de um sistema
eficiente.
Temer saboreando uma picanha ...
argentina!
|
É preciso ir mais fundo na
compreensão destes acontecimentos. E ir ao fundo não é o que fazem os analistas
idiotas de Globo, Bandeirantes, et caterva, que ficam tentando descobrir um
fato, uma articulação, um interesse, um culpado de plantão que absolva o
sistema. É claro, pois sem isso a “cara de tacho” de seus âncoras ficará
evidente quando defenderem abertamente seus pares e financiadores. Daqui a
pouco vai aparecer uma notícia que ligue a operação da PF a interesses
imperialistas para tomar o lugar do Brasil no mercado de carnes. Como se essa
canalha vende-pátria tivesse um mínimo que fosse de honradez para com a nação.
Ir ao fundo na compreensão destes acontecimentos é ver que a carne fraca, a
carne podre, a carne da Friboi, do Toni Ramos, da Fátima Bernardes, é a ponta
do iceberg da maior desgraça do Brasil, o latifúndio putrefato e fedendo a
fezes, embalado para presente como agropop, agrotec, etc., etc., etc.
O único sangue de verdade na carne brasileira é o
derramado pelos camponeses, indígenas e quilombolas na luta pela conquista ou
para permanecer em suas terras!
Cleomar Rodrigues (LCP), Luiz Lopes
(LCP),Renato Nathan (LCP), Oziel Gabriel Terena, Keno (MST), camponeses e indígenas assassinados pelo
latifúndio
|
A grande maioria das terras
onde são criados os animais para o abate são griladas, terras públicas
utilizadas pelo latifúndio há mais de 5 séculos no Brasil, sempre defendidas
pela força das armas, seja a força armada de um Estado em decomposição
avançando para o fascismo, justificada por decisões de juízes corruptos, seja a
pistolagem impune. Agora em Rondônia, quando estes dois instrumentos fracassaram,
o Estado ameaça os camponeses do Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2 com o
Exército.
O financiamento para este
negócio, “agronegócio”, é público. BNDES, o escambau, tudo quanto é agência
pública de financiamento enche a burra do latifúndio de recursos, empréstimos,
financiamentos. Que não são pagos! Levantamento da ONG Oxfam, com dados da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, destacou que 4.013 pessoas físicas e jurídicas
detentoras de terras devem à União 906 bilhões de reais. A título de
comparação, dívida 6 vezes maior do que o falso “déficit” da Previdência Social
apontado pelo governo federal.
E mais, essa qualidade da
carne destes frigoríficos, toda “arrumadinha”, sem gosto, como se fosse um
produto industrializado, europeu ou norte-americano, é falsa. È impossível um
país semi-colonial como o nosso ter uma indústria de alimentos digna deste
nome. Essa máscara de produto de qualidade é construída com a desmoralização da
produção camponesa, da pequena produção, da mandioca que o camponês leva da
roça para vender na cidade, do frango, do porco. Existe toda uma campanha para
caracterizar estes produtos como impróprios para o consumo por serem produzidos
na roça, por não terem padrões de higiene tal qual os que seriam necessários na
cidade; estes produtos teriam bactérias, causariam doenças, etc. Em Rondônia,
os camponeses denunciam enfaticamente a GTA, Guia de Transporte de Animais, que
é cobrada pelo frango que o camponês leva no “ônibus de linha” para vender na
cidade. Se não pagar é multa, apreensão da mercadoria, criminalização. Ou seja,
o que o camponês produz é ruim, o que o latifúndio “moderno” (o agronegócio)
vende é bom.
E é assim em toda a
agropecuária brasileira!
Em 2013, em alguns produtos
que os camponeses do Norte de Minas embalaram, no rótulo da frente estavam
fotos dos produtos embalados ou sendo produzidos, e ao fundo um texto, como na
imagem abaixo:
Agora em que a primeira declaração para contestar a
crise da carne foi do secretário-executivo do Ministério
da Agricultura Eumar Novacki, que defendeu o SIF, Sistema de Inspeção Federal
do DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério
da Agricultura, órgão que carimba e sela as carnes, ficou claro o que disseram
os companheiros do Norte de Minas sobre seus produtos:
“Este produto não têm nenhum selo de garantia do
governo, por isto não pode ser vendido onde se exigem estes “carimbos” e
números, que na verdade não garantem nada para o consumidor, só servem
para cobrar imposto, transferir a renda dos pobres para os ricos.”
Se
já é criminalizado enquanto luta pela terra, o camponês, que produz mais de 70
% do que o brasileiro consome, é criminalizado quando tenta produzir. E quando
consegue produzir, é empurrado para vender sua produção barata para o
latifúndio e suas empresas, que colocam estes selos fajutos, que como todos
estamos vendo não valem nada. E mais, os salários que estes frigoríficos pagam
são baixíssimos, grande parte dos trabalhadores são camponeses sem terra ou com
pouca terra, que vivem doentes pelas péssimas condições de trabalho.
O que essa crise da “carne
fraca” escancara é que o latifúndio e todas as suas extensões é o cerne da
crise que vivemos. Alguém viu, em todos os 3 anos de Lava-jato, tantas vozes se
levantarem, de forma tão organizada, para desqualificar as denúncias da policia
federal? Alguém viu tanto desespero? Isso não é pelo que aparece, é pelo que
está por baixo! O Brasil não pode conviver mais, nem um minuto que seja, com o
latifúndio, sob pena de viver sob o manto da crise, da corrupção, do atraso, da
mentira. E aos que não querem ver, só mais uma pergunta: não é contra o
trabalhador rural que estão apontados “canhões” de calibre mais grosso da
Reforma da Previdência?
Conclamamos todas as
organizações políticas de luta pelos direitos do povo, no Brasil e no mundo a
fazer uma campanha internacional de boicote à carne podre (desde o seu início
até o produto final para o consumidor) vendida no Brasil e exportada pelo
latifúndio brasileiro!
Defender o
Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2
Produção de banana no Canaã
|
Viva
a Revolução Agrária!
Boicote
à carne podre e estragada do latifúndio brasileiro!
Viva
o Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2!
Comissão
Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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