Famílias atingidas por hidrelétrica de Samuel reivindicam direito à terra
A construção de hidrelétricas no Brasil é permeada por uma série de violações de Direitos Humanos, e entre eles a negação do Direito à Terra. Essas violações se arrastam por anos, e as famílias atingidas pela obra de Samuel são as testemunhas dessa história. A ocupação realizada representa para nós (Comissão Pastoral da Terra) duas denúncias: a negligência das empresas e do Estado em relação aos atingidos e atingidas por barragens e outros grandes projetos; e a terra concentrada e improdutiva.
A luta dessas famílias é a luta de outros tantos, que fazendo ocupações, levantando acampamentos, insistindo na permanência na terra, pela agroecologia, por uma educação do campo, estão gritando que a questão da Terra e a tão sonhada Reforma Agrária não foi resolvida! E ao fazê-lo, profetizam que a Terra é de Deus, e portanto deve ser repartida!
É preciso que a sociedade veja essas lutas, e as compreendam como lutas por direitos e dignidade, e não como caso de polícia. Que as autoridades assumam seu papel na resolução dos problemas sociais, muitos deles causados pelo próprio Estado ou por sua omissão, onde a luta do povo é a forma legítima de busca por efetivação de direitos!
A resistência e a luta das famílias, é pra nós, sinal de luz e esperança, por justiça social e paz na Terra, a memória viva de Nicinha, seja sempre exemplo para todos e todas nessa caminhada!
Como Pastoral, reafirmamos nossa missão junto aos povos da terra, das águas e das florestas, e com o Papa Francisco façamos ecoar: Nenhuma Família Sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos.
CPT - RO
CPT - RO
Segue, notícia do site do Movimento dos Atingidos por Barragens:
Atingidos ocupam latifúndio em Rondônia
Na madrugada de hoje (6), 100 famílias atingidas pela Usina Hidrelétrica de Samuel ocuparam a fazenda Três Casas, localizada no distrito de Triunfo, município de Candeias do Jamary (RO). A área compreende milhares de hectares de terra improdutiva, utilizada no passado para manejo de madeira. A proprietária da fazenda não vive em Rondônia, mas em São Paulo, e também é dona de uma rede de farmácias.
De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), as famílias atingidas cansaram de esperar a Eletronorte e o governo Federal resolver o passivo histórico. “São 30 anos que essas famílias esperam por seus direitos. Elas têm direitos e vamos lutar por eles, ocupar, resistir e produzir”, afirmou.
Os atingidos da Usina Hidrelétrica de Samuel foram expulsos da beira do Rio Jamari há 30 anos. As famílias foram para áreas que hoje formam dois municípios e um distrito, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste e Triunfo. Há uma enorme dívida social devido a construção da hidrelétrica, como as mais de mil famílias que ainda permanecem sem-terra, falta ou baixa qualidade de energia elétrica na região, problemas de saneamento com a elevação do lençol freático, falta de infra-estrutura para a produção camponesa, além da falta de acesso a direitos básicos como saúde e educação.
A Usina de Samuel foi construída no período de ditadura militar, quando a população atingida foi expulsa sem receber seus direitos. Desde então as famílias seguem na luta para recuperar os direitos negados.
O acampamento leva o nome da militante do MAB assassinada, Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, em homenagem a sua história de luta e resistência.
Que a justiça seja feita e Nicinha seja justiçada!
TERRA SIM! BARRAGEM NÃO!
ÁGUAS PARA A VIDA E NÃO PARA A A MORTE!
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