CARTA DA XV ASSEMBLEIA DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA DE RONDÔNIA


“Povos, terras, florestas e águas clamam por misericórdia”


Nós, participantes da 15ª Assembleia da Comissão Pastoral da Terra/RO, representantes dos grupos de base, membros do conselho Regional, companheiros e companheiras de caminhada (MST, MPA, MAB,CIMI e COMIN), reunidos no Centro de Formação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Rolim de Moura (entre os dia 28 a 30 de junho de 2016), animadas e animados pelos compromissos firmados ao longo de 40 anos de caminhada da CPT, iniciamos nossa Assembleia buscando entender nossa conjuntura e nosso papel dentro dela. Por sentir que fazemos parte desta longa caminhada fizemos a memória profética daqueles que nos antecederam, muitos/as ainda presentes em nosso meio. Alimentados e saciados assim pelo testemunho, buscamos na Bíblia as luzes para compreender nosso momento e nosso papel. E assim entendemos a atualidade da nossa missão em ser presença solidária, profética, ecumênica, fraterna e afetiva, junto aos povos da terra, das águas e florestas. A autocrítica necessária nos aponta a direção de continuar nesta missão, e por isso reassumimos as seguintes prioridades: 1) Posicionamento e testemunho profético ante os conflitos agrários e combate à violência, articulando-se neste sentido com as lideranças e movimentos dos povos indígenas, ribeirinhos, extrativistas e quilombolas; 2) Retomada do trabalho de base com ênfase na formação considerando as questões de gênero e geracionais (jovens); 3) Reforço às ações de resistência e permanência na terra através da agroecologia; 4) Fortalecimento da organização interna ampliando a articulação com as igrejas e movimentos sociais diante dos desafios da problemática agrária em nosso Estado; 5) Intensificação dos processos de comunicação das ações da CPT e dos camponeses.
Não podemos deixar de manifestar nossa indignação quanto à situação crítica da Educação do Campo no estado de Rondônia, bem como, nosso repúdio a maioria dos deputados da Assembléia Legislativa de nosso estado. Enquanto estávamos reunidos, a Assembleia Legislativa do |estado aprovou o Projeto de Lei que implanta o Ensino Médio com Mediação Tecnológica nas escolas do campo, isso representa a precarização do ensino, e faz parte de um projeto de esvaziamento do campo e privatização da educação. Mais uma vez os nossos representantes políticos demonstraram que não dialogará com os anseios e as pautas de lutas  dos camponeses e camponesas. 
Atentos aos ecos do IV Congresso da CPT reavivados na Memória, na rebeldia e na esperança, assumimos o compromisso com os povos nos seus processos de luta e proclamamos: “Nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra e nenhum trabalhador sem direitos”.
Rolim de Moura, 30 de junho de 2016



                                     



   


Comentários

  1. As nossas Comunidades Ribeirinhas e das Florestas, compartilham das declarações expressas nesta carta e testemunha sobre a importância da inclusão e acolhimento da nossa gente por parte da CPT... Nestes processos de lutas...

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