Em Cacoal: Seminário discuti Educação do Campo
“Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós, que é o de assumir esse país democraticamente.” Paulo Freire
No dia 27 de abril de 2016, reuniram-se 30 pessoas no
auditório da Secretaria Municipal de Agricultura do município de Cacoal, para
um seminário sobre Educação do Campo.
O Seminário, provocado pela equipe
de base da Comissão Pastoral da Terra, foi motivado em razão dos clamores
vindos do campo, face as ameaças de fechamento de escolas no campo, e o projeto
de Ensino Médio com Mediação Tecnológica, proposto para as escolas da área
rural em Rondônia.
A conjuntura atual apresenta vários
desafios. Entre esses desafios, o da resistência, para sustentar as conquistas
na área da educação, manter nossas escolas e o ensino presencial. Essa
resistência faz parte do enfrentamento aos projetos de esvaziamento do campo.
Portanto os problemas enfrentados em relação a educação do campo não são
fatores isolados, mas são reveladores do tratamento desigual com relação ao
campo, visto sempre do olhar da cidade, para cumprir as necessidades da cidade.
Para os camponeses, pequenos
agricultores, o campo, é lugar de vida, de amor a terra, e de reprodução de
saberes. A escola precisa ir de encontro a isso, ser espaço de afirmação de
identidades, e formação libertadora dos sujeitos. Como fazer isso a partir de
aulas em televisores, se com os professores em sala já é tão precário?
A proposta do estado de Rondônia é
implantar o ensino a distância ou com mediação tecnológica no ensino médio na
zona rural. As escolas do nosso município que possuem ensino médio receberam
visitas da Coordenadoria de Ensino no início deste ano, e num primeiro momento,
os pais resistiram ao projeto.
Já o município, segue com a proposta
de construção de uma escola polo e o fechamento das demais, o reordenamento das
escolas, preocupa os pais, pois muda a escola, mas os problemas permanecem: a
distância aumenta, a falta de qualidade no transporte escolar, as más condições
das escolas, das estradas e a qualidade do ensino. A Escola do campo para nós é muito mais
do que uma estrutura física, é espaço de encontro e de vivência das
comunidades, fechar uma escola é destruir a cultura e organização local.
Quem acredita numa educação de
qualidade, pais, alunos, comunidades, devem estar atentos e PARTICIPAR DE
REUNIÕES E RODAS DE CONVERSA que permitam avaliar a implantação da Educação a
Distância, e conhecer o exemplo de várias comunidades do estado, que tem
utilizado da organização e da luta, junto aos movimentos da Via Campesina, para
resistir aos projetos que afetam a educação, e agravam a situação do
campesinato, tirando os jovens ainda mais cedo do campo.
Reafirmamos que precisamos estar organizados, para manter
nossas escolas abertas, e construir o projeto de educação do campo para o nosso
município, assim como um plano para a agricultura, que pense em especial a
juventude.
Sabemos que a Educação a distância vem embutida num
projeto que considera educação como mercadoria e não direito, por isso pode ser
privatizada. É preciso que comunidades onde as escolas estão inseridas
participem das discussões sobre este tema.
Precisamos para o campo, uma educação que seja
instrumento de libertação e afirmação de sujeitos, e não de um projeto, que em
nome de uma dita tecnologia copiada de outro estado, onde a realidade é outra,
isola a escola e o ensino da realidade da participação e da interação entre
profissionais, alunos, pais e comunidade.
equipe de base da CPT em Cacoal
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