PMs e fazendeiro são suspeitos de assassinato de jovens sem terra em Rondônia
As investigações apontaram o envolvimento de três policiais militares no crime. Dois deles estão em prisão cautelar e um é considerado foragido. Dono de fazenda onde ocorreu conflito foi preso há cerca de 15 dias.
(Fonte: G1 Rondônia/Imagem: Assessoria PM)
A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga o desaparecimento de um jovem de 18 anos, e um corpo localizado carbonizado dentro de um carro incendiado no dia 1º de janeiro deste ano, na Linha 114, zona rural de Cujubim (RO) no Vale do Jamari. Segundo a polícia, as investigações apontaram o envolvimento de três policiais militares nos crimes. Dois deles estão em prisão cautelar e um é considerado foragido.
Segundo a polícia, dois PMs presos são do 7º Batalhão, lotados em Ariquemes (RO) e Cujubim. Eles estão detidos no Centro de Correção da PM, em Porto Velho (RO), à disposição da Justiça. Já o terceiro policial militar envolvido é um sargento da reserva lotado em Ji-Paraná (RO). Ele está com a prisão preventiva decretada e é considerado foragido.
Além da suspeita de envolvimento dos suspeitos no desaparecimento e morte dos jovens, durante as investigações, a polícia concluiu ainda que os militares fazem parte de um grupo que trocou tiros com a própria PM no dia 3 de janeiro, ocasião em que foram encontrados um arsenal de armas pertencente ao grupo na Fazenda Tucumã, também em Cujubim.
Desse episódio e da morte e desaparecimento dos jovens, cinco pessoas foram identificadas e indiciadas. Sendo os três militares, o dono da caminhonete onde armas foram encontradas e o proprietário da fazenda, que teria contratado o grupo armado para fazer segurança do local.
A investigação
De acordo com o delegado regional Thiago Flores, no dia 31 de dezembro foi realizado uma reintegração de posse na Fazenda Tucumã. Os sem-terra que estavam no local, saíram pacificamente e não houve confronto.
No dia seguinte à reintegração, um grupo de cinco rapazes foi até o local. Eles teriam deixado o carro próximo a uma fazenda vizinha e teriam ido à pé até a propriedade para buscar pertences, já que eles não estavam no local no dia da reintegração e seriam parte integrante de um grupo que realizava invasões de terras na região.
No entanto, os jovens se depararam com um grupo de homens armados que faziam a segurança da fazenda. Eles foram forçados a irem embora, mas quando retornaram para o local onde deixaram o carro foram surpreendidos, novamente, pelo grupo armado.
Conforme Flores, dos cinco jovens, três conseguiram fugir e dois teriam sido alcançados pelo grupo armado. Entre eles estavam o jovem de 18 anos que continua desaparecido e o outro que teve o corpo carbonizado localizado em um carro incendiado.
"Após apurações, a suspeita é que o jovem desaparecido trata-se mesmo de Ruan Lucas Hildebrandt. Temos fortes indícios", declarou o delegado. O policial informou ainda que foram realizadas várias buscas na região do desaparecimento, mas até esta sexta-feira (11) o jovem não havia sido localizado.
Quanto ao corpo carbonizado encontrado no carro incendiado, o delegado contou que foram coletados materiais genéticos da ossada e dos possíveis pais para realização de exame de DNA. As amostras foram encaminhadas para Brasília (DF), e ainda não há data para que o resultado seja divulgado.
Arsenal de armas
Segundo a polícia, enquanto os militares realizavam buscas para tentar localizar o jovem desaparecido, eles foram até a Fazenda Tucumã. Lá, se depararam com o grupo de homens armados e uma caminhonete com armamentos pesados, inclusive uma metralhadora 9 mm, de uso privativo das Forças Armadas.
O grupo trocou tiros com a PM e a polícia conseguiu prender quatro pessoas. Dentre elas, três eram funcionários da fazenda e um sargento da reserva da PM de Ji-Paraná.
No entanto, após ser preso ainda na viatura, o sargento conseguiu fugir em direção a uma mata fechada. Foram levados à delegacia, no dia da apreensão das armas, três pessoas que seriam funcionários da fazenda.
Um deles foi liberado pois ficou constatado que não tinha envolvimento e dois foram presos por porte ilegal das armas, que estavam na propriedade. “Na ocasião nenhum suspeito de envolvimento com o arsenal foi preso. As prisões aconteceram no decorrer das investigações”, explicou o delegado.
As prisões
Flores acrescentou que a polícia conseguiu identificar o sargento que conseguiu fugir durante o confronto e a prisão e foi decretada a prisão dele pela Justiça, mas até esta sexta-feira (11) o militar não havia sido localizado.
Já a segunda identificação feita pela polícia, foi a do dono da caminhonete encontrada, onde estava o arsenal de armas. No veículo estava também a documentação dele, e o homem foi preso há 15 dias.
As investigações avançaram e a prisão do dono da fazenda foi decretada, que foi preso há cerca de 15 dias pelo crime de homicídio, suspeito de ser o mandante da morte do jovem encontrado carbonizado no carro. "Ele também responderá pelas armas encontradas na fazenda dele. Uma vez que ele contratou o grupo para fazer a segurança do local e sabia do poderio bélico", disse o delegado.
No decorrer das investigações, foram identificados ainda que dois policiais militares do 7º Batalhão faziam parte do grupo, e também teriam trocado tiros com a própria PM. Os dois militares, sendo um lotado em Ariquemes e outro em Cujubim, estão em prisão cautelar desde a última quarta-feira.
"Concluímos o inquérito sobre a morte e desaparecimento dos jovens, nos quais indiciamos cinco pessoas", destacou Flores. Ele ressaltou ainda que as investigações sobre a origem do arsenal de armas estão em andamento.
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