10ª Romaria da Terra e das águas: Terra, Floresta e Água, dádivas de Deus para viver e conviver
“A 10 ª Romaria da Terra e das Águas foi mais um momento
histórico
com a missão de “replantar” em cada coração um jeito de ser igreja
comprometida com a caminhada do povo pobre!”. Zé Pinto da CPT
No dia 23 de Agosto
aconteceu na cidade de Machadinho D’Oeste a 10ª Romaria da Terra e das Águas, com o tema:
Terra, Floresta e Água, dadivas de Deus para viver e conviver, a escolha da cidade para
sediar a 10ª Romaria partiu da necessidade de alertar a população local sobre a
construção da hidrelétrica Tabajara e a PCH da Cachoeira São Jose na cidade, o
avanço do agronegócio e a concentração de terras na região, conscientizar a
população sobre os malefícios dos agrotóxicos, uma vez que a cidade registra
altos índices de uso e pela atual situação de conflitos agrários na região.
Se reconhecemos na
terra, água e floresta as dádivas de Deus, por outro lado essa romaria nos
convida enquanto cristãos a sermos testemunhas de um novo céu e uma nova terra,
devemos lembrar a profecia de Maria, as mudanças nos pequenos gestos coerentes
com a sua fé, derruba do trono os poderosos.
Jair Bruxel que
participou de todas as romarias relembra “Naquela época as pessoas
vinham de pau de arara, de caminhão, chegavam de todos os lugares do estado,
todas com muita fé e animação, desde então todas as romarias vem alimentando a
esperança do povo de Deus da luta pela terra e na terra.
São 29 anos de
Romaria da terra, muitas coisas mudaram, mas ainda muitas bandeiras de 87 são
bandeiras vivas e recentes, muitas romarias ainda vão acontecer para que o povo
tenha esperança que a água possa servir
para todos, que o meio ambiente possa ser preservado e para que nos possamos judiar menos de nossa casa comum.”
A romaria contou com
a participação de varias pastorais da igreja católica e dioceses de
Guajará-Mirim, Porto Velho e Ji-Paraná, para Zé Pinto da CPT “A 10 ª
Romaria da Terra e das Águas foi mais
um momento histórico com a missão de “replantar” em cada coração um jeito
de ser igreja comprometida com a caminhada do povo pobre!”.
Vários movimentos
sociais do campo e da cidade que fazem parte da VIA Campesina, como o Movimento
dos Atingidos por Barragens MAB, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra MST e
o Movimento dos Pequenos Agricultores MPA, participaram ativamente da
construção da Romaria. Também foi marcante a atuação das comunidades ribeirinhas
como São Carlos e Nazaré, extrativistas e indígenas que denunciaram ameaças a
seus territórios e violações de seus direitos, para Claudio da Coordenação
estadual do MST RO “E muito importante ter os movimentos sociais
participando da Romaria em Machadinho, atualmente essa região vive uma
conjuntura muito complexa, temos duas situações impactantes, a primeira é o uso
de agrotóxicos nos monocultivos de arroz e a outra e a construção da
hidrelétrica de Tabajara”. Segundo ele em todos os municípios do estado de
Rondônia que foram construídas hidrelétricas o impacto da população local foi
muito grande, essa Romaria vem chamar a sociedade para refletir sobre o cuidado
coletivo que devemos ter com a terra e com a água, com a terra o
MST reforça a luta pela reforma agraria para que todos os camponeses tenham
acesso a terra, e com a defesa da água que é
importante para a produção de alimentos mas também para o consumo humano,
a água é um patrimônio coletivo, a construção de
qualquer hidrelétrica em qualquer região tem que ser dialogada com a
sociedade.”
Caminhavam juntos
romeiros de varias denominações cristãs, para Jose Aparecido da Diocese de
Ji-Parana “Desde a primeira romaria da terra que aconteceu dia 20 de
junho de 1987, em Ji-Paraná, percebemos o comprometimento das comunidades, da
Igreja católica e luterana e dos movimentos sociais com a vida, a reforma
agraria, a defesa das águas, da terra e da
floresta, e essa 10ª Romaria traz uma reflexão sobre os mártires que
doaram suas vidas na defesa da terra, esse ano celebramos 30 anos do
assassinato do Padre Ezequiel e certamente ele esta presente nessa caminhada
junto com outros homens e mulheres que também perderam suas vidas na
luta”.
A
caminhada de 6 Km, saiu da Paróquia Matriz Nossa Senhora de Aparecida até a Cachoeira
de São José, lugar onde pretende-se construir uma PCH (Pequena Central
Hidrelétrica), cerca de quatro mil e quatrocentos pessoas participaram da
caminhada e permaneceram nesse local refletindo e celebrando.
A vivência da
espiritualidade se manifesta nas mais diversas formas, numa Romeira que veio
pela terra, mas também da água, em canoas, entoando o canto “Virá o dia em que
todos ao levantar a vista, veremos nesta terra reinar a liberdade”.
Dom Benedito, bispo
de Guajará-Mirim que presidiu a missa, conclamou romeiros e romeiras a se
comprometerem com as causas sociais e sintonizados com as palavras do Papa
Francisco convidou a todos a repetirem juntos: “NENHUMA FAMÍLIA SEM CASA,
NENHUM CAMPONÊS SEM TERRA E NENHUM TRABALHADOR SEM DIREITOS!”, renovadas
as esperanças e os compromissos as reflexões feitas nessa romaria segundo ele
“devem refletir no trabalho de base”, “essa romaria é para refazer as nossas forças, despertar a
nossa coragem, afastar o medo, o cansaço e renovar o nosso testemunho, o nosso
compromisso, pois Deus é o nosso guia e nos conduz nessa caminhada”.
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