O Forte Príncipe da Beira continua abandonado, em Costa Marques, Rondônia.
Muro externo do Forte Príncipe da Beira, coberto de mato. foto cpt ro |
O Forte Príncipe da Beira, situada no município de Costa Marques, está abandonada, tomada pelo mato. A fortaleza é um dos principais patrimônios históricos do Estado de Rondônia, sob custódia do Exército, que não permite á comunidade quilombola do local exercer o trabalho de guia turístico e cuidado da histórica construção.
A comunidade quilombola mantém um pleito com o Exército, que descumprindo a lei, não permite ao INCRA a realização do estudo territorial (IRTD) que deve servir de base ao reconhecimento dos direitos históricos da comunidade. O MPF de Ji Paraná entrou em Ação Civil Pública contra o Exército Brasileiro por este motivo. O próximo dia 11 de março está prevista uma audiência de conciliação na Justiça Federal de Ji Paraná.
A situação atual deixa muito a desejar. Com a época das chuvas, o mato cresce a vontade nos muros e interior de fortaleza, onde apenas pequenos corredores são mantidos em meio da vegetação para uma visita básica. Sair da pequena trilha e arriscar-se no meio do matagal é perigoso para a segurança dos visitantes, pela presença de cobras peçonhentas entre as pedras centenárias.
A situação é tão grave que os muros e construções continuam desmoronando, sujeitos a degradação acelerada da chuva e vegetação, voltando a um estado semelhante a que encontrou o Marechal Rondon quando redescobriu o Forte para o Brasil em 1914.
Trabalho de reconstrução iniciado pelo IPHAE, com colaboração da comunidade, foi abandonado, virando as pedras removidas, montes de entulho também tomados pelo mato.
Porém o local nunca foi abandonado pelos seus construtores, os descendentes do africanos escravizados pela coroa portuguesa do rei, trazidos para construção do mesmo entre 1776 e 1783, pelo governador da província do Mato Grosso Luis Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, consagrando os limites da colônia espanhola e portuguesa, os atuais limites da divisa da Brasil e a Bolívia, no Rio Guaporé.
À construção do Forte deve-se em parte a chegada da população negra e quilombola na região, por causa das minas de ouro de Vila Bela, nas cabeceiras do Rio Guaporé e a disputa do território pelos portugueses.
Depois do fim do ouro e o abandono do Vale do Guaporé, considerado insalubre pelo homem branco, existem notícias que o Forte passou a ser comandado como presídio por homens de cor, pelo menos até 1830.
Os quilombolas de Rondônia, situados a maioria das comunidades ao longo da divisa com a Bolívia, a beira do Rio Guaporé, são ainda hoje a maioria dos moradores da fronteiras e verdadeiros guardiões da fronteira do Brasil.
Interior da Fortaleza. foto cpt ro |
Redescoberto o Forte Príncipe da Beira pelo Marechal Rondon em 1914, em 1940 ele mesmo construiu as primeiras instalações do atual quartel militar e conduziu o atual batalhão de fronteira.
Testemunhas, filhos de praças chegados na época, relatam que quando chegaram acompanhando Rondon continuava existindo uma numerosa comunidade negra, descendentes dos antigos escravos e remanescentes dos quilombos estabelecidos na serra próxima ao lugar.
A população que mora no local desde a época da construção, foi reconhecida como comunidade quilombola no dia 19 de Agosto de 2005 pela Fundação Palmares e a localidade foi declarada Distrito do Município de Costa Marques.
Além de impedir atividades turísticas, como construção de alojamentos, restaurantes, venda de artesanato e atividades de guias turísticos, a comunidade já sofreu diversas retaliações em anos recentes, como ser impedidos de fazer roça, restaurar casas e outras, como dificuldade de acesso a escola, situada dentro do quartel militar. No passado uma família de seringueiros de origem indígena teve sua casas queimada e foram impedidos de recolher a colheita de castanha. Ainda em 2014 um jovem foi impedido de continuar o trabalho em sua roça.
Além de impedir atividades turísticas, como construção de alojamentos, restaurantes, venda de artesanato e atividades de guias turísticos, a comunidade já sofreu diversas retaliações em anos recentes, como ser impedidos de fazer roça, restaurar casas e outras, como dificuldade de acesso a escola, situada dentro do quartel militar. No passado uma família de seringueiros de origem indígena teve sua casas queimada e foram impedidos de recolher a colheita de castanha. Ainda em 2014 um jovem foi impedido de continuar o trabalho em sua roça.
Frente do Forte no passado. foto divulgação |
Estive hoje na casa onde nasceu Luis Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, em Portugal, por curiosidade pesquisei a obra que marcou a sua presença no Brasil, fiquei admirado com uma antiga filmagem do forte e com a sua imponência! Ao ver o actual estado em que está, é desolador ver a decadência... Será este o futuro das obras dos nossos antepassados?
ResponderExcluirOlá! Sou da região do Forte. Gostaria de obter esse vídeo, vc tem?
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