CPT do Acre realiza campanha pelos atingidos da cheia.


O Acre vive uma catástrofe. Nossas palavras de ordem são socorro, assistência e solidariedade! Se fala de mais de 20 abrigos, 2500 famílias nesses abrigos (8500 desabrigados) e mais de 100 mil pessoas atingidas em 29 mil edificações de 54 bairros de Rio Branco. O nível de 18,34 metros, na medição das 10 horas desta quarta-feira, 04/03/2015. Fotos e texto: divulgação

A CPT do Acre tem começado uma campanha de recolhida de ajudas para as famílias mais dessasistidas: Banco do Brasil: AG. 0071 x CC 119 568-9 - Comissão Pastoral da Terra - Ac

Vejam:

Acre das chuvas, Acre das águas....... 

O rio Acre tem sua nascente no Peru e deságua no Brasil, na margem direita do rio Purus, junto à cidade amazonense de Boca do Acre. É razoavelmente povoado para os padrões amazônicos. No município acreano de Assis Brasil, o rio marca a fronteira dessa cidade com Iñapari (Peru) e Bolpebra (Bolívia). Além destas cidades, outras localidades situadas à beira do rio são Brasileia, Cobija (Bolivia), Epitaciolândia, Xapuri, Rio Branco, Porto Acre e Boca do Acre. Ao atravessar a cidade de Rio Branco, o rio divide-se em dois distritos. 
Em fevereiro de 2015 o rio Acre encheu de maneira descontrolada. Hoje, 04 de março, às 20 horas, a última medição registrou a marca de 18,40 metros de profundidade na capital acreana. Essa é a maior enchente de sua história ultrapassando a ocorrida em 1997 quando o rio alcançou 17,66 metros. 
O rio continua enchente a cada minuto, as pontes que dão acesso ao segundo distrito e algumas vias do centro da capital estão interditadas. A cidade de Rio Branco está um CAOS. A cheia já alagou 53 bairros e mais de 18 mil edificações. A prefeitura já montou sete abrigos e o governo decretou ponto facultativo para os servidores no período de 02 a 07 deste mês, com o objetivo de aumentar o número de voluntários no atendimento às famílias desabrigadas. As escolas suspenderam as aulas e as universidades particulares irão começar a funcionar depois do dia 07 de março. Foi também decretado estado de calamidade pública. 

As Famílias e os abrigos 
A cheia do rio Acre já desabrigou mais 180 mil pessoas. As crianças, as que mais sofrem com a situação, são mais de mil. Além do abrigo montado no Parque de Exposições, a prefeitura e o governo montaram 21 abrigos públicos em alguns bairros da cidade. Algumas famílias também vão para a casa dos parentes, amigos e igrejas. 
Geralmente as famílias chegam aos abrigos em caminhões dos órgãos do Estado. Cada caminhão leva duas ou três famílias, que são cadastradas e no mesmo instante fazem um inventário de seus bens. Após o cadastramento e o inventário, as famílias são encaminhadas para um box improvisado que funciona como “sua casa”. 
Os bens móveis que não serão utilizados no abrigo ficam lacrados e são separados por famílias com seu inventário em um local reservado para este fim e a vista de cada família. Elas levam para os boxes somente o que necessitam para uso pessoal, como tevê, ventilador, colchão e roupas. 
Geralmente, as famílias tiram tudo o que conseguem salvar de suas casas. A maioria consegue levar todos os pertences e as que não conseguem, guardam no forro da moradia. Mesmo assim, algumas famílias chegam aos abrigos quase sem nada. “Não deu tempo de tirar nada, a água entrou em casa numa rapidez assustadora”, fala seu Raimundo da Silva, morador do bairro Taquari, que chegou ao abrigo do Parque de Exposições com nove pessoas da família, entre as quais uma criança. 
Os abrigos têm farmácia, médico, posto de saúde e recreação infantil, além de café da manhã, almoço, janta e lanche. Nas cozinhas comunitárias, as mães fazem o mingua das crianças e fervem agua para higienização dos utensílios domésticos. Não pode entrar bebida alcóolica e o portão fecha às 21 horas, ninguém entra e ninguém sai por determinação da coordenação dos abrigos. 
Muito embora os esforços sejam grandes por parte da população em geral e do poder público, os abrigos ainda têm problemas como a falta de leite, massas e fraldas descartáveis. As famílias vêm com um grau de estresse muito alto e às vezes criam alguns problemas, na maioria de convivência com o local e com outras famílias. As doações chegam a todo instante, como roupas, cobertores, colchões, utensílios para higiene... mas, ainda falta leite, massa e fraldas descartáveis. 

Os municípios 
Brasileia, município que faz fronteira com a Bolívia (Cobija) capital do departamento de Pando, foi uma das mais castigadas pelas chuvas. Na última medição o nível do rio Acre atingiu 15,34m de profundidade, ultrapassando a marca histórica de 14,72m, registrada em 2012. A cidade estava sem energia elétrica e sem comunicação. O Vale do Acre é uma das regiões mais impactadas ambientalmente desde o final dos anos 60 por desmatamento e instalação de fazendas. 
No Vale do Acre o desmatamento é grande. Brasileia tem uma taxa de desmatamento de 32,34%, Xapuri 23,88% e Epitaciolândia 49,72% de desmatamento. Isso justifica que 95 % da cidade de Brasileia foram cobertos pelas águas. 
O Vale do Juruá também está enchendo. O nível do principal rio da região, o Juruá, marcou 13,50 metros, cinquenta centímetros acima da cota de transbordamento. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a previsão para os próximos dias é de elevação das águas. Ainda de acordo com o comandante BM, coronel Marcelo Araújo, “não precisa necessariamente ter chovido nas cabeceiras, acreditamos que essa água que chegou aqui é de dois a quatro dias atrás. Os municípios de Marechal Thaumaturgo e Porto Walter apresentaram vazantes, mas, nada muito significativo. Essa água vem toda para cá”. 
Cinco bairros que ficam às margens do rio estão sendo afetados pela alagação, 28 pessoas desalojadas, num total de sete famílias que estão sendo amparadas pelo aluguel social de responsabilidade da prefeitura. Nesses bairros a energia esta suspensa e só deve ser restabelecida quando o rio baixar e apontar 12 metros. 
O ano letivo no município também foi afetado pela cheia do rio. Segundo o representando da Secretaria de Educação no município, Charles André, as aulas só começarão no dia 09 de marços. Além do quadro de professores ainda não esta completo, os barcos responsável pelo transporte dos estudantes ribeirinhos não foram liberados, pois a elevação das águas traz perigo ao deslocamento desses estudantes. 
O trafego no rio também esta em estado de alertar, pequenas embarcações estão evitando trafegar devido a correnteza e ao volume de balseiros (pau, troncos de árvores) que desce nesse período. 

Ribeirinhos 
As comunidades do Riozinho do Rola, principal afluente do rio Acre, estão isoladas. As regiões mais afetadas pelas águas foram Catuaba, Colibri, Liberdade e Belo Horizonte. Até o momento não se pode prevê o montante do prejuízo. 
Sem comunicação e isolados, os ribeirinhos da bacia hidrográfica do riozinho do Rola, em Rio Branco, acompanhados pela CPT Acre, perderam toda a produção, os animais morreram e pertences foram levados pelas águas. 
Mesmo sendo um momento onde juntos temos que ajudar as famílias, sermos solidários, minimizar o máximo do sofrimento das famílias que perderam tudo do pouco que tinham, não podemos fechar os olhos para o desmatamento e a orientação dos governos em explorar a Amazônia sem um mínimo de controle. Esta sustentabilidade não se sustenta. 
Um dos maiores problemas da região Amazônica é a grande degradação florestal, que é o primeiro passo para o desmatamento. Além disso, ela causa inúmeros conflitos sociais, ameaças e assassinatos de lideranças que lutam para proteger a floresta. A extração de madeira é um dos graves problemas na Amazônia. Essa madeira chega aos mercados nacionais e internacionais como se fosse legal, por meio de um processo de “lavagem” que utiliza documentos oficiais para dar status de legalidade à madeira tirada de locais que não possuem autorização – incluindo áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. O sistema do governo que deveria controlar o setor madeireiro é falho e está totalmente fora de controle. 
Temos a clareza que os programas e as promessas de desenvolvimento para a Amazônia também se espalham pelos rios, em forma de grandes hidrelétricas, e pelas províncias minerais, em forma de garimpo. Mas, o modelo econômico escolhido para a região deixa de fora os dois elementos essenciais na grandeza da Amazônia: meio ambiente e pessoas. Essas pessoas que sofrem constantemente grandes secas e grandes alagações. 
Neste momento é hora de unir as forças, ser solidário, ajudar, contribuir, fazer campanhas de doação. Mas não podemos esquecer os elementos essenciais para que no futuro não tenhamos “surpresas” avisadas, denunciadas e comprovadas. Ajude as famílias, doe o que for possível, roupas, remédios, alimentos não perecíveis.... Neste momento a comunidade precisa de nossa ajuda! SEJA SOLIDÁRIO. 

Os agentes da CPT , voluntários e amigos estão trabalhando, retirando as famílias, cadastrando, arrecadando alimentos, roupas.........sendo presença neste momento difícil. Ajudando os ribeirinhos a terem neste momento o mínimo que uma família precisa ter. 
Que Deus ajude a nós! Que cuide de nossas crianças! 
Nosso povo precisa de ajuda, POR FAVOR AJUDEM! a situação já está fora do controle...Um verdadeiro Caos........ 
Doe, é seguro, é humano é fraterno e é necessário. Vamos buscar seja o que for e onde for. (Roupas, lençóis, colchões, colchonetes, cobertores.......) 
Para os distantes podem ajudar depositando e em posteriormente, mandaremos os comprovantes fiscais. 

Dados bancários:
Banco do Brasil: AG. 0071 x CC 119 568-9 - Comissão Pastoral da Terra - Ac
Darlene - Célio - João - Cosme - Josefa - Karen - Ruberval - Bruna - Sara - Mariano - Marice - Branco - Isidoro - Barreto.  Contato 68 32292012

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