Destruído acampamento de sem terra em Monte Negro, Rondônia

Segundo informações divulgadas na internet, esta quarta-feira (03.09.14)), foram destruídas as moradias de arredor de 40 famílias do Acampamento Monte Verde, na linha C-35, de Monte Negro, Rondônia em reintegração de posse judicial.
Pá carregadeira destrói moradias do Acampamento Monte Verde, em Monte Negro, Rondônia.
foto rondoniavip
A destruição das casas de madeira e palha do acampamento foram realizadas por uma pá carregadeira protegida por um forte contingente policial, depois que as famílias que moravam no acampamento fugiram do local, abandonado pertences, comida e animais domésticos.  A destruição das casas pela pá carregadeira foi recolhida por imagens de jornalistas do site rondoniavips que acompanhavam a ação da justiça.
O Ouvidor Agrário regional do INCRA/RO Erasmo Tenório da Silva confirmou para CPT RO ter estado presente na reintegração de posse. Também que tinha estado acompanhando a notificação dos acampados na sexta feira passada, ocasião em que presenciou a prisão de um homem armado que tinha ido no local procurando terra para a filha dele. Confirmou que quando a polícia chegou todos os acampados já tinham abandonado o local e disse não ter testemunhado a destruição das moradias dos acampados, prática que é contra as diretrizes da Ouvidoria Agrária Nacional, a quem entre outras funções, compete "garantir os direitos humanos e sociais das pessoas envolvidas em tensões e conflitos sociais no campo" (Decreto Federal 6.813 de 03 de abril de 2009).

Forças policiais do COE deram escolta a máquina
que destruiu o acampamento de famílias sem terra. foto rondoniavip
A começo de julho a polícia já tinha tentado despejar as famílias. No mesmo mês de Julho de 2104 o Incra de Rondônia tinha reconhecido que as terras em conflito agrário com a Fazenda Padre Cícero são Terras da União e manifestou interesse em dedicar para Reforma Agrária a fazenda situada no lote 04, gleba 09, linha 40, no setor Santa Cruz, no município de Monte Negro. Confirmada a propriedade da União da área, a segunda vara cível da justiça estadual de Ariquemes não teria competência para ordenar a reintegração de posse.
Mesmo assim, ordem judicial foi cumprida pela Polícia Militar e Polícia Civil que com forte aparato policial escoltou caminhões, ônibus e uma máquina pá carregadeira durante a operação. A reintegração teria contado com um efetivo de 30 policiais militares, dois agentes da Polícia Civil, conselho tutelar, oficial de justiça e um representante do INCRA.

A pá carregadeira deixa atrás o entulho das moradias destruídas.
foto rondoniavip
Segundo as fontes citadas, as famílias acampada fugiram para a floresta antes da chegada do comboio militar e não foram encontradas no local, encontrando apenas barracos cobertos de lonas e palhas, que foram destruídos.  Alguns deles ainda tinham fogo no fogão, comida preparada e animais domésticos. 
Segundo a mesma informação, a polícia na semana passada apreendeu no local um homem armado e materiais da Liga dos Camponeses Pobres - LCP.  Segundo informativo publicado no dia 29 de agosto de 2014, na data a polícia entrou no acampamento e em varredura no local foi encontrada em um dos barracos abandonados pelos acampados, munição de vários calibres, vários cartuchos deflagrados, uma espingarda calibre 16, um colete balístico, alguns rádios transmissores, motosserra, lanterna, bombas artesanais, uma faca de caça, insumo para recarga de munição, uma câmera fotográfica, uma filmadora, um aparelho celular. 

Após a apreensão destes materiais a equipe policial estava se retirando do acampamento quando se depararam com Izael Barbara da Silva, 52 anos, o qual ao avistar os policiais correu em direção ao mato e dispersou um revolver, marca Taurus, Calibre 38, com numeração raspada, carregado com seis munições intactas.

No final do ano passado a polícia civil também prendeu oito integrantes do acampamento, que desmentiram terem armas no acampamento.

Por outro lado, segundo informações recebidas na CPT RO, policiais militares estão ilegalmente trabalhando de seguranças do latifundiário Nadir Jordão dos Reis e a finais de julho estiveram atirando contra o acampamento Monte Verde, onde teria três camponeses baleados na tentativa de retirada forçada das famílias da mencionada área. O advogado dos camponeses denunciou ter recebido ameaças de morte.
Pá carregadeira avançando na fileira de moradias do acampamento.
Foto rondoniavip

A reintegração foi pedida pelo proprietário da fazenda Padre Cícero. A informação da reintegração relata que segundo o mesmo, a LCP insiste em desobedecer a justiça e sempre volta após a reintegração, acusa os acampados de andar armados, ameaçar os funcionários da fazenda que cuidam do gado e atirar em em direção à sede da fazenda, de sequestro de um funcionário no qual "fizeram roleta russa com revólver na cabeça", assim como do "sumiço" de quase 60 cabeças de gado.

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