A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) denuncia desaparecimento de dois camponeses em Chupinguaia, Rondônia

Publicamos embaixo denúncia recebida na CPT RO do desaparecimento de Daniel e Paulo, camponeses do Acampamento Gilson Gonçalves de Chupinguaia. Segundo a informação, eles formavam parte de um grupo de 60 famílias que ocupou uma fazenda em Chupinguaia atribuída ao "latifundiário Negão Zen", segundo a nota "próxima ao distrito de Primavera".
  
Daniel (em destaque) e esposa (de óculos escuros)
em visita à área Renato Nathan 2 (Ariquemes), em agosto de 2014.

A fazenda foi ocupada o dia 02 de setembro.
Segundo a nota: "No dia 2 de setembro, terça-feira, cerca de 60 famílias tomaram a fazenda. Muitas delas vinham de outros acampamentos despejados e cansaram de esperar pela reforma agrária falida do governo". 

Polícia e pistoleiros no local na quarta feira.
Afirmam que "Na quarta-feira (3), policiais militares foram no acampamento, às 11 horas da noite e prenderam duas motos, uma atitude totalmente irregular".  Segundo a informação,  um grupo de pistoleiros rondava o acampamento em três caminhonetes. 

Dois desaparecidos:
"No dia 4, quinta-feira, os camponeses Daniel e Paulo saíram de moto do acampamento às 6 horas da manhã para comprar alimentos para as famílias, mas nem chegaram na cidade. No dia seguinte, cerca de 7 pistoleiros cercaram o acampamento e atiraram várias vezes contra os camponeses".

Famílias sitiadas no acampamento.
Ainda que "As famílias estão sitiadas no acampamento, passando várias dificuldades, com medo de saírem e sem notícia alguma dos desaparecidos."

A maior parte da fazenda seria grilada.
"A fazenda tem mais de 2.000 (dois mil) alqueires, a maior parte grilada. Nas cidades e distritos vizinhos do acampamento, o que se sabe sobre o Sr. Nego Zen, morador de Vilhena, é que ele comprou 6 lotes de 42 alqueires (252 alqueires ao todo) e com os documentos destas terras foi “regularizando” os lotes vizinhos que ele grilava. Se sabe ainda que ele não é bem quisto pelos fazendeiros (médios proprietários) vizinhos."

Envolvido em crime de trabalho escravo.
A nota da LCP afirma que: "Segundo comentários dos acampados, Nego Zen está sendo processado por crimes trabalhistas, inclusive trabalho escravo. E que foi encontrado na fazenda um cemitério clandestino com várias ossadas, possivelmente de trabalhadores." 

Fonte e fotografias: LCP 
Veja abaixo a nota completa da LCP


Daniel em encontro de delegados da LCP em Corumbiara em Agosto 2014.

Urgente! 
Bando armado do latifúndio ataca camponeses, dois estão desaparecidos 
Jaru, 06 de setembro de 2014 

Desde as 6 horas da manhã do dia 4 de setembro, quinta-feira, Daniel e Paulo, dois camponeses do Acampamento Gilson Gonçalves estão desaparecidos. O acampamento fica no município de Chupinguaia. O responsável por mais este crime hediondo é o latifundiário conhecido como Nego Zen, que se diz dono das terras. O governo Lula/Dilma/PT também são responsáveis. É urgente uma missão de solidariedade com apoiadores de toda Rondônia para encontrar os camponeses e barrar a violência do latifúndio. 

Nego Zen, típico latifundiário de Rondônia 
Localizada próximo ao distrito Primavera de Rondônia, a fazenda tem mais de 2.000 (dois mil) alqueires, a maior parte grilada. Nas cidades e distritos vizinhos do acampamento, o que se sabe sobre o Sr. Nego Zen, morador de Vilhena, é que ele comprou 6 lotes de 42 alqueires (252 alqueires ao todo) e com os documentos destas terras foi “regularizando” os lotes vizinhos que ele grilava. Se sabe ainda que ele não é bem quisto pelos fazendeiros (médios proprietários) vizinhos. 

Segundo comentários dos acampados, Nego Zen está sendo processado por crimes trabalhistas, inclusive trabalho escravo. E que foi encontrado na fazenda um cemitério clandestino com várias ossadas, possivelmente de trabalhadores. 

No dia 2 de setembro, terça-feira, cerca de 60 famílias tomaram a fazenda. Muitas delas vinham de outros acampamentos despejados e cansaram de esperar pela reforma agrária falida do governo. Já na quarta-feira, policiais militares foram no acampamento, às 11 horas da noite e prenderam duas motos, uma atitude totalmente irregular. E quem deveria realmente ser perseguido – os pistoleiros – seguiram livres, rondando o acampamento em três caminhonetes. 

No dia 4, quinta-feira, os camponeses Daniel e Paulo saíram de moto do acampamento às 6 horas da manhã para comprar alimentos para as famílias, mas nem chegaram na cidade. No dia seguinte, cerca de 7 pistoleiros cercaram o acampamento e atiraram várias vezes contra os camponeses. 

Reforma agrária do governo é só repressão contra os camponeses 
A LCP sempre denunciou a falência da reforma agrária do governo. O PT, que antes de assumir a cabeça do velho Estado, sempre prometeu tudo aos camponeses, conseguiu ser pior que o bandido FHC. Praticamente não cortou nenhum latifúndio, a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança e até o Exército têm participado de despejos violentos de acampamentos. Aumentou o número de camponeses e lideranças assassinadas. 

Ao contrário, os governos e a “justiça” dão todo apoio aos latifundiários e seus bandos armados que aumentam sua violência e seguem impunes. 

Todo apoio às famílias do acampamento Gilson Gonçalves! 
As famílias estão sitiadas no acampamento, passando várias dificuldades, com medo de saírem e sem notícia alguma dos desaparecidos. Eles precisam urgentemente de todo apoio. 

O ataque de pistoleiros, a impunidade deles, o desaparecimento dos camponeses Daniel e Paulo é de inteira responsabilidade do latifundiário Nego Zen e do governo Lula/Dilma/PT. Eles têm que dar conta dos camponeses Daniel e Paulo imediatamente! Eles têm que parar imediatamente com a violência contra famílias que lutam pelo sagrado direito à terra! Eles têm que ser devidamente punidos! 

Convocamos os camponeses, trabalhadores da cidade, professores, estudantes, movimentos populares de luta, pequenos e médios comerciantes, democratas, apoiadores de todo o estado a se unirem numa missão de solidariedade em Chupinguaia e no Acampamento Gilson Gonçalves. 

Custe o que custar, os responsáveis por mais estes crimes contra os camponeses serão punidos. 
O povo quer terra, não repressão! 

Legenda da foto: Daniel (em destaque) e esposa (de óculos escuros) em visita à área Renato Nathan 2 (Ariquemes), em agosto de 2014. 

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia ocidental

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