Um clima difícil se instalou, inclusive com sentimentos de desesperança por parte das famílias de posseiros de duas associações de pequenos agricultores de Vilhena, há anos vivendo na área e do seu trabalho na mesma, tirando o sustento próprio e das suas famílias. Numa delas, com dez anos de posse no local, o fim do conflito e regularização das terras parecia próxima após ter antigo título provisório anulado, retornando o domínio à União como legítima proprietária. Precisa apenas da intervenção da Advogacia Geral da União (AGU) para pedir imissão de posse e trasladar do processo judicial a esfera federal.
Oficial de Justiça de Vilhena cumprindo ordem expedida pela juíza da 4ª Vara Cível, Drª Christian Carla começou a citar sexta feira 11 de julho de 2014 os trabalhadores rurais da Associação ASPROVA , do Lote 53 de Vilhena, com prazo de desocupação do imóvel.
Enquanto em dezembro de 2103 o presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais do Vale do Rio Ávila (ASPROVA), Natal Ghilardi comemorava com as 45 famílias ter ganho na justiça o direito de manutenção de posse da Fazenda São José, onde moram há dez anos. O motivo da comemoração foi que deste imóvel já foi cancelado o título provisório CATP e publicado no diário oficial da união e notificado o cartório de Vilhena para averbação, conforme encaminhamento da ultima audiência pública com a Ouvidoria Agraria Nacional em Vilhena.
Por outro lado está comprovado que o imóvel que ocupam as famílias da Associação Asprova é público. Seu documento e título provisórios foram cancelados. Eles estão sendo ameaçados de despejo apesar de ter sido anulado o título provisório que fundamentava a ordem judicial de saída da terra que ocupam, o Lote 53.
Pedidos de suspender a reintegração de posse foram realizados sem sucesso pelo assessor jurídico da CPT Dr. Afonso das Chagas, pelo Defensor Público Agrário, Dr. João França e inclusive do MPF, ao que se sabe, foram solenemente negados ou desconsiderados. O motivo poderia ser que sucessivos pedidos para que a AGU/RO interviesse no feito como oposição e pedisse a transferência dos autos para a Justiça Federal de Vilhena não se concretizaram até agora, apesar de sucessivas promessas da AGU/RO promover tal iniciativa.
Segundo Afonso das Chagas, bastaria à União pleitear a imissão na posse para o INCRA, uma vez que a terra pertence o domínio da União, e regularizar a posse das famílias. A intervenção da União,pela AGU, pedindo o declínio de competência no feito processual, acima referido e a destinação de tal imóvel aos pequenos trabalhadores rurais, "viabilizaria a solução de demandas coletivas históricas por terra, moradia e dignidade, secularmente negadas aos pequenos trabalhadores e impediria a que "especuladores imobiliários", dilapidem em nome próprio o que é de interesse público".
Segundo a assessoria agrária da CPT RO é necessário pedir para a "União sair da inércia em que insiste em ficar" o qual "Só beneficiará à grileiros de terras públicas e especuladores imobiliários da região, infelizmente ancorados na decisão "intransigente" da magistrada em desconhecer os fatos alegados e apurar as provas já acostadas nos autos".
Existem precedentes de situação semelhante onde intervenção do MPF conseguiu a suspensão da reintegração de posse no Lote 53 (Chupinguaia), junto aos posseiros da Associação Nossa Senhora Aparecida, onde foi promovido conflito de competência, pela via adequada, junto à Justiça Federal em Vilhena.
Assim os posseiros estão pedindo a intervenção da Ouvidoria Agrária, do INCRA e CPT urgindo a necessária intervenção da AGU, tentando desta forma evitar "todo o desgaste de reintegrações descabidas, de mobilização de contingente militar, de outros desesperos, próprios desta situação."
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