Jovens do Assentamento flor do Amazonas realizando sonhos.

 
“A ARGILA FUNDAMENTAL DE NOSSA OBRA É A JUVENTUDE. NELA DEPOSITAMOS TODAS AS NOSSAS ESPERANÇAS E A PREPARAMOS PARA RECEBER A BANDEIRA DE NOSSAS MÃOS”. Che Guevara


Nos dias 02 e 03 de novembro de 2013, mais ou menos 30 jovens do assentamento Flor do Amazonas localizado próximo ao Candeias, reuniram-se e participaram de oficinas de stencil, teatro, além de discussões sobre perspectivas e desafios da juventude camponesa no Bioma Amazônico.

Esse encontro foi fruto de uma reunião com AEFACAJ-Associação Escola Família Agrícola, onde a mesma expôs suas preocupações e dificuldades que vem sofrendo com o estado em relação a implantação da Escola. 
 
A CPT, enquanto Pastoral assume o compromisso de ser presença nas comunidades camponesas, e fortalecer as ações de resistência que estas desenvolvem. No assentamento Flor do Amazonas, foram anos de luta pela Terra, mas hoje vê-se claramente que a luta apenas começou, e que ter terra era um passo, mas não a concretização dos sonhos.

Os jovens assentados estudam em Candeias do Jamari, muitos fazem uma viagem de mais de 40 km para chegar até a escola, além do ensino urbano não contribuir na perspectiva de permanência do jovem no campo. Frente a isso, seguem-se alguns anos de luta por uma Escola Família Agrícola que atenda essa juventude, oferecendo o ensino adequado para a realidade e a necessidade local – trabalhar a terra e viver dela com sustentabilidade e dignidade.

A luta por essa escola continua e precisa envolver a comunidade, principalmente quando o estado havia garantido o recurso para a construção dessa escola, porém hoje alega ter investido em outro setor, frustrando expectativas do povo. Enquanto não se tem essa escola, a problemática posta é a juventude refém do espaço da escola convencional, sem ter oportunidade de desenvolver atividades culturais, artesanais, e encontros onde possa discutir a sua realidade e propor ações necessárias para melhoria de condições.
Diante disso, vários educadores populares da Recid e Movimentos Sociais se propuseram a estar com estes jovens apresentando as diversas possibilidades de atividades que podem ser desenvolvidas na comunidade. Estiveram presentes também a equipe de Capoeira Angola de Porto Velho com Mestre Xoroquinho, explicando sobre a importância da capoeira enquanto cultura brasileira, e instrumento de resistência.
Durante o encontro as crianças e jovens tiveram a oportunidade de aprender a técnica de pintura em camiseta chamada stencil, uma técnica popular de existência milenar, que veio ao longo dos anos sendo utilizado como modo de expressão.
Também foram trabalhados exercícios de teatro, na perspectiva do teatro do oprimido, onde a construção se faz à partir da realidade local, e com os instrumentos que essa oferece.

                     continua...
A conjuntura da Amazônia, e os anos de abandono dos trabalhos com a juventude, nos provocam e exigem que mais uma vez acreditemos na força dos jovens, na capacidade de organização e transformação, quando lhes são oferecidos formação e os instrumentos necessários.
A juventude da Amazônia, muitos nascidos aqui, não pode se ater a continuar repetindo o modo de vida cultural, produtivo e a forma de relacionamento com a natureza, trazidos de outras regiões brasileiras, e que em muitos casos tem colocado em risco a vida no Bioma e do Bioma Amazônico, a relação homem e natureza precisa ser revista por todos. Além disso a identidade e cultura camponesa é posta de modo inferiorizado, fazendo com que a juventude se afaste dela gerando a perca de saberes populares tradicionalmente transmitidos no campo.
 


Criar espaços para partilhar conhecimentos e saberes é necessário, parabenizando os educadores que estiveram presentes trocando saberes, e a juventude que respondeu ao convite para a atividade. E continuaremos a perguntar: E aí Juventude Camponesa? Até que as respostas se tornem ações.

  Mas é da Mãe Terra: esperança e resistência, que vem o grito de crianças, jovens, mulheres, adultos e idosos, da natureza, que vivem reféns de um sistema de exploração. E no gemido de dor do povo e das matas, vem a necessidade da ação, é hora de nos pormos a caminho, na construção de um mundo onde a vida tenha mais importância que o dinheiro. E se nossas esperanças estão na juventude, é mais que tempo de oportunizar que ela se torne protagonista nos processos de construção e proposição de luta e resistência.


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