CAMPONESES DA OCUPAÇÃO SERRA DO OURO DISCUTEM AGROECOLOGIA.
Nos dias 28 e 29 de setembro de 2013, a equipe da CPT/RO esteve reunida com os camponeses da ocupação Serra do Ouro em Guajará-Mirim.
São mais de cinco anos de
luta pela terra, com cerca de 40 famílias, sonhando e lutando por uma pedaço de
chão. Tratam-se de áreas destruídas pelo latifúndio com seu modelo predador e
explorador, que desrespeita a natureza e a vida como um todo.
Na luta pela terra, durante
muito tempo, esses camponeses tiveram seus direitos negados, o latifúndio foi defendido pelo judiciário,
foram dadas liminares de reintegração de posse, mas o povo resistiu. Hoje foi
evidenciado e comprovado que parte da
área de ocupação trata-se de área da união, grilada pelo latifúndio, outra
parte diz-se pertencer a uma empresa, mas não são localizados os proprietários,
e uma série de irregularidades já foram identificadas.
Os camponeses seguem firmes
na luta pela conquista dessa Terra, e a CPT que vêm acompanhando esse processo
desde o início, atendendo a demanda do grupo, se dispõe a contribuir na
discussão sobre a problemática e o desafio, que é a permanência nessa terra com
sustentabilidade.
É nítido que vivemos em meio
a uma “cultura do veneno”, anos de saberes populares e tradições agrícolas,
foram perdidas com a revolução verde, e a introdução dos seus agroquímicos, venenos.
Todos pagamos um preço muito alto devido a isso, sejam os consumidores que tem
dificuldade de encontrar alimentos de boa qualidade e sem veneno, sejam os
próprios agricultores que estão em contato direto com esses produtos e que não
conseguem se sustentar na Terra, dependentes e endividados, enquanto as
multinacionais lucram.
A sociedade está doente,
aumentaram intempestivamente o número de doenças, e hoje alguns médicos já
assumem e diagnosticam a causa – agrotóxicos. Enquanto isso as industrias do
veneno lucram, primeiro porque criam um ciclo de dependência desses produtos,
que adoecem a população, depois os mesmos criam e vendem remédios.
É preciso discutir o modelo
de agricultura que está posto, insustentável! E é preciso voltar as origens e
discutir a agroecologia, que ultrapassa um modelo de produção e se torna um
modo de vida.
Levantado a problemática
junto a população, e debatido os prejuízos da agricultura convencional, pensamos
para além da conquista da terra, a permanência nesta, com qualidade de vida.
Muitos criticam o abandono da terra, mas não veem a condição que ela se
encontra, e principalmente o descaso do Estado, que com muito demora dá a
terra, mas não oferece as condições mínimas para a permanência nela.
Exemplo claro da Ocupação
Serra do Ouro, muita área de pastagem completamente degradada, a recuperação
desse solo e o reflorestamento necessário levam tempo, e durante esse tempo
esses agricultores necessitam de apoio financeiro e técnico do Estado, não
meramente de financiamentos, quase inacessíveis pela burocracia posta ao
pequeno agricultor, projetos quase sempre inviáveis, e dívidas impagáveis, mas
de subsídio. E a agricultura camponesa é a única capaz de produzir alimentos
saudáveis e acessíveis.
Sem apoio do Estado, o povo
têm se emponderado dos meios que podem e se disposto a resistir na terra
produzindo a partir dos princípios da agroecologia. Na ocupação Serra do Ouro,
para muitos foi o primeiro contato com a discussão sobre os malefícios do
agronegotóxico apoiado e subsidiado pelo Estado. Fica a certeza de que outros
espaços precisam ser construídos, e que a CPT é parceira na construção e fortalecimento desse novo/velho jeito de viver e produzir. A agroecologia é a
alternativa para que os camponeses consigam resistir diante do sistema “capetalista”
de dominação e exploração.
Sem apoio técnico, e ainda
baseados num modelo de agricultura convencional, os ocupantes já vêm
produzindo alimentos como arroz, milho, mandioca, abacaxi, algumas frutas, amendoim,
maracujá, etc, criação de galinhas, e com isso abastecido o mercado local. Essa
é uma conquista não apenas do ocupante da área mas de toda a sociedade, terras
antes improdutivas agora alimentam famílias inteiras!
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