Famílias e alunos encerram projeto agroecológico em São Francisco do Guaporé

Pocilga construída em Seringueiras pela família de Rednam Ossak.  foto  Letícia

Com a avaliação realizada por famílias e alunos da EFA de São Francisco do Guaporé, Rondônia, o dia 11 de maio a CPT encerrou o Projeto de Agroecologia Natureza Viva do Vale do Guaporé. O citado projeto tem desenvolvido atividades em total entre umas quarenta famílias da região desde o ano de 2008 até 2013.

Alunos da Efavale relatam experiências
em agroecologia. foto cpt ro
Entre os presentes estava o coordenador do projeto, o agricultor José Silva, assim como famílias de São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé, São Domingos e Costa Marques. O projeto, idealizado pela Comissão Pastoral da Terra junto com famílias dos municípios da BR 429 da Diocese de Guajará Mirim (Regional Centro) apoiou a disseminação e realização de experiências adequando melhor  a agricultura familiar, evitando o desmatamento, a degradação ambiental, o uso de  veneno ao bioma amazônico. 

Entre as práticas disseminadas com apoio do projeto, o uso de roçadeira substituindo a aplicação de herbicidas no café, tem se convertido em técnica reconhecida e provada para os agricultores, que evitam o perigo para a saúde própria do manejo de agrotóxicos e querem impedir que o alimento chegue contaminado a mesa do consumidor. (continua)
Alguns dos jovens participantes do Projeto Natureza Viva, como Edeliano Erdman e Maycom Rodrigues, hoje trabalham na COACARAM de Ji Paraná como técnicos disseminando o café orgânico e sombreado na agricultura rondoniense.  Outras pessoas da região também conseguiram ver a través dos seus exemplos que era possível trabalhar no campo sem agredir o meio ambiente , conservando o solo e as águas, protegendo as nascentes e igarapés. Trabalhando nesta conscientização tem-se alcançado resultados muito bons. Para alguns, como Marilene, o projeto foi uma bênção de Deus para a família, e sentiu muita falta de mais continuidade dos encontros, que ajudaram a conseguir mais união dentro da família no trabalho no campo. Com pouco dinheiro aplicado, por exemplo, na compra da cerca da horta, se ajudou a melhorar a renda familiar. 

Famílias do projeto Natureza Viva do Vale do Guaporé.
foto cpt ro
Outros participantes do encontro vinham para conhecer melhor esta forma de trabalhar na terra sem agrotóxicos. Assim a Irmã Adriana, religiosa Catquista Franciscana que recém chegou em Seringueiras, relatou que a prática de agroecologia é seguida pelas irmãs na horta da comunidade. A professora e agricultora Durvalina, de São Francisco do Guaporé, relatou como foi difícil conseguir de deixar de usar venenos em casa. Hoje utiliza caldas fertilizantes, roçadeira, tem uma horta do PAIs, apesar de que não consegue fazer muita cosa no seu sítio por causa do emprego de professora, destaca que o projeto ajudou a evitar o uso de produtos químicos e de medicamentos, passando a se alimentar de forma mais natural com o que eles mesmo produzem em casa. 

Para Zé Silva, de São Miguel do Guaporé, que coordenou o projeto, agradeceu ao mesmo ter andado muito, conhecendo e visitando muitas famílias que sempre o receberam bem. Destaca a evolução de muitas famílias, ter podido conhecer os trabalhos e propriedades delas. Para ele, com recursos ou sem recurso esxterior, o projeto deve continuar a manter o espírito agroecológico entre as famílias. Lembra especialmente o encontro de Costa Marques, onde teve 76 participantes, com troca de sementes e fartura de alimentos produzidos por eles mesmos. Também destaca a participação em diversos encontros, oficinas e palestras sobre agroecologia.

Zé Silva, coordenador do projeto Natureza Viva. foto Letícia.
Na última etapa do projeto, financiado pela Conferência Episcopal da Italia, (CEI) doze alunos das Efa escola Família Agrícola do vale do Guaporé tiveram apoio para compra de materiais afim de desenvolver projetos agrícolas familiares, segundo a metodologia das EFAs. Para a realização dos projetos estiveram orientados, entre outros, pelos técnicos Rosiléia e Roberto Ossak. Já a implementação dos projetos esteve acompanhada em três visitas a cada projeto pelo coordenador do projeto José Dias e pela técnica agrícola Letícia Novack. 
No dia anterior, 10 de maio de 2013, a CPT RO realizou palestra para os alunos da EFAVALE sobre  as propostas e polêmicas acerca do conceito de "desenvolvimento sustentável", norteado pela sustentabilidade econômica, ambiental e social.


Letícia Novack ajudando a limpar área para horta.
Foto zé silva
Na avaliação, a jovem Letícia Novack, formada na própria EFAVALE, destaca a aprendizagem realizada como técnica de agricultura ecológica com o acompanhamento do projeto neste ano, uma semente que foi plantada e que deve continuar com novos métodos de produção. 

Entre os jovens que este ano realizaram experiências apoiadas pelo projeto está o jovem Ariel, da comunidade tradicional de Porto Murtinho, em São Francisco do Guaporé. Ele agradeceu a ajuda da família (irmão, pai, mãe) na aplicação do projeto, que está em fase final de implanatação de duas hectares de pastagem com piqueteamento. O Renana, em Seringueiras, construiu uma pocilga de criação de suínos, com alimentação alternativa (sem ração) produzida no próprio sítio. Destacou a dificuldade da construção, realizada por eles mesmos, na época de chuvas. A Roseli, da mesma cidade, é uma das famílias do Acampamento Paulo Freire 3, que viu o seu projeto prejudicado pelo despejo da área de terra que ocupavam por mais de dois anos. No momento o INCRA está realizando o cadastramento que deverá permitir o projeto de horticultura planejado. 
Também de Seringueiras, o jovem Wilis contou como com ajuda da família já plantou 4.500 pés de abacaxi, e que devem agora receber cobertura de palha de café. De São Domingos do Guaporé, distrito de Costa Marques, dois irmãos realizaram projetos. Um deles, Anderson,  na chácara da família na cidade, com construção dum galinheiro e piqueteamento para criação de galinha caipira. enquanto o irmão dele, Adilson, começava no sítio um trabalho de apicultura com 10 caixas de abelhas, para as quais já conseguiu três enxames.
Também em Porto Murtinho tem realizado um projeto de apicultura, que não foi fácil na época de chuvas, por causa de muita água e estrada ruim. Capturou cinco enxames, porém até agora não conseguiu segurar eles nas caixas. Ana Elizabeth, da comunidade quilombola Forte Príncipe da Beira,    trabalhou duramente para começar uma horta de estilo do PAIs e já tem alguns canteiros plantados com cebolinha, coentro e alface e pintinhos de postura para criação de galinha caipira.

O Thiago iniciou em São Miguel a construção duma pocilga para suinocultura, com cinco baias, e já comprou um macho reprodutor originário da escola, e fêmeas em São Miguel. Ana Paula, de São Francisco começou um ambicioso projeto de produção de ovos para consumo e comercialização, substituindo uma aluna vizinha que tinha idealizado o projeto após mudar de localidade. Recebeu todo o apoio da família, apesar da dificuldade das chuvas, que derrubaram algumas das paredes em construção. 
O Fernando,  apesar da dificuldade de ter se mudado de cidade, implantou no sítio dele o projeto de citricultura, tendo plantado 90 mudas de laranjeira.  

Ariel, de Porto Murtinho, capturando enxame de abelha.
foto letícia.
Entre as propostas para dar continuidade a experiência de prêmios de agroecologia para alunos da Efas, destaca a sugestão de que o período de implementação seja entre a época seca e a época de chuvas, é dizer, entre os meses julho e outubro, pelo menos. Pois houve muitas dificuldades por culpa das águas, por exemplo nas construções, enquanto que as mesmas são favoráveis para o plantio de mudas e outras atividades. Entre outras mudanças nos critérios, deverá ser beneficiado apenas um projeto por família, abrindo a participação para alunos da outras EFAs de Rondônia. Ainda o valor da ajuda para cada experiência (2.500 $R) é considerado suficiente. Já as visitas técnicas poderiam se restringir apenas a duas (no começo e no final). Também a proposta de continuar a realizar encontros anuais das famílias que trabalham na linha agroecológica na região.

A sugestão do membro da coordenação da CPT RO, diversos jovens se dispuseram a participar duma nova equipe da CPT atuando no regional sede da diocese de Guajará Mirim.  
Plantio de abacaxi. foto letícia









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