Suposta proprietária calunia novo bispo de Marabá.

Sendo padre Dom Vital intercedeu em Jaru para resolver conflito agrário. Foto Lenir.

Dom Vital Corbellini, padre de Caxias do Sul, que foi empossado como bispo diocesano o dia 21 de 12 de 2012 na Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Marabá, sofreu injusta calúnia pouco antes duma suposta proprietária de Rondônia, local onde atuava quando foi nomeado bispo. Desde 2011 o Pe. Vital Corbellini era missionário no projeto de Igrejas-irmãs, na Diocese de Ji-Paraná, sendo pároco em Jaru, na Paróquia São João Batista.

A origem das injurias, espalhadas na internet, está numa matéria assinada por Maria Ângela Simões Semeghini, do dia 30 novembro de 2012 e publicado no blog GPS do Agronegócio com o título "Em Rondônia se faz reforma agrária matando os proprietários". 

Na matéria, Ângela Semeghini se diz proprietária uma área de Ariquemes ocupada pela LCP (Liga dos Camponeses Pobres), e que teria recebido no dia 27/02/2012, um telefonema do Pe. Vital Corbellini, "que literalmente me disse “se não desistir da reintegração de posse correrá sangue”, por precaução registrei ocorrência na Delegacia de Polícia, e acrescenta que ela procurou Dom Bruno, bispo de Ji Paraná "comuniquei os fatos e fui tratada de forma desdenhosa", ainda escreve que como prêmio aos problemas causados pelo padre, este foi nomeado bispo, e termina invocando a validade dum decreto de 1949 de Pio XII, de excomunhão contra os comunistas. "Me coloco a disposição de qualquer pessoa para esclarecimentos angelasemeghini@yahoo.com.br". (continua)

Segundo informações, Ângela Semeghini é dona dum cartório de Ji Paraná e é totalmente distorcido e malicioso atribuir ameaças ao Pe. Vital Corbellini (hoje Dom Vital). Na época, quando o Pe. Vital era pároco de Jaru (Rondônia), a equipe pastoral da paróquia foi procurada por 120 famílias do Acampamento Canaã (situada em Ariquemes, porém mais próxima de Jaru). Eles estavam fazia onze anos ocupando a terra e trabalhando com grande produção agrícola, quando enfrentavam uma decisão de reintegração de posse

Parte das famílias estavam dispostas a resistir a todo custo o despejo, o qual podia provocar “o derramamento de sangue” que temia o Pe Vital. É muito injusto por parte de Dona Ângela acusar o Pe. Vital de ameaça e a Dom Bruno de desdenho, por ter intercedido junto dela pela paz e resolução deste conflito agrário. E ainda insinuar de serem falsos católicos e de comunistas, como outros sites a partir da informação dela os têm acusado.

A pedido das famílias de posseiros do local, o Pe. Vital com duas irmãs e um representante da CPT RO visitou o local onde elas moravam e se prontificou a mediar. Assim tentou ajudar a resolver o conflito, pedindo para estar dispostos a negociar aos autores do pedido de reintegração de posse, representados por Ângela. Ainda mais sabendo que a terra da qual ela se diz proprietária trata-se duma CATP (Contrato de Alienação de Terra Públicas), é dizer, um título provisório, que o INCRA deu na época da colonização de Rondônia, com a condição de cumprir determinadas cláusulas. Estas condições foram cumpridas somente de forma parcial, e o INCRA tinha entrado na justiça com um pedido de retomada da área para terra pública. Parte da terra abandonada foi ocupada como meio de sobrevivência pelo grupo de 120 famílias, fazia onze anos.

O local estava sendo destinado pelo INCRA para reforma agrária, pois os titulares da ACTP tinham se comprometido a realizar em cinco anos uma exploração de cacau (a Fazenda foi chamada Cacau-Só Arroba). Este condicionante não foi cumprido. Vinte anos depois não tinha nada. Somente a metade da área de cacau foi plantada e logo abandonada. Outra parte tinha sido cedida de forma ilegal a terceiros para exploração de gado. Isto tem sido demonstrado em diversas vistorias realizadas por técnicos do INCRA, pelo qual motivo o Governo Federal pediu a terra de volta, processo que está correndo na justiça federal. 

Apesar disso Dona Ângela, que não consta como proprietária (se diz que entrou em representação dos titulares da CATP em troca duma parte de terra se ganhar na justiça) conseguiu a reintegração de posse contra as 120 famílias de agricultores que faz doze anos moram e trabalham no local. 

Após os agricultores fechar a estrada BR-364 em março de 2012 em Jaru, o Pe Vital e Dom Bruno intercederam pela resolução do conflito agrário junto as autoridades. Representantes do Ministério Público da União e o Padre Vital Corbellini, da Paróquia de São Batista negociaram a desocupação pacífica da BR 364. Os acampados deixaram a BR e ficaram alojados no Centro Catequético da Paróquia até o dia seguinte, que foi realizada uma audiência pública com o superintendente do INCRA de Rondônia sobre o assunto. Ainda, com total intransigência, Dona Ângela se negou em todo momento a negociar um acordo, em Audiência Pública da Ouvidoria Agrária Nacional, celebrada em Porto Velho a inícios de Agosto de 2012, presidida pelo Desembargador Gercino Filho (onde Ângela esteve representada por uma advogado) e em outros intentos de negociação com o superintendente do INCRA. 

Posteriormente, em 14 de setembro de 2012, a reintegração de posse foi suspensa após ação civil pública apresentada pela Defensoria Pública de Ariquemes, acatada pela juiza Elisângela Frota Araújo. Ainda, a decisão da justiça federal de Porto Velho sobre a retomada da área para reforma agrária foi favorável aos proprietários da Fazenda Arroba Só Cacau, cabendo recurso ao INCRA. 

Então, sendo a propriedade de Dona Ângela discutível, como prova o longo processo judicial, o fim do conflito desejável seria um acordo que reguardasse a parte de legítimos direitos dos proprietários e evite o grave problema social do despejo de 120 famílias que hoje tem lugar onde morar e produzir. 

Por outro lado, não somente algum fazendeiro morreu em Rondônia ( e não foi comprovado se a morte de Daniel Stivannin foi por causa de conflito agrário). Somente em 2012 seis pequenos agricultores já morreram em Rondônia vítimas da violência pela terra. 

A CPT Rondônia, que é uma organização ecumênica, rejeita o uso de violência e tenta apoiar a resolução deste e outros conflitos de terra que atingem nossa região e onde, seguindo os princípios da doutrina social da Igreja, procuramos uma melhor distribuição da terra, com paz e justiça para todos.

Em Marabá, local também atingido por grande conflitividade agrária, em declarações ao Diário do Pará, Dom Vital disse: "A questão da violência me preocupa muito. Vou trabalhar com a juventude, com os casais, com as famílias e com as crianças. Isso é muito importante. Temos que dar valor à nossa juventude".

Comentários

  1. Padre Vital Corbellini e Dom Bruno Pedron não se comportaram como autênticos católicos, nem mesmo a Pastoral da Terra.

    Se verdadeiramente fosse exercida a Doutrina Social da Igreja, os senhores seguiriam os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Uma conciliação é possível? Sim. Mas não invadindo terras alheias.

    Faço questão de reproduzir parte (sobre o comunismo) do artigo mencionado que os senhores não publicaram:

    Leão XIII, ao se referir ao comunismo, na sua Encíclica Quod Apostolici muneris (28 de dezembro de 1878: Acta Leonis XIII, vol. I, pág. 40), assim descreveu distinta e expressamente esse erro: “PESTE MORTÍFERA, que invade a medula da sociedade humana e a conduz a um perigo extremo”.

    Para quem não sabe foi o Papa Leão XIII que escreveu a Encíclica Rerum Novarum, publicada em 15 de Maio de 1891. A encíclica trata de questões levantadas durante a revolução industrial e as sociedades democráticas no final do século XIX. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores formarem a sindicatos, mas REJEITAVA O SOCIALISMO e DEFENDIA os direitos à PROPRIEDADE PRIVADA. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja.

    Foi leão XIII quem lançou os fundamentos da Doutrina Social da Igreja com a Rerum Novarum. Se os senhores são católicos, estudem isso.

    Em 1846, Pio IX CONDENOU solenemente O COMUNISMO e confirmou depois essa condenação no Sílabo. São estas as palavras que emprega na Encíclica QUI PLURIBUS: “Para aqui (tende) essa DOUTRINA NEFANDA do chamado COMUNISMO, sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos e da própria sociedade humana” (Encíclica Qui pluribus, 9 de novembro de 1846: Acta Pii IX, vol. I, pág. 13. Cf. Sílabo, IV: A.A.S., vol. III, pág. 170).

    Comportem-se como católicos ou então sejam honestos consigo mesmos.

    Disse Gustavo Corção: "O católico que escolhe seus dogmas e seus mandamentos não é católico, é protestante".

    Em Jesus Maria e José,
    Pedro Henrique.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O que dizer Paulo Henrique? Vocvê se atreve a julgar, sem os conhecer, a dois bispos, e a considerar comunistas a todos nós, o que negamos. Parece colocar a propriedade privada acima de tudo. Vejam a continuação nossa postagem sobre a função social da terra, seguindo as orientações da Igreja, inclusive de Leão XIII, considerado fundador da doutrina social atólica. Respeitamos os marxistas, porém não partilhamos muitos dos conceitos básicos.

      Excluir
  2. Senhores,

    Não julguei ninguém. Os fatos demonstram se tal atitude foi ou não de coerência católica.

    Quando eu disse que o Padre Corbellini e Dom Bruno não se comportaram como católicos, nem mesmo os senhores da Pastoral da Terra; estou realmente afirmando que esse comportamento não é católico.

    Não os chamei de comunistas, mas vossas atitudes não comprovam o contrário. Reflitam sobre o que a Igreja ensinou sobre esse assunto.

    Minha preocupação não é acusá-los disso ou daquilo, tão pouco criar confusão. Como se trata de um blog aberto para comentário, sinto-me livre para fazê-lo. E não poderia deixar de comentar, pois seria negligente diante de um fato que clama justiça.

    É incrível como os senhores distorcem a doutrina social da Igreja. Conheço muito bem a atuação do clero rondoniense frente a uma pastoral profundamente ligada à Teologia da Libertação. Se os fiéis das 3 dioceses em Rondônia bebem dessa água suja que é essa Heresia da Libertação, então como esperar um comportamento diferente dos excelentíssimos bispos, dos reverendos padres e dos senhores religiosos e leigos que fazem frente em pastorais como por exemplo esta que se chama Pastoral da Terra?

    Sem a integridade da fé é impossível agradar a Deus.

    Ignoro o sofrimento dos Sem Terra? De maneira alguma. Assim como não ignoro que a grande maioria deles são levados a isso por grupos de esquerda que fazem de tudo para a implantação de um sistema comunista em nosso país. Invadir a terra alheia é crime. Trata-se de um direito natural que ao ser violado clama aos céus por justiça.

    Não resumo todo meu comentário ao pensamento comunista. Entretanto é preciso colocar o dedo na ferida.

    A Igreja de Cristo enfrenta sua pior crise ao longo da história, pois se trata de uma crise de fé na qual tem levado milhares de almas ao inferno.

    O liberalismo católico está causando graves consequencias no mundo.

    Minhas orações!

    ResponderExcluir
  3. Não julga ninguém porém considera que dois bispos da Igreja não se comportam como católicos! Por favor... Obrigado pelo menos por aceitar que não somos comunistas! Podemos continuar a dilaogar sobre nossa fé e como levar o Evangelho na vida. Os que mais tem invadido terra pública em Rondônia são grandes grileiros de terra, utlizando a violência, o poder e a influência sobre o governo, a polícia, o judiciário, as autarquia e os cartórios de registro, fazendo que seja difícil dizer que existe verdadeiro estado de direito para todos.
    Muitos pequenos agricultores cuidam da criação de Deus, produzindo sem por veneno na comida do povo, sem agredir o meio ambiente, enquanto lutam por uma vida digna, muitos deles são ameaçados, agredidos e até assassinados (seis em 2012 somente em Rondônia) expulsos e despejados de suas terras na maior impunidade e injustiça.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Agradecemos suas opiniões e informações.

Postagens mais visitadas deste blog

NOTA PÚBLICA - HOMENAGEM RIDICULARIZA RONDÔNIA E ESTIMULA A CRUELDADE CONTRA AS MINORIAS.

Santo Antônio do Matupi, no Km 180 da transamazônica.

O acidente das usinas que nos esconderam