Polícia faz escolta particular de gado
Do dia 12 ao dia 15 de setembro de 2012 moradores da área Paulo freira 3
em Seringueiras, foram despejados de forma arbitraria e violenta, já que a
maioria das familias acampadas não aceitaram o acordo proposto pela Ouvidoria
Agrária Nacional, que novamente se fez de “surda” ao clamor dos moradores e de
perto acompanhou e providenciou o despejo, numa “bela e permanente” parceria
com o Judiciário e o Latifúndio, já que a fazenda em questão, tem seu título
questionado na Justiça Federal, por ser área da União.
Se os acampados podem esperar a decisão da Justiça federal sobre a área
fora da terra, mesmo com todos os fortes indícios de ser a área da União,
porque o fazendeiro não pode esperar fora da área até esse julgamento? Onde
está escrito na lei que um fazendeiro tem mais direitos de que oitenta e três
famílias que viviam de forma digna e produtiva na terra? Onde está escrito que
fazendeiro pode matar pode ter guaxebas? Parece que nosso Judiciário e
Ouvidoria Agrária Nacional acham que os latifundiários são mais “gente” do que
os outros. As audiências públicas da Ouvidoria Agrária Nacional tem prestado
somente para validar práticas violentas de retirada dos camponeses do campo e
respaldar a grilagem de terras pelos latifundiários.
Em audiência, realizada em 01/08/2012, não houve consenso entre todos os
camponeses, a Ouvidoria Agrária Nacional forçou um acordo, que foi recusado
pela maioria dos camponeses do Acampamento Paulo Freire 3, a imposição do
acordo pela ouvidoria agrária nacional provocou o despejo, sendo que o acordo
sequer foi cumprido, já que o fazendeiro não destinou nenhuma área para as
famílias ficarem, enquanto aguardavam a decisão da Justiça Federal.
Os camponeses foram obrigados a ficarem as margens da estrada e alguns
camponeses, como o Paraíba, foram para
outros acampamentos e sem a devida proteção foi assassinado em 29/11/2012. Esse
é o preço que o mesmo pagou por ter acreditado na palavra da Ouvidoria Agrária
Nacional de que haveria paz no campo com a saída da fazenda.
Como se não
bastasse a ação de despejo, a Polícia Militar garantiu aos acampados que os
acampanariam durante trinta dias na área para que estes pudessem retirar seus
pertences de toda uma vida: madeira,cerca, criações, produção, o que não foi cumprido, pois, no segundo dia com a
proteção ao latifúndio pela Polícia Militar na região, as casas foram
derrubadas e os acampados impedidos de entrar na área, que encontra-se até hoje
com proteção de jagunços armados, inclusive, a própria Polícia Militar, com
todo o seu aparato repressivo sempre
encontra-se na área, contribuindo com os jagunços.
Nos dias 21 a 23 de novembro,
foram deslocados 500 cabeças de gado pela estrada de e São Francisco até a
Fazenda Riacho Doce, em Seringueiras,, novamente a Polícia Militar contribuiu ,
fazendo a escolta do gado e quando os acampados foram tirar fotos dessa
arbitrariedade, a Polícia Militar de forma agressiva, tomou violentamente a
máquina fotográfica, apagaram as fotos e agrediram fisicamente um dos acampados, enquanto isso, a cidade de
Seringueiras ficava sem proteção, já que toda a escolta da polícia militar
estava fazendo a proteção do gado de particulares.
A população urbana de Seringueiras encontra-se prejudicada, pois, as verduras
encontradas nas feiras para o sustento familiar vinha do acampamento e com o
despejo encontra-se impedida de ter acesso aos alimentos saudáveis.
Enquanto a população urbana e rural sofre com a ação arbitrária do Estado
que colocou os camponeses as margens da estrada sem terra e sem produção, a
Polícia Militar tem sido a permanente guardiã do latifúndio na região com o
devido amparo da Ouvidoria Agrária, que novamente, demonstra a quem serve as
leis e o Estado: ao latifúndio!
Nesse
Estado, pé de boi vale mais do que gente.
(Lenir
Correia Coelho – assessora jurídica da CPT/RO)
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