Tortura na Hidrelétrica de Jirau é repudiada em Brasília

Deputado alerta que o governo “não pode lavar a mão como Pilatos” para os problemas das hidrelétricas.
Jirau (Foto: G.R/VC no G1)
O deputado Padre Ton disse hoje (11) pela manhã à Rádio Câmara, durante entrevista ao Programa “Manhã no Parlamento”, que o governo federal não pode “lavar as mãos como Pilatos” no caso dos renitentes conflitos envolvendo trabalhadores e empreiteiras que constroem as usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, e que por causa disso pode sofrer retaliações por descumprimento de resoluções da Organização Internacional do Trabalho, OIT.
Convidado pelos apresentadores Lincon Macário e Danielle Popov a falar sobre a mais recente denúncia, o caso do operário Raimundo Braga, de 22 anos, que denunciou tortura durante cerca de 4 horas no alojamento feminino de Jirau e prisão ilegal durante 54 dias no Pandinha, o deputado Padre Ton disse que embora o governo não seja construtor das usinas “ele precisa estar presente, não apenas com o uso da Força Nacional, porque o dinheiro é publico, do BNDES, e a decisão de construir as obras, através do PAC, também é do governo”.
O deputado compreende que é necessário “mudar o modelo de construção e execução dos grandes empreendimentos hidrelétricos” para que se possa respeitar as etapas de recrutamento, manutenção e dispensa dos trabalhadores, garantindo seus direitos, “o que não ocorre na mesma rapidez que o direito dos construtores”, e o direito da sociedade ser devidamente compensada pelos impactos das obras com igual rapidez com que as empresas executam os empreendimentos. Padre Ton registra que a Amazônia, por ser a “grande fonte de minério e de energia” precisa de atenção redobrada e estar no cerne da mudança do modelo, que na opinião dele pouco se diferencia da época da ditadura, lembrando da usina de Tucuruí, que não promoveu inclusão social.
O deputado disse que desde a primeira greve tem feito interlocução com o governo federal para levar reivindicações do Movimento dos Atingidos por Barragem, dos operários das hidrelétricas de Rondônia e de outros segmentos, mas os “problemas continuam”, apesar do governo federal ter criado um grupo de trabalho para acompanhar os acontecimentos e evitar violação de direitos trabalhistas. “Agora a declaração desse jovem veio como uma bomba, e o governo tem de responder concretamente a isso. E o estado de Rondônia também tem de responder concretamente. É a oportunidade de fazer mudança”, diz o deputado, lembrando que a denúncia de Raimundo atinge a Força Nacional de Segurança (federal) e Polícia Militar (estadual).
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), da qual é segundo vice-presidente, e a CPI do Tráfico de Pessoas, presidida pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), iniciaram investigações sobre o caso. Padre Ton lembrou que esteve em março em diligência nas usinas, com o presidente da CDHM, deputado Domingos Dutra (PT-MA), e constatou a existência de alojamentos precários e recebeu muitas reclamações dos operários acerca de seus direitos trabalhistas. O relatório da diligência fez diversas recomendações e sugestões ao governo federal, contemplando também propostas de cunho legislativo. Pedido de informações e sugestões foram encaminhadas para o BNDE, Justiça Federal, Justiça do Trabalho e outros órgãos. Para a CDHM o governo está exagerando no contingente da Força Nacional na região. São mais de 130 homens em Jirau e Santo Antônio, oferecendo “muita proteção para os construtores e não para os trabalhadores”. Ainda sobre o recrutamento de mão de obra mediante “gatos” (agenciadores de trabalhadores que ganham para isso), caso do operário natural do Piauí, o deputado disse que se o Brasil não estancar isso e “não punir empresas que se sentem livres para fazer esse trabalho sujo na sexta economia do mundo”, sofrerá sanções da OIT e de outras convenções internacionais.

Comentários

  1. Ola, Senhor deputado, sou catolico praticante tenho muito respeito pelo Pe,
    Em 1º lugar porque este cidadão foi preso,
    Eem 2º lugar o ele estava fazendo no alojamento feminino,
    Em 3º lugar é necessario sim a força nacional aqui dentro, para manter a ordem,
    Em 4º saquear os pertences dos colegas de trabalho, espancar colegas de trabalho e em seguida queimar seus pertences e o patrimonio alheio esta correto deputado,
    Preste atenção na ultima pesquisa catolicos passou de 97% a 64%, nós catolicos precisamos de Padres que cuide da salvação das almas.

    ResponderExcluir
  2. Todo crime deve ser punido dentro da lei. Tortura converte em bandido e delinquente quem deveria defender a lei e não pode ser tolerado, assim como também não podem ser tolerados os abusos, sejam das empresas ou dos trabalhadores, dentro das usinas Parabéns ao trabalho do deputado Pe Ton e membros da comissão de diereitos humanos da câmara pelo seu trabalho. Aqui na terra não existe alma sem corpo. Se o corpo sofre a alma também. Padre precisa cuidar dos corpos e das almas, é dizer, das pessoas integramente. Quem defende a tortura não merece ser chamado de evangélico nem de catolico, nem de cristão, pois Cristo denunciou as injustiças e por isso também foi torturado até a morte na sua santa paixão.

    ResponderExcluir
  3. que dizer se eu passar perto de um incendio e tiver com um isquero no bolso foi eu que toquei fogo !!a verdade é que as empresas não dão valor aos trabalhadores , nunca dão os seu direitos !!Me diga ele foi inocentado então os direitos dele deveria ser dado !! Catolico so o nome o que adianta se catolico se não tem Deus no coração é por isso que o numero de catolicos estão caindo!

    ResponderExcluir
  4. me diga porque puxar saco das empresas se no jiral uma pessoa morre la na obra e a camargo diz que ele morreu numa cirugia?? como foi o caso de um rapaz que perdeu a cabeça e disseram que ele morreu numa cirugia e depois de dias acharam a cabeça dele na obra!!me explica!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Agradecemos suas opiniões e informações.

Postagens mais visitadas deste blog

NOTA PÚBLICA - HOMENAGEM RIDICULARIZA RONDÔNIA E ESTIMULA A CRUELDADE CONTRA AS MINORIAS.

Santo Antônio do Matupi, no Km 180 da transamazônica.

O acidente das usinas que nos esconderam