Morte de Margarida Alves é lembrada com protestos



Brasil - Adital – Rogéria Araújo* – O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) conseguiu reunir hoje mais de 5 mil trabalhadoras agrícolas em diferentes atos públicos em 13 estados brasileiros. Para esta jornada de reivindicações, o movimento escolheu a data em que se celebra o 21º aniversário de morte da sindicalista Margarida Maria Alves, um dos maiores símbolos da luta pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores rurais no Brasil. 
A coordenação nacional do MMC informou que as atividades foram escolhidas pelas unidades estaduais. No Rio Grande do Sul, as manifestações aconteceram em vários municípios. Em Santa Catarina, as camponesas realizaram uma vigília no Palácio do Estado, onde foi pedido o reconhecimento dos direitos de milhares de mulheres que trabalham na agricultura. Na região Nordeste, a maioria das mobilizações aconteceu em frente às sedes das Secretarias de Fazenda dos respectivos Estados, onde foi exigida a implementação do "bloco de notas" – um sistema que comprova a venda dos produtos efetivada pelas agricultoras e que serve de garantia para o controle do pagamento. Em Brasília, a coordenação nacional do MMC passou a tarde em audiência com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e com a Secretaria Especial das Mulheres. Os protestos – com marchas, vigílias e atos públicos – estavam sendo realizados nos Estados do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Alagoas, Bahia, Sergipe, Paraíba, Maranhão, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Paraná e Minas Gerais. Todas estas manifestações, explicou Loiva Rütenich, do Movimento de Mulheres Camponesas, acontecem dentro de um marco para luta agrária e para a questão das mulheres: há 21 anos era assassinada a líder sindical Margarida Maria Alves. "Nós entendemos que ela (Margarida Maria Alves) é o exemplo de que nossas lutas não podem parar. Ela é a prova 
do quanto a impunidade está presente no meio agrário e, ainda mais, com relação as mulheres. Completam-se 21 anos de sua morte e até hoje não foram apontados os culpados do crime", afirmou Loiva. Margarida Maria Alves Nascida em Alagoa Grande, Paraíba (região Nordeste do Brasil), Margarida Maria Alves foi a primeira mulher a ocupar a presidência de um sindicato no Estado. Sempre muito atuante na luta pela reforma agrária, ela fundou ainda o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural no município paraibano. Numa gestão que durou mais de 12 anos, a líder sindical moveu mais de 600 ações trabalhistas contra usineiros e senhores de engenhos da região. Tanto incomodou que no dia 12 de agosto de 1983 foi morta a tiros por pistoleiros em sua própria casa. O principal acusado do assassinato, o fazendeiro José Buarque Gusmão Neto, conhecido como Zito Buarque, conseguiu ser absolvido pelo Tribunal de Justiça, em João Pessoa. Até hoje o caso segue impune. Como forma de protesto, entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura, Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Sem Terra, Comissão Pastoral da Terra, entre outras, organizam anualmente a Marcha das Margaridas, que acontece todo mês de agosto.

Comentários

  1. Na verdade ela foi assassinada há 28 anos

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  2. José de Arimatéia Alves-Filho Único de Margarida Maria Alves24 de outubro de 2011 às 10:24

    No dia 12/08/1983, a exatamente 28 anos tiraram de mim a pessoa que mais amava, a minha querida mãe. Os Trabalhadores perderam uma grande líder sindical e Eu uma referência de amor e bondade.
    São 28 anos de impunidade, e a família ( o filho ) não teve sequer um acompanhamento psicológico por parte de ninguém, ainda hoje visualizo a minha mãe sem vida no chão da minha casa. Quem vai restaurar isso? Nenhuma reparação foi feita até hoje...Onde estão os direitos para a familia das vítimas? E o Brasil, como instituição não será responsabilizado? Tenho a certeza que se Margarida pudesse retornar à este mundo, ela perguntaria: Vocês procuraram saber como está o meu unico filho Arimatéia? Grande seria a decepção de Margarida...
    Um abraço à todos trabalhadores e trabalhadoras que continuam lutando por um país mais justo e sem demagogia. José de Arimatéia Alves - Filho único de Margarida Maria Alves

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  3. José de Arimatéia Alves-Filho único de Margarida Maria Alves24 de janeiro de 2012 às 22:06

    Um ótimo dia à todos. Já estamos em 2012 e no dia 12/08 deste ano irá completar 29 anos de impunidade. A sensação que tenho é que este caso será "mais" um na lista daqueles que deram a sua vida em favor dos menos favorecidos. Me chamo José de Arimatéia Alves,filho único da líder sindical Margarida Maria Alves, a minha inesquecível mamãe.Como se não bastasse viver sem ela, ainda sirvo de chacota pelas ruas em relação à indenização..." indenização, acorda Arimatéia! Tú és um otário, isso nunca vai sair..." Mas ainda confio na justiça,na OEA e nas autoridades brasileira, na pessoa da Presidente Dilma e do Ministério da Justiça. Fica aqui o meu repúdio, um abraço à todos. Divulguem por favor.
    José de Arimatéia Alves - Filho único de Margarida Maria Alves
    arymalves@hotmail.com

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    Respostas
    1. Arimateia assisti no YouTube o caso de sua mãe.ela foi uma mulher guerreira.um exemplo de cidada

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  4. Força aí José de Arimatéia. A sua mãe lhe deixou o mais importante: O testemunho de sua vida entregue pela justiça. Daqui de Rondônia lhe abraçamos e o exemplo que ela nos deixou nos anima na caminhada. Que a memória dos mártires não deixe de nos incomodar! (Casaldáliga)

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