OITENTA FAMÍLIAS AMEAÇADAS EM CANDÉIAS DO JAMARI, RONDÔNIA
Grupo ameaçado de despejo no PA Flor do Amazonas, de Candeias do Jamari, recebeu também ameaças de morte através de nota anônima. O INCRA declinou interesse pela área que lhe foi confiada para Reforma Agrária.
Uma
terra pública do INCRA reivindicada para Reforma Agrária. O Acampamento Boa Sorte reivindica para
reforma agrária uma área de terra pública do Lote 19 da Área do PA Flor do
Amazonas, que o INCRA recebeu em imissão de posse após sentença federal em 07
de Maio de 2008. O local tinha sofrido inúmeras irregularidades, várias delas
citadas no CPI de Grilagem de Terras de 2001 e da Operação “Terra Limpa”. No Flor
do Amazonas, antiga Agropecuária Urupá, Fazenda Rio Candeias, foram criados
vários assentamentos, mas em diversas áreas ficaram terceiros em situação
irregular. O Lote 19 é uma destas, irregularmente griladas por advogados,
médicos e outras pessoas de Porto Velho. O Acampamento Boa Sorte reivindicou em
Julho de 2017 o assentamento para Reforma Agrária, conforme decisão da justiça
federal de 2003.
Apesar
disso eles já sofreram vários ataques de pistoleiros, prisões irregulares e duas
reintegrações de posse. A violência chegou a ceifar a vida de um dos seus
dirigentes. O grupo sofreu duas reintegrações de posse, uma em 2017 no processo:
7030302-08.2017.8.22.0001, requerida por Hernando Linhares Neto.
Nova
ameaça de despejo. Atualmente estão
sob nova ameaça judicial de iminente despejo, após a justiça estadual
transformar um interdito proibitório em reintegração de posse, no processo
7042089-97.2018.8.22.0001, agora a pedido de Marselha Rita Serrate de Araujo,
segundo decisão de 10-06-2019, os acampados dizem o mandado de reintegração foi
entregue pelo oficial dia 17/07/2019 dizendo que irá cumprir até 24-07-2019.
Segundo
decisão proferida pela Justiça, o INCRA declinou o interesse por Reforma
Agrária pela área que lhe confiada, apesar da mesma tratar-se de área pública,
que está sob imissão de posse da própria autarquia desde 2003.
Figura : INCRA declara em
21/05/2019 "não ter interesse na
área em questão"
Uma
área de produção da agricultura familiar.
A área contém 104 lotes de produção familiar, com uma média de 80 famílias
morando desde 2017, cultivando a terra e com abundante produção de macaxeira,
banana, abacaxi, batata doce, abóbora, mamão e criação de pequenos animais, que
abastecem as cidades de Candeias e de Porto Velho.
No
local moram cerca de 30 crianças, destas 10 estudam e são servidas por
transporte público do município de candeias. Na área também tem idosos, cerca
de 15 pessoas. Ainda tem pessoas deficientes.
Palco
de morte e violência. O medo e a
insegurança já tomaram conta do Acampamento Boa Sorte em julho de 2017, quando foi
relatado que constantemente os assentados estavam sofrendo ameaças, e homens
encapuzados em uma caminhoneta chegaram
a disparar tiros de espingarda calibre 12 e vários disparos de pistolas calibre
380.
Um
grupo armado atacou com muitos disparos de pistola, carabina e
armas de grosso
calibre a camponeses,
homens e mulheres,
que iam pescar no Rio Candeias, em Rondônia. O
tiroteio ocorreu na manhã de domingo dia 15 de outubro de 2016 no Ramal Taboca,
Igarapé Taboca, Km. 114, nas proximidades do Acampamento Boa Sorte.
Em
Novembro de 2017 as famílias sofreram o segundo despejo e ficaram por dez dias
num ginásio de Candeias. Como se não bastasse o despejo, enquanto montavam um
novo acampamento num local autorizado pelo proprietário nas proximidades, as
famílias foram surpreendidas, primeiramente pela Polícia Ambiental e em seguida
pela Polícia Militar. Dez pessoas foram detidas e outras foram agredidas pelos
policiais, que utilizaram cassetetes e balas de goma, ferindo diversas pessoas.
Novamente
em 07 de dezembro de 2017 pistoleiros armados feriram diversas pessoas e resultou
morte uma das lideranças do Acampamento Boa Sorte, Hugo Rabelo Leite. O
homicídio nunca foi apurado.
Novas
ameaças de morte a lideranças do acampamento.
Receberam um bilhete anônimo avisando que haviam dois pistoleiros a mando de um
dos antigos envolvidos no conflito. Que havia se formado um consórcio de
grileiros para matar as lideranças do acampamento. Segundo os acampados, as
ameaças foram denunciadas e efetivamente a polícia apreendeu armas e pessoas num
flutuante indicado pela nota anônima.
Ainda
nas proximidades do Acampamento, um acampado do local foi ameaçado diretamente tendo
colocado uma arma na cabeça. A situação é de grande tensão e medo.
A
soja está interessada na região do Assentamento. A violência parece motivada pelo interesse
pela área de Assentamento do Flor do Amazonas por um poderoso grupo de plantio
de soja, que recentemente instalou na região de Candeias do Jamari e já está
provocando graves problemas a outros posseiros e assentados da região do Rio
Preto, também dentro da área pública do PA Flor do Amazonas.
Pedido
de reunião Mesa de Diálogo e Negociação Permanente de Conflitos Agrários. Com todos estes antecedentes de violência na
região, existe muito temor de que novos atos de violência possam acontecer na
região, Entre as medidas tomadas para reverter está sendo denunciada para o
Ministério Público Federal a situação, solicitando também intervenção da
Defensoria Agrária e do Conselho Estadual de Direitos Humanos, assim como da
Comissão de Agricultura da ALE, em defesa do Acampamento.
O
grupo protocolou um pedido para que se reúna a Mesa de Negociação de Conflitos
do Governo do Estado, presidida pela Casa Civil para prevenir e evitar maiores
conflitos. A Mesa foi criada pelo governo de Rondônia em Abril de 2017 mas até
agora não se reuniu no atual governo. “Se algo pior acontecer será
responsabilidade do Governador, coronel Marcos Rocha” falaram alguns dos
presentes numa reunião que debateu a situação.
Josep Iborra Plans, é Agente da Comissão Pastoral de Terra e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos
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