Em Machadinho a 10ª Romaria da Terra e das Águas fez o povo de Rondônia se reunir
O povo de Rondônia na 10ª Romaria da Terra e das Águas. Foto Hilton Virgulino |
Vindos em mais de setenta ônibus e centenas de carros de todos os cantos de Rondônia, a 10ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS DE RONDÔNIA fez mais de quatro mil e quatrocentos romeiros e romeiras se reunirem em Machadinho do Oeste.
Para a Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT RO) a 10ª Romaria foi com certeza mais um momento histórico, com a principal missão de replantar em cada coração um jeito de ser Igreja, comprometida com a caminhada do povo pobre.
Os romeiros, muitos deles membros das comunidades de bases, começaram a chegar de madrugada no pátio das Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, onde as comunidades de Machadinho ofereceram café, leite e pão a todos os participantes. Enquanto o povo ia chegando, no interior da Igreja um vídeo lembrava o aniversário dos 30 anos da morte do Padre Ezequiel Ramin e apresentava o pedido de ser oficialmente beatificado pela Igreja. Panfletos foram distribuídos, sobre os problemas com as usinas hidrelétricas, a realidade do Trabalho Escravo e o Tráfico de Pessoas.
Um grupo de jovens do "Assentamento 14 de Agosto" fez uma apresentação sobre o tema da Criação, antes do início da caminhada. Logo uma multidão percorreu a cidade e mais dois quilômetros em estrada de chão, rezando e cantando até a cachoeira do Rio Machadinho, um ambiente abençoado pela natureza que também está ameaçada.
Sob um sol intenso e num ambiente de poeira, cinzas, fumaça das queimadas que perduram na época seca da Amazônia, no percurso da caminhada da Romaria em meio a informações e reflexões, o povo romeiro cantou e rezou, meditando sobre a situação das florestas, das águas e das terras de Rondônia. Pontos de abastecimento de água ajudavam os romeiros a retomar as forças e diversos banners com palavras da Encíclica do Papa Francisco "Louvado sejas", com diversas fotografias da realidade do estado serviam para ambientar a caminhada.
Um grupo de animadores, liderados por José Aparecido, (autor do Hino da Romaria), e com um livro de cantos preparado especialmente para a Romaria, mantinha alto o ânimo, as forças e a espiritualidade dos romeiros.
Até a chegada ao Rio Machadinho, onde duas canoas ocupadas por seringueiros e indígenas, carregando a imagem de Nossa Senhora Aparecida, atravessou o rio e toda a Romaria subiu até à cachoeira. Num ambiente gostoso, embaixo da mata estava o placo e diversas barraquinhas: De pequenos agricultores sem terra e da Via Campesina; uma casinha de palha construída pelos seringueiros das comunidades extrativistas da região; um tapiri dos grupos de indígenas.
A maioria dos indígenas participantes eram do povos araras e gavião, da Terra Indígenas Igarapé Lourdes, que tinham se reunido dois dias antes em seminário para debater a construção da Usina de Tabajara, que pode atingir as terras tradicionais deles e grupo de indígenas isolados na região.
Enquanto os romeiros refaziam as forças, o palco e os microfones estiveram abertos a apresentações culturais, danças dos indígenas, canções espontâneas e também de nosso companheiro de longa jornada, Zé Pinto. Assim como as falas da fila do povo e as manifestações e testemunhos de diversos grupos. Como os seringueiros de Machadinho, que expuseram as dificuldades com os madeireiros, as mortes de companheiros e ameaças que continuam sofrendo. Representantes dos atingidos do Madeira apresentaram seus sofrimentos por culpa das usinas e das alagações dos últimos anos, e membros do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) descreveram a situação das diversas hidrelétricas construídas no país. Também houve falas do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores); e representantes das EFAS (Escolas Família Agrícola do Estado), que cobraram recursos atrasados do Governo de Rondônia, e outros.
A Celebração, rezada com o cenário das matas e o murmúrio das águas da cachoeira no fundo, foi presidida pelo Bispo de Guajará Mirim, Dom Benedito Araújo, atual Administrador Apostólico da Arquidiocese de Porto Velho, e por um Pastor do Sínodo da Amazônia, representante da Igreja de Confissão Luterana no Brasil (ICLB); assim como o Padre Dionísio Kuduavicz, pároco de Machadinho e numerosos padres de Ji Paraná e das outras dioceses de Rondônia.
Dentro de uma sacolinha para o lixo dos carros foi colocado terra e água e sementes abençoadas, entregues como lembranzinha aos participantes, simbolizando o nosso compromisso cristão pela Casa Comum, pelo cuidado com meio ambiente da Amazônia, pela conservação das águas e da terra de todo o Planeta.
Assim culminou a Romaria inspirada ao tema: "Terra, floresta e água dádivas de Deus para viver e conviver" e como lema: "Somos testemunhas (At.3) de um novo céu e uma nova terra (Ap. 21), em resposta aos apelos de maior justiça pelo campo dos Bispos do Brasil e do Papa Francisco para um maior diálogo dos cristãos e todas as pessoas de boa vontade sobre a maneira como estamos construindo o futuro de nosso Planeta com toda a família humana. (Louvado sejas)
Representação dos jovens sobre a Criação. Foto Rosa Branca |
O povo chegando na cachoeira do Rio Machadinho. Foto Hilton Virgulino |
A Romaria fez o povo de Rondônia se reunir. foto Hilton Virgulino |
Testemunhos ouvidos pelo povo. Foto Hilton Virgulino |
Celebração eucarística 10ª Romaria da Terra e das Águas de Rondônia. Foto Hilton Virgulino |
Oi pessoal, parabéns pelo trabalho e que Deus abençoe vocês!
ResponderExcluirOi pessoal, parabéns pelo trabalho e que Deus abençoe vocês!
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