Posseiros dão exemplos de que: "Terra é de quem plantar alimentos"
Tudo aconteceu num
certo dia
Hora da Ave Maria
O Universo viu gerar
No princípio, o verbo se fez fogo
Nem Atlas tinha o Globo
Mas tinha nome o lugar
Era Terra, terra
Era Terra, terra
E fez o criador a Natureza
Fez os campos e florestas
Fez bichos, fez o mar
Fez por fim, então, a rebeldia
Que nos dá a garantia
Que nos leva a lutar
Pela Terra, terra
Pela Terra, terra
Madre Terra, nossa esperança
Onde a vida dá seus frutos
O teu filho vem cantar
Ser e ter o sonho por inteiro
Sou Sem Terra, sou guerreiro
Co'a missão de semear
A Terra, Terra
A Terra, terra.
Mas, apesar de tudo isso
O latifundio é feito um inço
Que precisa acabar
Romper as cercas da ignorância
Que produz a intolerância
Terra é de quem plantar
A Terra, Terra
A
Terra, Terra
Pedimos licença ao grande artista Pedro Munhoz, compositor dessa belíssima canção, para ilustrar a resistência, a persistência, a rebeldia e a coragem das famílias do Seringal Belmont, que, apesar de não terem tido respostas positivas do poder público na garantia de seus direitos ao território, rompendo "todas as cercas", dão exemplo de que terra é de quem plantar, colocando alimento na mesa de boa parte dos portovelhence, na capital do Estado com suas produções da diversidade camponesa.
Viva a luta camponesa! Viva a função social da terra! Viva as famílias do seringal Belmont!
Abaixo, reproduzimos a postagem do blog Terra de Rondônia
No aguardo da regularização fundiária das chácaras, após o retorno ao Seringal Belmont, pequenos agricultores familiares abastecem de alimentos os mercados locais de Porto Velho, em Rondônia, mostrando a função social da terra.
Estas famílias ocupavam em posse mansa e pacífica desde 2014, uma área próxima da cidade, entre o Parque Natural e o Penal de Porto Velho. Em plena pandemia eles foram expulsos, apesar de se tratar duma área de Terras da União, por causa do ataque especulativo duma empresa imobiliária, que apresentou documentos de duvidosa legalidade. Suspensa a ordem de reintegração pela mesma Magistrada que antes os tinham mandado tirar, um ataque de pistoleiros e depois a Polícia Militar impediu o seu retorno. Assim passaram dois anos acampados, passando necessidade, enfrente do INCRA e do Parque Natural.
Após o primeiro ano de ter voltado para a terra, agora as famílias celebram a abundância, fruto do seu trabalho e da bênção da terra, com produção para subsistência e vendas nas feiras da cidade de Porto Velho.
A situação legal porém ainda não está resolvida. Por causa da litigância judicial, se alastra no Judiciário rondoniense e em instâncias nacionais o reconhecimento dos direitos destes pequenos agricultores. Todavia, eles tem que enfrentar situações de violência como as que atingem toda a cidade de Porto Velho.
No último ano uma liderança da área foi assassinada e outras continuam com graves ameaças, sendo acompanhadas pelo Programa Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.
João Teixeira de Souza, o Mineiro, que foi assassinado na noite do dia 07 de outubro de 2024. Há suspeitas de policiais civis envolvidos no crime, porém até agora não há conhecimento de autores ou mandantes identificados nem presos. Como habitual em Rondônia nos conflitos agrários do campo, o crime segue em total impunidade.
Enfrentando estas situações, em videos (ver abaixo) os pequenos agricultores não deixam de mostrar grande produção de melancia cultivada na área e também criação de galinha caipira. Na posse da terra, aqueles que receberam muita solidariedade dos movimentos sociais, gestores de boa vontade e população da cidade, agora estão ajudando outras famílias que passam pelas mesmas dificuldades que viveram.
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos suas opiniões e informações.