“Associação Quilombola do Forte Príncipe da Beira”, portfólio conta a história da comunidade quilombola do Vale Guaporé de Rondônia
A Associação Quilombola do Forte - ASQFORTE em parceria com o Programa Nacional dos Comitês de Cultura instituído pelo Ministério da Cultura, lançam o portfólio contando a história da comunidade quilombola do Real Forte Príncipe da Beira, a partir do chão de seu território. O documento traz o histórico da origem da comunidade, sua visão, missão, metas e ações desenvolvidas com centralidade na luta histórica pela demarcação de terras e seu reconhecimento legal no estado de Rondônia.
“Fiquei até emocionada, minha comunidade está recebendo visibilidade e com esse reconhecimento vamos poder resguardar nossa identidade, cultura e tradição, tudo isso graças a cada um irmão e irmã quilombola” relata a presidente da Associação Quilombola do Forte, Nucicleide da Paz Pinheiro.
O documento é mais uma vitória da luta quilombola, que resiste e reivindica que suas realidades estejam frente ao poder público, contribuindo para a conquista de direitos das populações tradicionais. Reconhecida apenas em 2005 pela Fundação Palmares, a comunidade continuou sua luta contra as violações aos direitos humanos e graves ameaças com restrições e impedimentos de suas práticas tradicionais, e hoje mantém viva sua luta voltada à promoção da igualdade racial, com a defesa da preservação de sua cultura, por meio de ações voltadas às mulheres e jovens.
Para Jaderson Gomes, liderança jovem do Forte, o portfólio significa o fortalecimento da luta pela permanência da juventude em seus territórios e a defesa dos saberes passados por gerações. “É muito marcante ver que tá tendo essa visibilidade voltada para nós quilombolas, é de muita importância para nós jovens não deixarmos nossa cultura, essa tradição que vem de gerações”, pontua.
A visibilidade da história da comunidade do Forte fortalece a luta quilombola no estado, na qual hoje das nove comunidades reconhecidas apenas duas são tituladas, sofrendo sérias pressões do modelo desenvolvimentista defendido para a região Amazônica. O quilombo do Forte ainda aguarda pela regularização do território e o título definitivo.
Entre suas metas e ações, se destacam a defesa das práticas de sustentabilidade ambiental, solidariedade e cooperação, justiça social e equidade para a comunidade como visão contra hegemônica ao modelo degradante e violento do capital que impactam as perspectivas de vida das comunidades tradicionais. "Nós do quilombo de Santa Fé ficamos muito felizes em saber que a comunidade quilombola do Forte Príncipe produziu esse documento com apoio do Ministério da Cultura. Como minha mãe Mafalda, matriarca da minha comunidade, sempre fala, a luta do negro não é uma luta egoísta, lutamos pelo bem de todos, por isso, lutamos para sermos cada vez mais reconhecidos. Sabemos que tem muitas dificuldades, muito preconceito, falam que nós quilombolas, temos muitos direitos, mas isso está no papel, na prática, as políticas públicas não chegam. Mesmo não sendo fácil, não desistiremos na luta pelo reconhecimento", comenta Dalva, liderança do quilombo de Santa Fé.
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos suas opiniões e informações.