PASTORAIS SOCIAIS, CEBs E CÁRITAS REALIZAM ENCONTRO SOBRE O SÍNODO PARA AMAZÔNIA
"É bom que agora seja
vós próprios a autodefinir-vos a nos mostrar a vossa identidade.
Precisamos
escutar-vos" (Papa Francisco em Porto Maldonado).
Imagem: CPT/RO 06/07/2019 |
Pastorais sociais
realizam, em 06 de julho de 2019 uma tarde de diálogos com a Drª Márcia Oliveira, na
Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Porto Velho -RO.
Dom Roque fez memória dos passos dados pelo Sínodo da Amazônia, destacando que foi um pedido dos Bispos da região atendido pelo Papa Francisco e que deve oferecer respostas concretas aos desafios da igreja na Amazônia hoje. Em um de seus relatos relembra um casal que em Porto Maldonado, interpela ao Papa Francisco que os ajude, pois suas vidas estão ameaçadas. No Brasil, as políticas atuais, os caminhos adotados com relação a Amazônia e a questão ambiental, confirmam o panorama de um território ameaçado, e nele também estão ameaçadas as pessoas, em especial as populações tradicionais e originárias que suas defensoras, com histórias de séculos de resistência e convivência com o bioma.
Dom Roque fez memória dos passos dados pelo Sínodo da Amazônia, destacando que foi um pedido dos Bispos da região atendido pelo Papa Francisco e que deve oferecer respostas concretas aos desafios da igreja na Amazônia hoje. Em um de seus relatos relembra um casal que em Porto Maldonado, interpela ao Papa Francisco que os ajude, pois suas vidas estão ameaçadas. No Brasil, as políticas atuais, os caminhos adotados com relação a Amazônia e a questão ambiental, confirmam o panorama de um território ameaçado, e nele também estão ameaçadas as pessoas, em especial as populações tradicionais e originárias que suas defensoras, com histórias de séculos de resistência e convivência com o bioma.
O primeiro momento do Sínodo foi chamado de
escuta sinodal, a partir de uma metodologia participativa para ouvir os povos
da Amazônia na sua diversidade. Esse processo aconteceu em todos os países
Pan-Amazônicos, segundo a professora Marcia Oliveira, foram: 16 fóruns temáticos no total. Em números oficiais, no Brasil
foram 24 assembleias, 7 fóruns e 151 rodas de conversa. As comunidades
eclesiais de base -CEBs foram importantes para a realização das rodas de
conversas. A vida religiosa, com destaque para as mulheres, também deram uma
grande contribuição.
O dossiê composto dos materiais recolhidos a
partir das escutas compõe mais de 250 informes. O Instrumentum Laboris é uma
devolutiva das escutas realizadas pelo Sínodo e que precisam ser discutidos,
vindo do latim, quer dizer instrumento de trabalho.
Entre os pontos de destaques, está a participação de mais de 90% dos Bispos nas escutas. Nas bases a participação das mulheres foi
intensa, porém essa participação vai diminuindo nas atividades desenvolvidas nas instâncias de
poder da igreja.
A participação da
juventude também foi significativamente, assim como dos leigos e leigas.
Cinco pessoas dessas
bases foram convocadas para contribuir no Sínodo, dentre eles a Professora
Márcia, e o primeiro indígena. É a
primeira vez que uma mulher e leiga participa desse processo de construção do
Sínodo, no momento em que a igreja, através do Sínodo quer discutir e reconhecer a importância do trabalho das mulheres na manutenção das comunidades de base.
A diversidade de movimentos e organizações que
participaram e formularam informes, vinculados ou não a igreja representam um
número de 48 coletivos. As etnias indígenas
escutadas representam 44% das etnias presentes na Amazônia.
Os clamores da Amazônia
circundam e se confundem com uma história da igreja na Amazônia, onde muitos missionário deram a
vida lutando ao lado dos povos. Temos muitas belezas, mas também muitos conflitos
e violência. Como resultado das escutas, a professora Márcia explica que há um clamor, quase universal, para que a igreja esteja mais
presente nas lutas dos povos da Amazônia. "Estamos numa região onde mais se mata
lideranças e militantes em conflitos socioambientais. Infelizmente a Amazônia está no ranking nacional da violência contra as mulheres, e os dois estados com maior ocorrência são Roraima seguido de Rondônia com maiores taxas de feminicídio e outras violências contras as mulheres. Além disso, são elas, as mulheres, as maiores vitimas em conflitos socioambientais, tanto assassinadas, como aquelas que são sequestradas, torturadas e ameaçadas" (Marcia Oliveira).
São Clamores por justiça, direitos, paz, educação, saúde, segurança e todas as dimensões
que perpassam a condição humana intermediada pela natureza ameaçada nesta grande
Amazônia. Apareceram também, as
questões da dimensão e das distâncias nas regiões, onde tem comunidades que
recebem as visitas e sacramentos com grande lapso temporal. Essa compreensão é difícil para
outras instâncias da igreja que desconhecem a dinâmica imposta pelas grandes
distâncias. Isso retoma com força no documento.
Ao final do Sínodo será
gerado um documento chamado Exortação Apostólica, que terá orientações para a
Caminhada da Igreja na Amazônia, que deve refletir em toda a igreja e por isso
tem causado tensões, e até mesmo, pessoas se utilizando de equívocos, como dizer que o
Sínodo quer a ordenação de mulheres e outras. Assim conhecer o documento é
importante para não cair nesses discurso de desinformação.
Ser uma igreja profética
na Amazônia impõe desafios para a denúncia e o anúncio, e perpassa o conhecer,
conviver, mergulhar nesse chão.
A primeira parte busca ouvir as vozes da Amazônia a luz da fé; a segunda parte busca a resposta aos clamores dos povos e do território por uma ecologia integral; a terceira parte nos provoca a ação. Assim o documento nos propõe: 1. Conversão Pastoral; 2. Conversão ecológica; 3. Conversão a sinodalidade Eclesial.
O modo de vida e relação com a Amazônia nos provoca a repensar o modelo de sociedade que queremos. A floresta é a casa comum, e nós temos invertido a lógica da vida dessa região. Os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e camponeses são os responsáveis pelas áreas ainda protegidas, e assim como o território, a floresta, são suas vidas colocadas sob ameaça.
A primeira parte busca ouvir as vozes da Amazônia a luz da fé; a segunda parte busca a resposta aos clamores dos povos e do território por uma ecologia integral; a terceira parte nos provoca a ação. Assim o documento nos propõe: 1. Conversão Pastoral; 2. Conversão ecológica; 3. Conversão a sinodalidade Eclesial.
O modo de vida e relação com a Amazônia nos provoca a repensar o modelo de sociedade que queremos. A floresta é a casa comum, e nós temos invertido a lógica da vida dessa região. Os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e camponeses são os responsáveis pelas áreas ainda protegidas, e assim como o território, a floresta, são suas vidas colocadas sob ameaça.
Estão em contradição dois modelos de desenvolvimento
para a região, um que destrói (com seus venenos e monocultivos) e outro que
respeita as possibilidades e limites da região.
Nessa conjuntura, o Instrumentum Laboris é
um documento Mártir, no sentido que precisa cair no nosso chão, ser semeado,
para produzir frutos, fundamentado em João 12:24. A partir dele é preciso fazer
as discussões para preparar novas contribuições para a elaboração do documento
final. São vários os desafios colocados, inclusive de continuidade do
processo de escuta e diálogo, mesmo após o Sínodo.
Os debates e estudos sobre o Sínodo para Amazônia seguem com a presença da Drª Marcia trabalhando nos dias 08 e 09 com os cursistas da III Etapa do Curso Regional de Formação de Agentes da CPT’s da Amazônia –
“Educação e Diversidades Camponesa”. Com Dom Roque e representantes da CPTs da Amazônia e do CIMI, acontece neste dia 10, quarta-feira, uma mesa de debates.
Imagem: CPT/RO 06/07/2019 |
Que o Sínodo nos provoque e pela metodologia da escuta possamos nos colocar a caminho de uma verdadeira conversão pastoral, ecológica e sinodal.
NOTÍCIA: CPT/RO
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