Em Rondônia:pistoleiros, policiais militares e pecuaristas são condenados por morte de sem terra
CONDENADOS PISTOLEIROS, POLICIAIS MILITARES E PECUARISTA PELA MORTE DE UM SEM TERRA E TENTATIVA DE ASSASSINATO DE TRÊS OCORRIDOS NA FAZENDA TUCUMÃ, MUNICÍPIO DE CUJUBIM.
O
Tribunal do Júri da Comarca de Ariquemes, em Rondônia, que estava programado
para o dia 15 de Agosto de 2017, foi adiado para o dia 23 de outubro após a
desistência de última hora do advogado da defesa de um dos acusados. A Sessão
do Júri iniciou no dia 23 de outubro de 2017 sob presidência do Juiz Alex
Balmant, e acusação dos Promotores de Justiça Anderson Batista e Otávio Júnior,
além da participação do Assistente de Acusação Dr. Fábio Dib, do escritório do
renomado criminalista Nilo Batista.
O
julgamento encerrou sexta-feira 27 de outubro às 21 horas, após cinco dias de
trabalho. O julgamento dos acusados das mortes de dois sem terras (Ruan e
Alysson) e do intento de assassinato de outros três na Fazenda Tucumá, na Linha
114, no dia 31 de janeiro de 2016, em Cujubim, findou com a condenação em 30
anos de Rivaldo de Souza (executor), 30 anos a Moisés Ferreira de
Souza (executor), 28 anos e perda de farda ao cabo da Policia Militar Jonas
Augusto dos Santos (executor). Quanto aos mandantes, o pecuarista Sérgio
Sussuma Suganuma foi condenado a 08 anos e 04 meses de prisão acusado de intermediar
a contratação dos executores.
Já
o grileiro da Fazenda Tucumã, o fazendeiro e proprietário do conhecido
Escritório de Contabilidade Lex, do Município de Ji-Paraná, Paulo Iwakami, foi
absolvido. Surpreendeu a absolvição de Paulo Iwakami que, em seu depoimento em
plenário, reconheceu ter contratado três equipes de segurança privada que
agiram na fazenda. Um deles, comandado pelo cabo
Jonas Augusto, estava formada por 17 policiais militares de Cujubim e Ariquemes
que recebiam diárias pelo trabalho clandestino. Outra equipe ilegal e
clandestina estava formada por outras três pessoas e foi contratada poucos dias
antes da reintegração de posse. A terceira equipe, formada por Rivaldo e Moisés,
Paulo reconheceu ter contratado por R$ 105.000,00 (cento e cinco mil reais) através
de Sérgio Suganuma, que conhecia e também utilizava os serviços dos pistoleiros.
A própria filha de Paulo, Paula Iwakami, em declarações também no plenário do
Júri, reconheceu que a família tinha conhecimento de que se tratava da
contratação de uma “equipe da pesada”, segundo suas próprias palavras. Ela também
declarou ao MP que o Comandante da Polícia Militar de Rondônia, Coronel Enedy,
tinha recomendado ao pai a contratação de uma equipe privada de segurança para
a fazenda.
As
penas proferidas correspondem ao homicídio de Alysson Henrique Lopes, de 21
anos, o corpo que foi encontrado carbonizado dentro do carro do pai dele e
reconhecido través de exame de DNA, e aos intentos de homicídio contra três
sobreviventes da caçada humana que sofreu o grupo de cinco sem-terras no dia
dos fatos. O grupo tinha regressado apenas para buscar seus pertences no
acampamento após uma reintegração de posse.
Outra surpresa e indignação, foi a decisão do
Júri de não reconhecer a morte de Ruan Hildelbrand Aguiar, de 18 anos. Ele é um dos
cinco emboscados que nuca mais reapareceu, pois o corpo dele nunca foi achado.
O Ministério Público já declarou que vai recorrer desta decisão.
CPT-RO
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