Carta Pública do Seminário: Justiça Sócio Ambiental na Amazônia, a Construção do Bem Viver, no Campo e na Cidade




 Política e Economia à Serviço da Vida

 “A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana...” Laudato Si,189.

À luz destas palavras do Papa Francisco, nós, os representantes das 3 dioceses do estado de Rondônia: Arquidiocese de Porto Velho, Diocese de Guajará-Mirim, Diocese de Ji-Paraná, Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), Organizações da Sociedade Civil e Movimentos Sociais, reunidos no Centro Diocesano de Formação, durante os dias 28 a 30 de julho de 2017, refletimos o tema: Justiça Sócio Ambiental na Amazônia: a Construção do Bem Viver, no Campo e na Cidade. “A criação geme e sofre dores de parto.” (Rm 8,22)

Ouvindo os clamores dos povos da floresta, do campo, das águas e da cidade, constatamos a progressiva, autoritária e violenta perda dos direitos conquistados através de muitas lutas ao longo da nossa história, onde o poder econômico se tornou o parâmetro de todos os poderes constituídos, uma espécie de “deus mercadológico” que transforma tudo em mercadoria e destrói tudo aquilo que não comungue com seus interesses capitalistas excludentes, sejam a terra, as águas, as florestas, os povos e seus saberes ancestrais.

As conseqüências destas ações se explicitam na:
- violência e assassinato de indígenas, posseiros (as), sem-terra, trabalhadores (as) rurais quilombolas, extrativistas e defensores (as) dos direitos humanos;
- mudanças repentinas das leis que regulam e garantem os direitos dos mais fracos à terra e sua posse, trabalho, educação, saúde, previdência e proteção social, meio ambiente, impostas de cima para baixo, orquestrada com o poder midiático,  sem que haja a menor participação do verdadeiro ator político, o povo soberano;
- desmatamento, poluição, exploração dos recursos naturais, uso abusivo de agrotóxicos, esgotamento do solo, destruição de nascentes;
- a subjugação do poder político ao econômico criminalizando e fragilizando a organização e participação popular democrática.
 Provocados e provocadas pelas palavras do Papa Francisco que nos convida a uma radical conversão ecológica e social em defesa da Mãe Terra, Nossa Casa Comum, dádiva de Deus, somos convocados (as) a agir.  “O tempo para encontrar soluções globais está acabando. Só podemos encontrar soluções adequadas se agirmos juntos e de comum acordo. Portanto existe um claro, definitivo e improrrogável imperativo ético de agir”. (Papa Francisco)

Renovados (as) e motivados (as) pelos exemplos de experiências coletivas de Bem Viver que vem dos e com os (as) pequenos (as) e pobres, voltamos para nossas comunidades e territórios com esperança e na certeza de que, somente através da união, solidariedade, organização construiremos novas relações geradoras de Vida Plena.
  Ji-Paraná/RO, 30 de Julho de 2017

Instituto Pe Ezequiel Ramin-IPER
Diocese de Ji-Paraná
Diocese de Guajará-Mirim
Arquidiocese de Porto Velho
Missionários Combonianos
Serviço Pastoral dos Migrantes- SPM
Centro de Estudos Bíblicos- CEBI
Comissão Pastoral da Terra- CPT/RO
Conselho Indigenista Missionária - CIMI
Pastoral da Saúde
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
Movimento dos Atingidos por Barragem – MAB
Coletivo Luzinei Barreto
Movimento dos povos indígenas de Rondônia
Grupo de agroecologia Bem Viver
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA


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