“OS ENCAPUZADOS’
MP denuncia 5 acusados
de participar da chacina de 9 pessoas em Colniza
Por JANÃ PINHEIRO
Segunda, 15 de maio de 2017, 13h34
O Ministério Público do Estado de Mato
Grosso (MPE) denunciou, por homicídio triplamente qualificado (mediante paga,
tortura e emboscada), cinco acusados de participar da chacina que resultou na
morte de nove pessoas, no dia 19 de abril deste ano, na Linha 15, na localidade
de Taquaruçu do Norte, no município de Colniza (1.114 km de Cuiabá). Foram
denunciados Valdelir João de Souza (conhecido como “Polaco Marceneiro” e
apontado como o mandante), Pedro Ramos Nogueira (vulgo “Doca”), Paulo Neves
Nogueira, Ronaldo Dalmoneck (o “Sula”) e Moisés Ferreira de Souza (conhecido
como “Sargento Moisés” ou “Moisés da COE”).
Conforme a denúncia, os cinco integram um grupo de extermínio denominado “os
encapuzados”, conhecidos na região como “guachebas”, ou matadores de aluguel,
contratados com a finalidade de praticar ameaças e homicídios. No dia da
chacina, Pedro, Paulo, Ronaldo e Moisés, a mando de Valdelir, foram até a Linha
15, munidos de armas de fogo e arma branca, onde executaram Francisco Chaves da
Silva, Edson Alves Antunes, Izaul Brito dos Santos, Alto Aparecido Carlini,
Sebastião Ferreira de Souza, Fábio Rodrigues dos Santos, Samuel Antonio da
Cunha, Ezequias Satos de Oliveira e Valmir Rangel do Nascimento.
O grupo de extermínio percorreu aproximadamente 9 km – praticamente toda a
extensão da Linha 15 - onde foram matando, com requintes de crueldade, todos os
que encontraram pelo caminho. “Os denunciados executaram as vítimas, em
desígnios autônomos, de forma repentina e mediante surpresa, utilizando-se de
crueldade, inclusive tortura, dificultando, de qualquer forma, a defesa dos
ofendidos”, diz a denúncia.
A crueldade empregada pelo grupo de extermínio pode ser constatada em cada
vítima assassinada. Os corpos de Francisco e Edson foram encontrados com
ferimentos provocados por arma de fogo, já a vítima Valmir tinha
vários cortes causados por golpes de arma branca. Ele foi encontrado
degolado e com as mãos amarradas para trás. Os três estavam no lado direito da
Linha 15. Cerca de 6 km à frente, em um verdadeiro rastro de morte, foi
encontrado o corpo de Izaul, ao lado de sua casa. Ele também foi degolado e
estava com as mãos amarradas para trás. Aldo foi morto por disparo de arma de
fogo e Ezequias com golpes de faca no pescoço. Os dois estavam no km 2 da Linha
15.
Sebastião foi encontrado dentro de casa. Ele foi executado com golpes de facão.
Os dois últimos corpos foram localizados nas proximidades de um córrego. Fábio
e Samuel apresentavam ferimentos provocados por arma de fogo.
De acordo com a denúncia, o vigia de “Polaco”, conhecido como “Doca”, já havia
avisado que haveria um atentado na Linha 15, alegando que quem atacaria seria
“os encapuzados. “No dia, horário e local dos fatos foram vistos por
testemunhas, sendo identificados os denunciados”.
A motivação dos crimes seria a extração de recursos naturais da área. Com a
morte das vítimas, a intenção do mandante era “assustar” os moradores e
expulsá-los das terras, para futuramente ocupá-las. “Apurou-se que
“Polaco” é intermediado por “Doca” na passagem das madeiras extraídas de
maneira ilegal das grilagens de terras feitas por bando armado atuante na
região”, diz a denúncia.
O Ministério Público manifestou-se a manutenção da prisão preventiva dos
denunciados “que se encontram custodiados por subsistirem os fundamentos que
ensejam a constrição da liberdade”. O promotor de Justiça substituto, Willian
Oguido Ogama, pediu, ainda, a prisão preventiva do mandante da chacina,
Valdelir João de Souza, “uma vez que possui mandado de prisão temporária ainda
não cumprido, tendo havido informações de que seu advogado já possui
conhecimento dos fatos, havendo notícias de que pretendia negociar a sua
entrega”. O MP também pediu a prisão preventiva de Moisés Ferreira de Souza,
que também encontra-se foragido.
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Elvis Marques
Assessoria de Comunicação
Comissão Pastoral da Terra (CPT) –
Secretaria Nacional
Goiânia – Goiás
Campanha Nacional em Defesa do
Cerrado
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