Romaria do Trabalhador Clama pelo Cuidado com a Casa Comum em Porto Velho
foto: Nádia Moura |
Organizada pelas paróquias de Santa
Luzia e São José Operário, a romaria já se tornou tradição na cidade,
envolvendo todas as demais paróquias, segmentos e pastorais. A cada ano se reza e se discute tema
relacionado ao tema da Campanha da Fraternidade. Este ano com o tema: Acolher a Justiça e a misericórdia de Deus
no coração e na Casa Comum, a Romaria quis despertar no
coração de todos os cristãos e no coração da sociedade de modo geral, um
espírito de justiça e de misericórdia, fazendo da nossa Casa Comum um lugar onde jorra leite e mel para todos os povos.
Foram centenas de romeiros e romeiras,
que estiveram presentes na caminhada, bem como da pessoa do Arcebispo Dom Roque
Paloschi e de vários presbíteros, religiosos e religiosas da Arquidiocese.
Durante a caminhada o tema da romaria
foi sendo refletido dentro do método VER,
JULGAR E AGIR.
foto: Nádia Moura |
Após a caminhada, com cantos e muita
animação, os romeiros foram sendo acolhidos na Paróquia de São José Operário,
onde houve a solene Celebração da Santa Missa, presidida por Dom Roque. Padre
Jaime, pároco anfitrião, deu as boas vindas a todos e todas, passando a palavra
a Dom Roque para que desce continuidade da celebração.
Em sua homilia, o arcebispo falou da
necessidade de mudança de consciência e comportamento diante do cuidado com a
Casa Comum e falou do gesto concreto realizado durante a campanha da
fraternidade deste ano, que foi um mutirão de coleta de lixo em alguns bairros
da cidade. Parabenizou a equipe que
durante a caminhada vinha catando o lixo nas ruas. Relembrou ainda do número
elevado de trabalhadores desempregados e dos diversos momentos de luta dos
trabalhadores por melhores condições de trabalho.
Veja na íntegra a reflexão da caminhada.
foto: Nádia Moura |
Rezamos com nossa memória: As marcantes histórias de luta dos
trabalhadores lembradas a cada primeiro de maio mexem com os outros 364 dias do
ano. Muito mais do que um feriado, essa data tem por objetivo chamar os
trabalhadores e trabalhadoras para uma profunda reflexão sobre direitos adquiridos, senso de cidadania e
união popular.
Surgiu a partir de uma grande mobilização de
trabalhadores da indústria, de Chicago – Estados Unidos, que foram às ruas em
1º de maio de 1886, reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a
redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias, culminando
numa grande greve geral dos trabalhadores e num confronto com a polícia
resultando em muitas mortes e centenas de feridos.
Digamos juntos: O trabalho garante a dignidade e a liberdade do ser humano.
Foram dias marcantes na história da luta dos
trabalhadores por melhores condições de trabalho.
foto: Nádia Moura |
Para homenagear aqueles que morreram nos
conflitos, a Segunda Internacional Socialista,
ocorrida na capital Francesa em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do
Trabalho, que seria comemorado em 1º de maio de cada ano.
Aqui no Brasil, somente em setembro de 1925
que esta data se tornou oficial, com um decreto do presidente Artur Bernardes.
Em 1º de maio de 1940, Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo e em 1941 foi
criada a Justiça do Trabalho, tudo isso graças ao esforço e a luta dos
trabalhadores. Não por acaso, a Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT) no Brasil foi anunciada no dia 1º de maio de 1943.
Digamos juntos: O trabalho garante a dignidade e a liberdade do ser humano.
Canto: Deus também é
trabalhador
Pai Nosso – Ave
Maria- Glória ao Pai
VER:
Digamos juntos: Acolher a Justiça e a misericórdia de Deus no coração e na Casa
Comum.
Nossa Casa
Comum clama por justiça e por misericórdia, o que está acontecendo com a
nossa casa, nos questiona o Papa Francisco no primeiro capítulo de sua
Encíclica – Laudato Si’ – sobre o cuidado da Casa Comum. Poluição e mudanças climáticas, resíduos e cultura do
descarte, que afeta tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se
convertem rapidamente em lixo.
“Vivemos a cultura do descarte. Isso acontece
quando, no centro de um sistema econômico, está o deus dinheiro e não o ser
humano. Sim, no centro de todo sistema social o econômico, tem que estar a
pessoa, imagem de Deus. Quando a pessoa é deslocada entra o deus dinheiro, desta
forma dá-se a inversão de valores.” Afirmou O Papa Francisco.
foto: Nádia Moura |
Ó Deus ajudai-nos a responder os apelos de
nossa Casa Comum que clama por
Justiça e Misericórdia. Amém.
Para explicar essa afirmação, o Papa contou
essa história: “Lembro um ensinamento de cerca do ano 1200. Um Rabino Judeu explicou
aos seus fies a história da torre de babel e, então, contava como, para
construir essa torre de babel, era preciso fazer muito esforço. Era preciso
fazer os tijolos e para fazer os tijolos, era preciso fazer o barro, trazer a
palha e amassar o barro com a palha; cortá-lo em quadrado e secá-lo; depois colocar
o tijolo no forno, só mais tarde construir a torre.
Se um tijolo caía (o tijolo era muito caro, com todo esse trabalho) era quase uma
tragédia nacional. Aquele que deixara cair era castigado ou suspenso, ou não
sei o que faziam. Se um operário caía não acontecia nada. Isso é, quando a
pessoa está a serviço do deus dinheiro.
Ó Deus ajudai-nos a responder os apelos de
nossa Casa Comum que clama por
Justiça e Misericórdia. Amém.
Nossa Casa
Comum clama por justiça e por misericórdia. Infelizmente, a atual organização
sistemática de nossa sociedade faz com que no trabalho haja enraizadas e complexas
formas de injustiça, exploração, opressão, não realização e libertação, de
grande parte do nosso povo.
Número de desempregados no Brasil chega a 9,1 milhões
de pessoas, informa o IBGE, dados em novembro do ano passado, mostram que
houve aumento de 41,5% no total de desocupados em comparação com o mesmo mês do
ano anterior. Em 2016, o relatório da Organização Internacional do trabalho (OIT),
afirma que o Brasil terá 700 mil novos desempregados.
Ó Deus fazei brotar no coração de todos os
cristãos, no coração da sociedade um espírito de justiça e de
misericórdia, fazendo da nossa casa comum um lugar onde jorre leite e mel para
todos os povos de forma igualitária. Amém
Canto:
Pai nosso e Ave Marias...
JULGAR:
Digamos juntos: Acolher a Justiça e a misericórdia de Deus no coração e na Casa
Comum.
Louvamos a Deus porque
na beleza da criação obra de suas mãos, resplandece o sentido do trabalho na
sua criação. Jesus, o carpinteiro (Mc.6,3), dignificou o trabalho e o
trabalhador, constituindo uma dimensão fundamental de nossa existência na
terra.
O trabalho garante a
dignidade e a liberdade do ser humano, e é provavelmente a chave essencial de
toda a questão social.
Todos: Nenhum camponês sem Terra, nenhuma família sem Teto, nenhum trabalhador
sem Direitos.
O desemprego, a injusta
remuneração pelo trabalho e o viver sem querer trabalhar são contrários ao desígnio
de Deus. Dar ao trabalhador, o justo reconhecimento de seus direitos e deveres,
desenvolve a cultura do trabalho e denuncia toda injustiça.
Todos: Nenhum camponês sem Terra,
nenhuma família sem Teto, nenhum trabalhador sem Direitos.
Louvamos a Deus pelos
talentos, estudos e decisão de homens e mulheres para promover iniciativas e
projetos geradores de trabalho, produção e renda, que elevam a condição humana
ao bem estar da sociedade.
A atividade empresarial
é boa e necessária quando respeita a dignidade do trabalhador, o cuidado do
meio ambiente e se orienta para o bem comum. Quando visa buscar somente o
lucro, atenta contra os direitos dos trabalhadores e da justiça.
Ó Pai neste Ano Santo da Misericórdia, ajudai-nos a termos um espírito de justiça e de
misericórdia, estendendo o nosso trabalho em prol da nossa casa comum. Amém.
Lembramos aqui de nossos
irmãos trabalhadores sem Terra que conforme os dados da comissão Pastoral da
Terra, somente em 2015, 20 (vinte) trabalhadores foram ceifados, lembramos
também dos irmãos indígenas que lutam incansavelmente na defesa de seus
territórios, fonte de trabalho e de vida. Tantos trabalhadores que perderam a
vida, tendo que trabalhar em condições análoga a de escravos.
Ó Pai ajudai-nos a
não sermos indiferentes com os nossos irmãos mais injustiçados, desperta em nós
um coração justo, misericordioso e atento aos apelos da nossa casa comum. Amém.
Canto:
Pai Nosso, Ave
Maria...
AGIR
Todos:
Acolher a Justiça e a misericórdia de Deus no coração e na Casa Comum.
A primeira tarefa é pôr
a economia ao serviço dos povos. Os seres humanos e a natureza não devem estar
a serviço do dinheiro. Não a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o
dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta
economia destrói a Mãe Terra. (Papa
Francisco, na carta aos movimentos sociais).
Todos: O nosso planeta é
o único que temos para viver e morar. Esse planeta chamado Terra é a casa comum
de toda a humanidade. É o lugar que Deus fez, com carinho, para nós e para
nossos filhos.
Atualmente quase todas
as nações do mundo estão enfermas, produzem má qualidade de vida para os seres
humanos e os demais seres da natureza. Tudo em razão do chamado progresso. E a
nossa comunidade como cuida deste chão? Da nossa Casa Comum?
Queremos uma mudança nas
nossas vidas, nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima;
Uma mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência
global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da
esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta
globalização da exclusão e da indiferença (Palavras
do Papa Francisco).
Todos: Despertai-nos
Senhor para o amor e dai-nos a graça de viver e promover a unidade na face da
terra. Amém
Canto:
Pai Nosso... Ave Maria...
Conclusão com a oração
do trabalhador
Mulheres: Ó Pai, nós Vos louvamos porque Vos revelastes
como trabalhador, criando, conservando a criação e chamando-nos para
aperfeiçoá-la. Vosso Filho e nosso
irmão, Jesus também trabalhou com suas mãos, sentiu a resistência da matéria, o
cansaço do corpo e o suor do rosto.
Todos: Nós
vos agradecemos pelo trabalho que podemos fazer no campo e na cidade. Por ele
ganhamos o pão para nós e para nossas famílias.
Homens: Dai-nos
compreender que nossos irmãos trabalhadores mais sofridos formam o corpo
crucificado do Senhor Jesus, que grita e quer ressuscitar na fraternidade e na
liberdade. Nunca nos deixeis esquecer que, pelo trabalho, ajudamos a construção
do vosso Reino que já começa aqui na terra e se completará com a vinda gloriosa
do Senhor.
Todos: Tudo
isso vos pedimos ó Pai, que trabalhais desde toda a eternidade, por vosso Filho
e nosso Irmão Trabalhador, na força do Espírito Santo. Amém!
Ajudai-nos a termos um espírito de justiça e
de misericórdia, estendendo o nosso trabalho em prol da casa comum. Amém.
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