Em Rondônia: Participantes do seminário de conflitos agrários divulga carta compromisso
Seminários sobre conflitos e violência agrária realizado nesta terça e quarta feira no Centro Arquidiocesano de Pastoral-CAP, na cidade Porto Velho, após debater e levantar as problemáticas em relação: a questão agraria e a regularização fundiária em Rondônia; a acentuada violência no campo; meio ambiente: agrotóxicos e suas consequências; e territórios indígenas e populações tradicionais, divulga uma carta compromisso direcionada a toda sociedade e autoridades públicas.
Dentre outros compromissos, os trabalhadores se comprometem a continuar o processo de luta pela terra e pela água, buscando unificar as forças para a defesa dos direitos constitucionais.
CARTA DE COMPROMISSO DO SEMINÁRIO DE CONFLITOS AGRÁRIOS DE RONDÔNIA.
Em
Porto Velho, os dias 17, 18 e 19 de maio de 2016, no Seminário sobre Conflitos
Agrários, organizado pelo Regional de Rondônia e a Articulação da Amazônia da
Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos reunimos os representantes de grupos abaixo assinantes, debatendo sobre a situação do campo de nosso estado.
Nós
representantes das categorias dos pequenos agricultores, sem-terra,
seringueiros, extrativistas e populações do campo e da floresta, vimos através
desta, expor nosso repúdio, frente ao descaso total e falta de vontade política,
em que nós, população do campo de Rondônia estamos entregues.
Sabendo
que a concentração fundiária está aumentando cada vez mais em nosso estado, com
9.6 milhões de hectares de terras públicas, muitas na condição de especulação
fundiária, tantas outras sub-utilizadas, nas mãos de grandes latifundiários e
grileiros de terras públicas. Desde o ano de 1985, nunca houve tantos
assassinatos no campo em Rondônia como em 2015, provocada pela concentração
fundiária e o estancamento da Reforma Agrária.
Rondônia
tem mais de 156 conflitos por disputa de terras, a maioria concentrados nas
regiões do Cone do Sul, de Ariquemes e outras. O Vale do Jamari virou o palco
de uma verdadeira guerra, o pior foco de violência no campo de todo o Brasil,
sem a devida apuração da participação das forças de segurança e pistolagem do
lado dos fazendeiros.
Também
sofrem com a violência, mortes e ameaças por parte de saqueadores de madeira e
invasores, todas as comunidades extrativistas, especialmente as de Machadinho e
Jaci Paraná. Outros espertalhões incitam as invasões de terras indígenas, como
a TI. Uru Eu Au Au e a TI Karipuna.
Nos
preocupa ainda a mudança da situação política, com o crescimento das forças que
se opõem as comunidades tradicionais - como as comunidades quilombolas -, ao fortalecimento da agricultura familiar e a
reforma agrária, seja no INCRA, no Terra Legal, no judiciário e outras repartições
públicas. Exigimos que os movimentos sociais de agricultores sejamos ouvidos na
indicação do novo superintendente do INCRA. Bem como repudiamos a nomeação de
pessoas que sempre foram contra os interesses dos pequenos agricultores.
Diante desta conjuntura
adversa, nos comprometemos:
- A unificar os grupos e os
movimentos na luta pela terra, pela água e pela defesa do meio ambiente,
criando redes de comunicação, de resistência, proteção e grupos de trabalho
entre acampados, posseiros, assentados, agricultores familiares e comunidades
tradicionais.
- Apoiar a unificação das
agendas dos movimentos, pastorais sociais, sindicatos, associações e
organizações em defesa dos direitos constitucionais.
- Articular a realização de
seminários regionais e estaduais, e outras mobilizações sobre os conflitos no
campo.
- Fortalecer e agrupar o
povo em nossas bases, seja resolvendo as necessidades imediatas, seja nas lutas
pela ocupação, resistência e produção na terra.
- O nosso compromisso com a
produção agroecológica para o sustento das famílias, sem uso de agrotóxicos, a
favor da saúde, da conservação das águas, do solo e do meio ambiente.
- Fazer ações de informação
e conscientização nas igrejas e cidades vizinhas, pedindo o apoio da população
para as nossas lutas.
- Denunciar as agressões e
ameaças que nos atingem, cobrando o fim da impunidade e o apoio do estado de
direito contra toda violência.
- Neste momento manifestamos
especialmente nossa solidariedade com a resistência das 50 famílias de
posseiros da Associação Braço Forte, da Linha 05 e 06 da Vila da Penha, no
Distrito de Abunã, área de 2.500, hectares próxima ao Assentamento Pau d’ Arco,
que ameaça famílias com posses de até 28 anos na área, de novo correm ameaça de
despejo promovido pela empresa Agropecuária e Mineradora Fartura.
Em
Porto Velho, 18 de maio de 2016.
Assinam
representantes de:
De
Vilhena, Assentamento Águas Claras, AMPAMEL, A. Canarinho. Flor da Serra, Associação
de Pequenos Chacareiros do Setor Aeroporto (APCSA).
De
Chupinguaia, Acampamento Barro Branco, A. de Pequenos Produtores Rurais Igarapé
Água Viva (ASPPIAV).
De
Machadinho do Oeste, Associação dos Seringueiros (ASM).
Acampamento
Egídio Bruneto, de Porto Velho, e Acampamento Hugo Chávez, de Ariquemes, do
MST.
De
Porto Velho, Associação Braço Forte.
De
Guajará Mirim, Associação de Produtores Rurais da Serra do Ouro (ASPLUSO).
De Parecis,
Acampamento Tião Preto.
Do
Flor do Amazonas, do Ramal São Pedro, do Acampamento Fortaleza, do PA
Jequitibá, do município de Candeias do Jamari.
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