Distrito de Abuná exige medidas para os atingidos da UHE Jirau

Segundo informação do Movimento dos Atingidos por Barragens, o próximo dia 15 de dezembro deve acontecer na comunidade uma importante reunião onde será discutido o deslocamento, indenização e reassentamento da comunidade de Abunã. 
Esta comunidade foi fortemente atingida pela cheia do Rio Madeira e provavelmente será este ano novamente.
Na reunião aguardam a participação do IBAMA, MPF, MPE e o secretario de planejamento de Porto Velho.
A Vila de Abunã (Porto Velho) alagada pelo Rio Madeira. foto imagemnews
Em 23 de novembro a comunidade realizou uma assembleia cobrando medidas do consórcio ESBR, responsável pela Usina de Jirau. Na reunião estiveram presentes na mesma moradores da comunidade de Abuná, e das linhas rurais próximas ao núcleo da comunidade, a Secretária de Planejamento de Porto Velho, a Administração do Distrito e representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

O motivo da reunião, segundo a ata realizada na Vila de Abuná enviada a CPT RO, seria: 
"Indicar soluções urgentes e definitivas para os problemas que vem ocorrendo desde o início da construção da Usina Hidrelétrica de Jirau e que se agravaram com a grave enchente de 2014".

A ata continua narrando a situação de desengano da comunidade:
"Quando os estudos de impacto estavam sendo realizados, muitas promessas e compromissos foram estabelecidos, mas não se concretizaram, pelo contrário, apenas prejuízos estão se acumulando, ao invés de benefícios,  produzindo falsas expectativas na nossa comunidade"

Igreja N. Sra Auxiliadora, na Vila de Abuná.
Foto Ivo Fietosa / Gentedeopinião
A usina já causou prejuízos antes da enchente.
A Vila de Abuná é uma comunidade tradicional que data da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, e está situada acima da barragem de Jirau. Segundo os moradores a construção da usina impactou a comunidade desde antes da enchente de 2014: 

"Antes da enchente de 2014 já vínhamos sendo atingidos, assim como os pescadores e garimpeiros que perderam a fonte de sustento de suas famílias e enfraqueceu a economia local. O impacto da obra destruiu as belezas naturais da região, enfraqueceu o turismo e o comércio."
"Mesmo com estes impactos a comunidade não foi atendida pelo Consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR) para negociar em condições justas o que de fato é de interesse dos atingidos e de direito também".

"Não vamos ficar outro ano esperando embaixo das águas"
A comunidade continua relatando os problemas sofridos e afirmam: "Não vamos ficar outro ano esperando em baixo das águas e ilhados, com falta de água e de alimentos. Uma vez que a UHE Jirau no disponibiliza informações técnicas e coerente com os últimos eventos estamos reivindicando um relatório técnico realizado pelo poder público".

"Diante disso a secretária se compromete em trazer dentro de quinze dias a Defesa Civil do município para iniciar e terminar este relatório, que deve demonstrar o quanto a comunidade foi afetada e ainda apresenta riscos crescentes".
Este relatório é fundamental para realização duma audiência pública que convoque além do município dos diretores da UHE Jirau (ESBR), e o órgão licenciador responsável, IBAMA.

Casas destruídas na antiga Mutum Paraná. foto cpt ro
Tratar as famílias segundo cada situação.
O objetivo desta audiência será tratar a pauta das famílias afetadas conforme a manifestação destas, não por imposição, como foi efetuado em outro momento com Mutum Paraná, que foi remanejado de forma que não levou em consideração os modos de vida tradicionais dos agricultores, pescadores e extrativistas.
Temos diferentes situações em Abuná, como a dos comerciantes, a dos funcionários públicos, agricultores e extrativistas. por tanto reivindicamos o respeito a cada categoria, pois para alguns é mais conveniente a indenização e outros necessitam de reassentamento"

"Que a audiência ocorra dentro de prazo de 20 de dezembro deste ano, considerando o caráter de urgência. Também convocamos a participação da EMATER e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual."

Assinaram concordando com esta ata total de 164 pessoas. 

Fonte: MAB

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