Missão: libertar e promover a vida!

Em uma sinagoga de Nazaré, Jesus inaugura seu ministério recordando a profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres” (Lc 4,18). E Jesus continuou: “para pôr em liberdade os cativos”. A Missão do Messias vem do Deus da vida e por isso, traz libertação para quem sofre algum tipo de escravidão.

Entre 2003 e 2014, a CPT identificou, no Brasil, cerca de 250 casos de trabalho escravo anualmente e as equipes de fiscalização do Min. do Trabalho já resgataram mais de 30 mil trabalhadores, principalmen­te no campo. Em 2011 houve libertações em todas as regiões do país, num total de 2.501 pessoas, sendo 613 delas em atividades não agrícolas.

Palavra de Dom Moacyr Grechi – Arcebispo Emérito de Porto Velho

Matéria 440 - Edição de Domingo – 05/10/2014
Missão: libertar e promover a vida!


Iniciamos o mês de outubro com momentos decisivos para a vida eclesial e a vida política do Brasil.
Hoje os eleitores, pensando no bem da sociedade, através do voto livre e soberano e de forma consciente, fazem escolhas capazes de gerar novos rumos no mundo da política brasileira. Todo cidadão tem direito a ser governado e representado por agentes políticos éticos e íntegros. Este é o momento certo que o processo democrático nos oferece para garantir à sociedade o seu direito de exercer democraticamente o poder político, melhorando a representação. Agora é hora privilegiada de contribuir para qualificar a gestão pública e o serviço à política. Trata-se de um grave desafio que exige de cada eleitor responsabilidade e capacidade de assumir seu lugar próprio no enfrentamento deste desafio.
Começa hoje a 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família (5-19/10), no Vaticano, convocado pelo Papa Francisco, que propõe uma Igreja acolhedora, que não exclua ninguém de participar da comunidade. O tema é “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”. Por mais complexas que sejam as situações, vividas hoje pelas famílias, sempre é possível encontrar um terreno comum, entre Igreja e Sociedade, entre Pastoral da família e situações familiares problemáticas, e assim promover iniciativas válidas de enfrentamento das dificuldades.
Dentre os 14 casais convidados pelo papa para participarem do Sínodo da Família está um casal brasileiro, Hermelinda e Arturo Zamperlini, responsável pelo movimento Equipes de Nossa Senhora. Ambos darão testemunho sobre o tema “A abertura dos cônjuges à vida”. Para o casal “a família é o berço de tudo. Como regra geral, cultivar a boa família, onde se vive relações honestas e maduras, fortalece muito o ser humano”.
De 1 a 8 de outubro celebramos a Semana Nacional da Vida, que culmina com o Dia do Nascituro (dia 8). Trata-se de uma mobilização em todo o país, com intensa programação nas dioceses, paróquias e comunidades. A data é fixa no calendário da CNBB e propõe à sociedade o debate sobre os cuidados, proteção e a dignidade da vida humana, em todas as suas fases, desde a concepção até seu fim natural.
O Dia do Nascituro é dedicado ao novo ser humano, à criança que ainda vive dentro da barriga da mãe. A data celebra o direito à proteção da vida e saúde, à alimentação, ao respeito e a um nascimento sadio. O objetivo é suscitar nas consciências, nas famílias e na sociedade o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos.
Através do subsídio “Hora da Vida”, refletimos o tema “Vida e Missão: lançar as redes em águas mais profundas”, em sintonia com a CF 2014 sobre o Tráfico Humano. Somos chamados a cuidar e preservar a vida como dom maior: acolher e respeitar a vida, para superar a visão da cultura dominante que tende a banaliza-la e a considera-la de maneira superficial.
A liturgia de hoje nos apresenta, por um lado, o cuidado e a proteção de Deus; por outro, a ingratidão e a infidelidade do povo. O profeta Isaías fala de uma vinha bem cuidada que não frutificou (Is 5,1-7). No Evangelho, Jesus utiliza a imagem do povo de Israel como uma vinha para explicitar o mistério do Reino de Deus e nos propõe acolher a ternura de Deus para conosco, a fim de que sejamos vinhas que produzam bons frutos e vinhateiros responsáveis por tais frutos (Mt 21,33-43). Paulo recomenda a oração, a fim de que vivamos em paz e que nos ocupemos com o que é verdadeiro para produzirmos bons frutos(Fl 4,6-9).
Com a festa litúrgica de Santa Teresa do Menino Jesus (01/10), proclamada padroeira das missões, iniciamos o mês missionário de outubro. O mês culminará com a celebração do Dia Mundial das Missões (19/10), domingo em que o Papa Francisco presidirá a cerimônia de beatificação de Paulo VI, o Pontífice que nos seus mais de 15 anos no trono de Pedro, deu um forte impulso à consciência missionária de todos os membros da Igreja através de seus ensinamentos e viagens internacionais. Nesse dia, o encerramento do Sínodo da Família.
Este é um período em que intensificamos as iniciativas de formação, animação e cooperação em prol da Missão universal. O objetivo é despertar a solidariedade e as vocações missionárias, bem como, no Dia Mundial das Missões, realizar uma Coleta para o sustento das atividades de promoção humana e de evangelização em todos os continentes. Este ano a Coleta será realizada nos dias 18 e 19 de outubro.
É bom lembrar que a missão faz parte da natureza e identidade da Igreja e por isso é permanente. Deve acontecer todos os dias do ano e não apenas no mês de outubro. Todos os anos a Campanha se concentra em uma realidade de evangelização, motivando para ações concretas na perspectiva universal. Na Quaresma, a Igreja já se questionou, por meio da CF sobre a realidade do tráfico humano.
A Campanha Missionaria retoma essa reflexão ao propor o tema “Missão para libertar” e o lema: “Enviou-me para anunciar a libertação” (Lc 4,18). As vítimas desse crime representam a escravidão moderna. Por isso, a temática surge hoje como um grande desafio para a Missão.
Em uma sinagoga de Nazaré, Jesus inaugura seu ministério recordando a profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres” (Lc 4,18). E Jesus continuou: “para pôr em liberdade os cativos”. A Missão do Messias vem do Deus da vida e por isso, traz libertação para quem sofre algum tipo de escravidão.
Hoje, Jesus nos desafia a assumirmos essa mesma Missão: libertar, defender e promover a vida. Missão que continua urgente e sem fronteiras. Diante dos fatos, a Campanha Missionária quer chamar a atenção para a escravidão do tráfico humano em suas diversas expressões: a exploração do trabalho; exploração sexual; a extração de órgãos; e tráfico de crianças e adolescentes para adoção.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, as vítimas do tráfico humano somam 21 milhões, muitas de­las no trabalho forçado (14,2 milhões), e na exploração sexual (4,5 milhões), além de tráfico de órgãos e adoção ilegal. Os países mais afetados são: Índia, China, Paquistão, Nigéria, Etiópia. O Brasil é um dos países de origem, de trânsito e destino dessa prática criminosa, sendo responsável por 15% das pessoas exportadas da América Latina para a Europa.
Entre 2003 e 2014, a CPT identificou, no Brasil, cerca de 250 casos de trabalho escravo anualmente e as equipes de fiscalização do Min. do Trabalho já resgataram mais de 30 mil trabalhadores, principalmen­te no campo. Em 2011 houve libertações em todas as regiões do país, num total de 2.501 pessoas, sendo 613 delas em atividades não agrícolas. O Mato Grosso do Sul possui a 2ª maior população indígena do Brasil. Segundo o IBGE (2010), essa população é de 77.025 (povos Guarani Kaiowá, Terena, Kinikinau, Guató, Kadiwéu e Atikum). O povo Guarani Kaiowá vive uma situação de violência: são 45 mil pessoas vivendo em acampamentos ou em pequenas reservas. Esse povo sofre um processo de dizimação com alto índice de assassinatos, ameaças, suicídios e discriminação.
O tráfico de pessoas é a 3ª atividade criminosa mais ren­tável do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e drogas, movimentan­do aproximadamente 32 bilhões de dólares por ano. As principais vítimas são migrantes, mulheres, crianças e adolescentes, procedentes de regiões marcadas pela pobreza, instabilidade política e desigualdade econômica. Os aliciadores integram uma rede com­plexa e articulada que envolve inúmeras pessoas e instituições.
“A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros; faz-nos viver como se fôssemos bolhas de sabão: são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença pelo outro. Mais ainda: leva à globalização da indiferença” (Papa Francisco).
Em sua Mensagem para o Dia Missionário (19/10) o Papa destaca que a Igreja é, por sua natureza, missionária e que nasceu “em saída”. Somos chamados a alimentar a alegria da evangelização, o amor capaz de iluminar a nossa vocação e missão e a perseverar na alegria. “O discípulo do Senhor persevera na alegria, quando está com Cristo, quando faz a sua vontade, quando partilha a fé, a esperança e a caridade evangélica”

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