Partida física de nosso guerreiro
Dom Benedito e Dom Thomás XIV assembleia CPT RO |
Testemunho, ensinamento, entusiasmo, coragem, resistência, persistência e sobretudo, fidelidade ao evangelho. São tantos os atributos que Dom Thomás deixa a todos nós, temos certeza que continuará vivo em nosso meio nos encorajando para continuar a luta em defesa dos mais pobres na vivência do Evangelho daquele que nos deu o exemplo maior, Jesus Cristo, motivador de nossa fé e de nossa missão.
Nosso Regional teve a honra e a alegria de ter a presença e o conhecimento de Dom Thomás Balduíno em ocasião de nossa XIV assembleia em julho de 2013, juntamente com Dom Antônio Possamai e Dom Benedito Araujo. http://cptrondonia.blogspot.com.br/2013/07/comissao-pastoral-da-terra-de-rondonia.html
Comungamos das palavras do conjunto da CPT, que diz que é com grande tristeza que comunicamos e que recebemos a notícia do falecimento de Dom Thomás. Palavras não consegue expressar o nosso sentimento para com essa pessoa tão querida por todos nós.
abaixo a nota da CPT Nacional:
É com grande tristeza que CPT comunica o
falecimento de Dom Tomás Balduino, bispo emérito da cidade de Goiás (GO) e
fundados da Comissão Pastoral da Terra. Apesar da tristeza temos a certeza que
Dom Tomás viveu sua vida em plenitude, e em comunhão com a causa dos pobres da
terra. Seu exemplo e luta estarão presentes sempre na caminha daqueles e
daquelas que lutam por um mundo melhor e por justiça social.
“Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou...
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou...
tempo de lutar e tempo de viver em paz”.
(Eclesiastes 3:1-8)
(Eclesiastes 3:1-8)
É com grande pesar e muita tristeza que a Comissão Pastoral da
Terra (CPT) comunica a todos e todas o falecimento de Dom Tomás Balduino.
Fundador da CPT, bispo emérito da cidade de Goiás e frade dominicano, Dom Tomás
lutou por toda sua vida pela defesa dos direitos dos pobres da terra, dos
indígenas, das demais comunidades tradicionais, e por justiça social. Nem mesmo com a saúde
debilitada e internado no hospital ele deixava de se preocupar com a questão da
terra e pedia, em conversas, para saber o que estava acontecendo no mundo.
Aos 91
anos, completados em dezembro passado, Dom Tomás Balduino, o bispo da reforma
agrária e dos indígenas, nos deixa seu exemplo de luta, esperança e crença no
Deus dos pobres. Ficamos, hoje, todos e todas um pouco órfãos, mas seguimos na
certeza de quem Dom Tomás está e estará presente sempre, nos pés que marcham
por esse país e nas bandeiras que tremulam por esse mundo em busca de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Dom Tomás faleceu em decorrência de uma trombo embolia pulmonar,
às 23h30 de ontem, 02 de maio de 2014. Ele permaneceu internado entre os dias
14 e 24 de abril último no hospital Anis Rassi, em Goiânia. Teve alta
hospitalar dia 24, e no dia seguinte foi novamente internado, porém desta vez no
Hospital Neurológico, também em Goiânia.
O Corpo será velado na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra,
em Goiânia, até às 10 horas do domingo, dia 4 de maio, momento em que será
concelebrada a Eucaristia, e logo em seguida será transladado para a cidade de
Goiás (GO), onde será velado na Catedral da cidade até às 9 horas da segunda-feira, 5 de maio,
e logo em seguida será sepultado na própria Catedral.
Biografia de Dom Tomás Balduino
Dom
Tomás Balduino nasceu em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922. Ele é
filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de Felicidade de Sousa Ortiz,
paulista. Seu nome de batismo é Paulo, Paulo Balduino de Sousa Décio. Foi o
último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres.
Ao se tornar religioso dominicano recebeu o nome de Frei Tomás, como era
costume.
Até os cinco anos de idade viveu em Posse. Depois a família
migrou para Formosa, onde seu pai se tornou promotor público, depois juiz e se
aposentou como tal.
Fez o Seminário Menor – Escola Apostólica Dominicana – em Juiz
de Fora, MG. Fez os estudos secundários no Colégio Diocesano, dirigido pelos
irmãos maristas, em Uberaba. Cursou filosofia em São Paulo e
Teologia em Saint Maximin, na França, onde também fez mestrado em Teologia.
Em 1950,
lecionou filosofia em Uberaba. Em 1951 foi transferido para Juiz de Fora como
vice-reitor da então Escola Apostólica Dominicana e lecionou filosofia, na
Faculdade de Filosofia da cidade.
Em 1957,
foi nomeado superior da missão dos dominicanos da Prelazia de Conceição do
Araguaia, estado do Pará, onde viveu de perto a realidade indígena e sertaneja.
Na época a Pastoral da Prelazia acompanhava sete grupos indígenas. Para
desenvolver um trabalho mais eficaz junto aos índios, fez mestrado em Antropologia
e Linguística, na UNB, que concluiu em 1965. Estudou e aprendeu a língua dos
índios Xicrin, do grupo Bacajá, e Kayapó.
Para
melhor atender a enorme região da Prelazia que abrangia todo o Vale do Araguaia
paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, fez o curso de piloto de
aviação. Amigos solidários da Itália o presentearam com um teco-teco com o qual
prestou inestimável serviço, sobretudo no apoio e articulação dos povos
indígenas. Também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela Ditadura Militar.
Em 1965, ano em que terminou o Concílio Ecumênico Vaticano II, foi nomeado Prelado de
Conceição do Araguaia. Lá viveu de maneira determinante e combativa os
primeiros conflitos com as grandes empresas agropecuárias que se estabeleciam
na região com os incentivos fiscais da então SUDAM, e que invadiam áreas
indígenas, expulsavam famílias sertanejas, os posseiros, e traziam
trabalhadores braçais de outros Estados, sobretudo do nordeste brasileiro, que
eram submetidos, muitas vezes, a regimes análogos ao trabalho escravo.
Em 1967,
foi nomeado bispo diocesano da Cidade de Goiás. Nesse mesmo ano foi ordenado
bispo e assumiu o pastoreio da Diocese, onde permaneceu durante 31 anos, até
1999 quando, ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia e mudou-se para
Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, a maior parte do tempo, com a
Ditadura Militar (1964-1985).
Dom
Tomás, junto à Diocese de Goiás, procurou adequar a Diocese ao novo espírito do
Concílio Ecumênico Vaticano II e de Medellín (1968). Por isso sua atuação, ao
lado dos pobres, no espírito da opção pelos pobres, marcou profundamente a
Diocese e seu povo. Lavradores se reuniam no Centro de Treinamento onde Dom
Tomás morava, para definir suas formas de organização e suas estratégias de
luta. Esta atuação provocou a ira do governo militar e dos latifundiários que
perseguiram e assassinaram algumas lideranças dos trabalhadores. Em julho de
1976, Dom Tomás foi ao sepultamento do Padre Rodolfo Lunkenbein e do índio
Simão Bororo, assassinados pelos jagunços, na aldeia de Merure, Mato Grosso. Em
sua agenda estava programada uma outra atividade. Soube depois, por um
jornalista, que durante esta atividade programada, estava sendo preparada uma
emboscada para eliminá-lo.
Alguns
movimentos nacionais como o Movimento do Custo de Vida, a Campanha Nacional
pela Reforma Agrária, encontraram apoio e guarida de Dom Tomás e nasceram na
Diocese de Goiás.
Dom
Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista
Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em
1975. Nas duas instituições Dom Tomás sempre teve atuação destacada,
tendo sido presidente do CIMI, de 1980 a 1984 e presidente da CPT de 1999 a
2005. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou Conselheiro Permanente.
Depois
de deixar a Diocese, além de ser presidente da CPT, desenvolveu uma extensa e
longa pauta de conferências e palestras em Seminários, Simpósios e Congressos,
tanto no Brasil quanto no exterior. Por sua atuação firme e corajosa recebeu
diversas condecorações e homenagens Brasil afora. Em 2002, a Assembleia
Legislativa do Estado de Goiás lhe concedeu a medalha do Mérito Legislativo
Pedro Ludovico Teixeira. No mesmo ano recebeu o Título de Cidadão Goianiense,
outorgado pela Câmara Municipal de Goiânia.
Foi
designado, em 2003, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social, CDES, do Governo Federal, cargo que deixou por sentir que pouco ou nada
contribuía para as mudanças almejadas pela nação brasileira. Foi também nomeado
membro do Conselho Nacional de Educação.
No dia 8
de novembro de 2006, Dom Tomás recebeu da Universidade Católica de Goiás (UCG)
o título de Doutor Honoris Causa, devido ao comprometimento de Dom Tomás com a
luta pelo povo pobre de Deus.
No dia
18 de abril de 2008 recebeu em Oklahoma City (EUA), da Oklahoma City National
Memorial Foudation, o prêmio Reflections of Hope. A organização considerou que
as ações de Dom Tomás são exemplos de esperança na solução das causas que levam
a miséria de tantas pessoas em todo o mundo. A premiação Reflections of Hope
foi criada em 2005 para lembrar o 10º aniversário do atentado terrorista de
Oklahoma – quando um caminhão-bomba explodiu em frente a um edifício, matando
168 pessoas – e para homenagear aqueles que representam a esperança em meio à
tragédia e dedicam suas vidas para melhorar a vida do próximo.
De 22 até 29
de março 2009 foi em Roma para participar das palestras em
homenagem de Dom Oscar Romero e dos 29 anos do seu assassinato.
Em 2012
a Universidade Federal de Goiás (UFG) também lhe outorgou o título de Doutor
Honoris Causa. Em dezembro do mesmo ano, durante as comemorações dos seus 90
anos, a CPT homenageou-o dando o seu nome ao Setor de Documentação da
Secretaria Nacional, que passou a se chamar “Centro de Documentação Dom Tomás
Balduino”.
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