A Vida Consagrada em Porto Velho celebra o tríduo Pascal com as comunidades atingidas pelas enchentes no Baixo Madeira!
Por Irmã Gabriella Bottani – Missionária Comboniana, coordenadora da Rede um Grito pela Vida e agente da Comissão Pastoral da Terra-CPT/RO.
Na mesma semana ir. Vera e ir.
Nair (Irmãs do Verbo Encarnado), junto com pe. Jorge (Missionário Comboniano), visitaram
a escola Orlando Freire, que acolhe parte dos desabrigados do distrito de São
Carlos.
Precisa ainda de bastante tempo
para que a situação se normalize.
A celebração da quinta-feira
santa instituição da eucaristia, sacramento da partilha e do serviço, selou
quanto está se vivenciando nos abrigos improvisados do Baixo Madeira, nós vimos
e recebemos em abundância do amor e da partilha de quem abriu com
disponibilidade e carinho suas casas, suas vidas, espaço, terra e seus
pertences para acolher quem precisava e nós missionários.
acampamento provisório |
O sábado foi um dia especial, de
manhã nos reunimos para a preparação da vigília pascal, as crianças foram as
que mais ajudaram, construímos chocalhos com material reciclável e sementes que
recolhemos na mata. Ensaiamos cantos e ritmos para tornar a celebração da
vigília a grande festa da ressurreição de Cristo, e assim foi. O anúncio da
Ressurreição coincidiu com o dia no qual o Rio Madeira permitiu começar a limpeza
das casas, a água desce e tem que se correr antes que a lama resseque. Alguém
decidiu de levar sua casa, improvisada sobre uma balsa, de volta para estar
perto de sua casa alagada.
O
anúncio da Ressurreição de Cristo foi um sopro de verdadeira alegria, de vida e
renovada esperança, para aqueles e aquelas que se encontram em situação de
semi-isolamento. A celebração da Páscoa, a força que nos é dada pela paixão,
morte e ressurreição de Cristo, nos permitiu entrar na dor e no sofrimento
causado pela enchente e a fortalecer as consciências para que este povo
tradicional não desista de lutar para seu direito à vida com dignidade,
denunciando com coragem profética o que vem sofrendo.
“As águas abundantes que descem das montanhas da Bolívia e do
Peru aumentaram consideravelmente os reservatórios das usinas hidrelétricas de
Jirau e Santo Antônio. A construção dessas duas obras no Alto Rio Madeira, além
de sofrer um atraso de mais de um ano, segundo especialistas, apresenta erros
no estudo de impacto ambiental. A inundação das BRs 364 e 425 isolou o Estado
do Acre, a região de Guajará-Mirim e toda a área do Abunã. O difícil
abastecimento de suas populações, com combustíveis e alimentos, mostra a
urgência de novos estudos.” (Carta da CNBB - Regional Noroeste, 29/3/14)
Na
Bacia do Rio Madeira mais de 5 mil famílias foram atingidas, muitas delas estão
desabrigadas e desalojadas, e mais de 100 mil pessoas na região não têm acesso
a água potável. As águas do Rio Madeira e seus afluentes submergiram inúmeras
plantações e animais, isto trouxe muito sofrimento e destruição e consequências
que ameaçam a saúde dos moradores das áreas alagadas.
Alguns dados do
impacto da enchente no Baixo Madeira ano 2014:
O
rio começou transbordar no começo de fevereiro de 2014. O nível máximo da
enchente chegou perto dos 20 metros, no começo do mês de abril. Desde metade de
Abril as águas do Rio abaixam.
Comunidades
atingidas: Distritos de São Carlos, Nazaré, Calma e Demarcação e 34 das 41
comunidades. Cerca de 900 famílias. (fonte MAB – Porto Velho)
Consequências: Casas destruídas
pela água e pelo aterramento com areia, Inundação e destruição das plantações,
aumento dos preços (o preço da lata de farinha duplicou), contaminação da água
(falta de água potável e doenças tais como leptospirose, tipo e cólera), falta
de eletricidade, aumento do desemprego (foram despedidos todos os motoristas de
barco escolar), morte de animais, peixes e aves, suspensão da escola (se
tornaram abrigo); falta de comunicação, maior isolamento da região e
dificuldade na participação no processo de reconstrução e decisões sobre o
futuro da região.
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