Ribeirinhos do Madeira em estado de emergência


Distrito São Carlos foto G1O 
Atualizado dia 25.3.13.
Situado enfrente da foz do Rio Jamari, o avanço do rio Madeira nas terras da comunidade pode ter sido causado pela abertura das comportas da UHE Samuel e da UHE Santo Antônio.

A Defesa Civil decretou estado de emergência no distrito de São Carlos, no Baixo Madeira, em Porto Velho. Uma vistoria foi realizada na sexta-feira (22), quando foram isolados cerca de mil metros da beira do rio. O fenômeno é conhecido como “terras caídas”, erosão fluvial comum na região amazônica que atinge outros distritos.
A informação partiu de Rondonoticias e  G1 RO, segundo a qual foi registrado na sexta-feira nível de 15,49 metros, uma elevação média de 20 centímetros por dia, mas a situação está dentro da normalidade, de acordo com a Defesa Civil. No mesmo período do ano passado, o rio atingiu 15,32 metros. Em 2011, foram registrados 15,62 metros.
Onde ficam os barcos era o local de diversão da comunidade. Existiam bares e um clube, no ano passado a água invadiu e, segundo os moradores, nos últimos três anos a situação piorou. “Aqui onde tá o rio passava uma rua e era cheio de casa. Tá acabando São Carlos”, diz Antônio Dias, comerciante que mora no distrito há 40 anos.
Este ano, 72 famílias que moravam às margens do rio foram retiradas das casas e levadas para outra área do distrito. A preocupação da comunidade é quando o nível do rio baixar, por causa do encharco.
“O local está bastante afetado pelo nível do rio e pelo desbarrancamento, mas o maior perigo é quando o nível baixar, por causa das infiltrações que provocam maiores desbarrancamentos”, explica Paulo Afonso, chefe de operação da Defesa Civil.
O coordenador da Defesa Civil, coronel José Pimentel, diz que estudos estão feitos para saber o motivo dos desbarrancamentos. “Existe algum componente a mais que está contribuindo para que esse fenômeno exacerbe aqui na região de São Carlos”, afirma Pimentel.

Casa ribeirinha do Madeira ameaçada pelo banzeiro
após abertura de comportas das usinas.  foto rondoniagora
Já, segundo rondoniagora, o laudo preliminar da Defesa Civil de Porto Velho indica que “os banzeiros estão muito altos e a vibração aumentou” às margens do Rio Madeira, onde centenas de ribeirinhos convivem com o medo, dia e noite. A informação, embora oficial, não traz a confirmação de que as usinas de Jirau e Santo Antônio possam, futuramente, ser apontadas como culpadas pelo risco de desabamento de casas, tampouco pelos transtornos diversos que seriam provocados por interdições em massa. As comunidades insistem em denunciar que as águas chegam com “muito mais força toda vez que as comportas são abertas”.

“Estamos no aguardo de relatórios conclusivos. Os engenheiros, certamente, dirão o que está acontecendo”, disse, comedido, o coordenador da Defesa Civil no Município, coronel José Pimentel. O Corpo de Bombeiros reafirma que o café Madeira e o Mirante 1, interditados há pouco mais de dois meses, “podem desabar a qualquer instante”.
Já o Mirante 3, interditado preventivamente na última sexta-feira, impõe um risco iminente a dezenas de famílias que habitam a parte baixa da chamada Travessa Beira Rio. O comércio exibe à porta de entrada uma notificação sugerindo a desocupação imediata dos que trabalham e moram ali.

No local há várias casas postas para alugar que não interessam a ninguém há mais de um ano. A Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, situada ao lado, tem paredes rachadas. Há situações em que as águas chegam na escada das residências. “Quem vai me indenizar? Sair daqui com a mão abanando eu não saio”, disse Elivázio da Silva, morador da região há 26 anos.




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