VISITA AOS ALOJAMENTOS DA SG/ENGENHARIA (Só Galpão) E TOSHIBA NO MUNICÍPIO DE ITAPUÃ DO OESTE E CANDEIAS DO JAMARI-DISTRITO DE TRIUNFO.




No dia 03 de novembro Comissão Pastoral da Terra -CPT-RO e Serviço Pastoral dos Migrantes - SPM, estivemos visitando os trabalhadores – Migrantes da construção das linhas de transmissão de energia do complexo hidrelétrico do rio madeira, com o objetivo de conversar e obter informações sobre suas condições: sociais, ambientais e trabalhistas, com os próprios trabalhadores e com a comunidade. E também para difundir a campanha “DE OLHO ABERTO PARA NÃO VIRAR ESCRAVO” – Combate ao trabalho escravo.
OBSERVAÇÃO:
1.      No inicio deste ano recebemos uma solicitação vindo de Santa Fé – Tocantins para visitar e saber de um grupo de trabalhadores que havia saído da região deixando seus familiares preocupados quanto à forma do deslocamento. A informação que tínhamos era somente o nome da empresa Só Galpão e de que vieram para construção do linhão. Tão logo recebemos o pedido nos colocamos a caminho nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro de 2012, visitamos os trabalhadores nos municípios de Itapuã do Oeste, Ariquemes, Jaru, Ji-paraná e Pimenta Bueno. No entanto não encontramos trabalhadores de Tocantins.
2.      Nesta segunda visita aos trabalhadores do “LINHÃO” nos deparamos em todos os alojamentos visitados com trabalhadores de Santa Fé - Tocantins. Não os contatamos na época porque estavam em outra atividade que não era a da construção do Linhão e em uma rota totalmente fora da região visitada.
O início das visitas se deu na cidade de Itapuã nos dois alojamentos da empresa SG Engenharia, contratada da COBELUX, para executar o serviço de desmatamento da faixa de servidão de uma linha de transmissão. Tivemos uma boa recepção, tendo realizado as reuniões nas dependências externas dos alojamentos. As origens dos trabalhadores com quem conversamos eram; outros municípios de Rondônia, Tocantins, Piauí, Pernambuco e Maranhão. 
Os alojamentos consistem em duas casas comuns com adaptações precárias para alojar vinte pessoas cada. Embora a princípio os trabalhadores manifestassem uma satisfação genérica, com a evolução da confiança em nossa equipe, eles relataram algumas condições desconfortantes, além da percepção da equipe, como:
a)      Água potável, não há comprovação da qualidade da água, mas, há suspeita de que a água seja a responsável pelas doenças de pele adquiridas por parte dos trabalhadores;
b)      Condições sanitárias dos alojamentos muito precárias (banheiros, lavatórios, suprimento de água, higiene e limpeza do ambiente;)
c)      Falta de fornecimento de protetor solar para os trabalhadores de campo;
d)      Climatização dos dormitórios insuficiente;
e)      Não percebemos nenhum ambiente adaptado para o laser;
f)       Falta de cópia do acordo ou convenção coletiva de trabalho, e desconhecimento de seu teor.
Encaminhamentos:
1 – realizar no dia 09/12/2012, em um dos alojamentos ou outro ambiente adequado ao evento, um debate mais aprofundado sobre “trabalho escravo” e “direitos trabalhistas”;
2 – levar ao conhecimento dos gerentes da SG Engenharia, as condições levantadas dos alojamentos, naquilo que se comprovar a inconformidade, exigirem a devida correção.
3 – foi comunicado aos representantes da igreja Católica, os motivos da visita e os compromissos agendados com os trabalhadores, bem como foi solicitado daqueles uma integração e apoio e à campanha do combata ao trabalho escravo e defesa da dignidade dos migrantes.
A segunda visita se deu ao distrito de Triunfo, chegando lá no final da tarde, para certificar-nos da existência de inúmeros alojamentos de trabalhadores ligados a outras empresas e, buscarmos um ponto de apoio político para realização do trabalho naquela localidade.
A visita resultou na constatação, por informação local, da existência de aproximadamente duas dezenas de alojamentos, com aproximadamente 900 trabalhadores contratados pela empresa TOSHIBA. 
Foi feito uma breve visita a um alojamento, e as condições equiparam-se às dos demais alojamentos visitados, também, por orientação da missionária Úrsula, foi feito contato com o casal Mário e Anair, integrantes da igreja local, estes assumiram a princípio, a mobilização da comunidade e o inicio do trabalho pastoral.
Ao regressar, à noite, passamos no escritório da SG Engenharia na cidade de Candeias do Jamari, onde encontramos apenas um encarregado de equipe, e na rápida conversa que tivemos, parte das informações foram confirmadas, contudo, ele sugeriu que voltássemos na segunda-feira para falar diretamente com os encarregados da empresa.
Às 16h30minh da segunda-feira, voltamos ao escritório da SG Engenharia e fomos bem recebidos pelos encarregados gerais da empresa, sendo apresentadas as condições levantadas nos alojamentos. Prontamente, os encarregados Paulo e Elias, agradeceram a nossa preocupação e se prontificaram a fazer as correções necessárias, nos convidando a visitar seus novos alojamentos na cidade, justificando-se que já recebera naquelas condições da empresa contratante, e aquelas que as condições foram avalizadas como adequadas pelo sindicato da categoria dos trabalhadores “STICCERO”.
As inclementes condições socioeconômicas daqueles trabalhadores elevam a uma grata sujeição à exploração trabalhista como um fator de menor relevância, comparando à sua realidade. Sabendo desse sentimento, as empresas não se preocupam em cumprir as determinações legais.

    





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